O LEGADO DAS CASAS POPULARES – Os programas de casas populares dos governos do PT provavelmente serão seu maior legado. Mas essa grande realização criativa merece outro olhar para aumentar seus efeitos na cidadania, na educação, no convívio civilizatório, no agregação de valor à vida das pessoas.
1.Na parte física da construção há muitas falhas que pelo tamanho do programa merecem uma maior atenção. A Caixa, grande financiadora das casas deveria patrocinar um Instituto da Casa Popular para pesquisar novas técnicas de construção, estamos aferrados a métodos pouco evolutivos que advém da uma cultura construtiva um tanto defasada.
Há pelo mundo grandes avanços em métodos de construção para baratear o custo e parece que essas técnicas não chegam por aqui, especialmente na linha de pré-fabricação, que barateia o custo e melhora a qualidade.
2.Entregue as casas, os conjuntos precisam ser constituídos em CONDOMÍNIOS com eleição de um sindico e conselheiros, para isso esse Instituto daria cursos de como fazer. O Condomínio é um instrumento de organização dessas comunidades de 50,100 ou até 500 casas, é um processo de cidadania que eleva a consciência dessas comunidades, melhora a convivência, a segurança e a manutenção do conjunto, protegendo a propriedade e consequentemente a financiadora.
3.O modelo de construção de casas populares precisa incorporar ARQUITETURA E VERDE, hoje temos imensos conjuntos de caixotões de concreto sem qualquer desenho que incorpore um elemento de arte e harmonia, ao contrario do que se pensa, arquitetura não aumenta o custo, BARATEIA O CUSTO porque racionaliza o uso de espaços, o Brasil tem tradição arquitetônica de expressão mundial, não tem cabimento construções com esse investimento não conterem um agregado arquitetônico. No passado os institutos de aposentadoria e pensões fizeram muitos conjuntos de moradia, todos de grande elegância e qualidade, alguns com 60 anos de existência estão em perfeito estado e com apartamentos valorizados mas tinham sempre um projeto arquitetônico. O celebre arquiteto Afonso Reidy projetou o magnifico Conjunto Marques de São Vicente na Gávea nos anos 50, um projeto que ganhou prêmios internacionais.
Os enormes conjuntos nos entornos de Jundiaí e Campinas por onde passo com frequência, alguns com 50 prédios, não tem uma única arvore, não tem um pouco de verde, não tem floreiras nas janelas, é só concreto cinzento, frio e agressivo, o que torna os moradores também mal influenciados por esse ambiente hostil do concreto e nada mais.
4.Finalmente, esses conjuntos de casas populares precisam ter algum equipamento e alguns serviços, não podem se entregues só casas e mais nada. É preciso um centro de serviços com lavanderia ou mercearia, um pátio com churrasqueira, uma área para as crianças brincarem. Tudo isso custa muito pouco, casas populares não são só os caixotinhos de concreto, o conceito moradia é mais amplo do que apenas casas.
O Governo precisa estimular cidadãos e não apenas moradores. Alguns conjuntos Cingapura em São Paulo estão muito deteriorados, não tem nenhum desses melhoramentos, desde o inicio. Por que será que o Brasil se contenta com soluções meia boca quando poderia fazer melhor?