SÃO GONÇALO DO AMARANTE RN-MPF diz que dono da Engevix procurou testemunhas da Lava Jato
21/09/2015 10h28 – Atualizado em 21/09/2015 11h49
MPF diz que dono da Engevix procurou testemunhas da Lava Jato
19ª fase da Lava Jato foi deflagrada em 3 estados nesta segunda-feira (21).
PF ainda busca ‘o maior operador internacional’ do esquema de corrupção.
O Ministério Público Federal (MPF) afirmou nesta segunda-feira (21) que José Antunes Sobrinho, um dos donos da Engevix, preso na 19ª fase da Operação Lava Jato, entrou em contato com testemunhas para alterar a verdade. Esta nova etapa é considerada um avanço dos fatos investigados na 15ª, 16ª e 17ª fases.
Segundo o procurador Carlos Fernandes Santos Lima, colaboradores da Lava Jato – investigados que firmaram acordo de delação premiada – afirmaram que Sobrinho entrou em contato com testemunhas de acusação na tentativa de afinar os depoimentos.
Além disso, Sobrinho realizou pagamentos de propina já com a operação em curso. O destinatário do dinheiro seria Othon Luiz Pinheiro, ex-diretor-presidente da Eletronuclear, que está preso em um quartel de Curitiba.
“Ele fez movimentações em janeiro de 2015, inclusive, quando outro diretor da Engevix estava preso. Isso demonstra o quanto eles não têm limites nas suas operaçoes”, disse Carlos Fernandes Santos Lima.
A prisão do executivo está ligada a contratos da Engevix com a Eletronuclear no valor de R$ 140 milhões, entre 2011 e 2013.
“Conseguimos reunir mais provas e mostrar que, nos contratos, a maior parte da propina foi paga por ele [Sobrinho], em contratos de fachada”, disse o delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paula.
Mandado em aberto
A 19ª fase foi deflagrada nesta segunda-feira em Florianópolis, São Paulo e Rio de Janeiro. Ao todo, foram 11 mandados expedidos.
Além do mandado de prisão preventiva contra José Antunes Sobrinho, ainda está em aberto um mandado de prisão temporária contra um lobista, que segundo o MPF, seria o maior operador da área Internacional da Petrobras descoberto pelas investigações.
A Polícia Federal e o Ministério Público Federal, não divulgaram o nome deste suposto operador. Apenas disseram que é uma pessoa conhecida e que deve se entregar ainda nesta segunda-feira. De acordo com o colunista Matheus Leitão, este operador seria João Rezende Henriques, lobista ligado ao PMDB.
2011, quando a Engevix venceu uma licitação
(Foto: Ayrton Vignola/Agência Estado)
Réus
Tanto Sobrinho, quanto Henriques já são réus em ações penais oriundas na Lava Jato que tramitam na primeira instância da Justiça Federal em Curitiba.
Sobrinho responde pelos crimes de corrupção ativa e lavagem de dinheiro na mesma ação que envolve o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, referente a 17ª fase.
Já Henriques responde por corrupção passiva, lavagem de dinheiro na mesma ação em que Jorge Luiz Zelada, ex-diretor da área Internacional da Petrobras. As acusações partiram da 15ª fase da Lava Jato.
O executivo foi preso em Florianópolis e será levado para Curitiba. A previsão é que ele chegue a capital paranaense por volta de 12h desta segunda-feira.
De acordo com o MPF, o Mensalão, o Petrolão e os casos de corrupção descobertos na Eletronuclear têm ligação. Carlos Fernandes Santos Lima disse que os esquemas são conexos e que as autoridades trabalham com a hipótese de que tudo começou na Casa Civil, durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A nova fase
A atual fase foi batizada de “Nessum Dorma”, que, em português, significa “ninguém dorme”.
Os trabalhos desta etapa são considerados avanços de três etapas anteriores – 15ª, 16ª e 17ª, a segundo a PF.
O procurador disse que o nome é um “alerta” para os envolvidos em corrupção, de que as autoridades estão “acordadas” e trabalhando.
Confira os focos das fases relacionadas
A 15ª fase foi batizada de Conexão Mônaco e prendeu ex-diretor da área Internacional daPetrobras Jorge Luiz Zelada.
Ele está detido no Complexo Médico-Penal em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. A fase teve como foco o recebimento de vantagens ilícitas na diretoria da Petrobras.
A 16ª etapa da operação foi chamada de “Radioatividade” e prendeu Othon Luiz Pinheiro da Silva, diretor-presidente licenciado da Eletronuclear, e Flávio David Barra, ex-executivo da Andrade Gutierrez. Othon está detido em um quartel em Curitiba e Flávio Barra também está no Complexo Médico-Penal.
Entre os presos da 17ª fase, batizada de “Pixuleco”, está o ex-ministro José Dirceu. Ele está detido na carceragem da Polícia Federal. Esta etapa se concentrou em pagadores e recebedores de vantagens indevidas oriundas de contratos com o poder público, alcançando beneficiários finais e “laranjas” usados nas transações.
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