A governadora eleita do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), disse que perdeu apoios durante a campanha para o Governo do Estado por não aceitar discutir a distribuição de cargos na administração antes de a eleição terminar. De acordo com a petista, lideranças políticas que a apoiaram não têm garantia de espaço no governo e a formação do secretariado só vai acontecer, segundo ela, “no momento certo”.
“Isso [loteamento de cargos para aliados] não aconteceria [durante a campanha] porque não faz parte da minha cartilha. Tudo tem seu momento, tudo tem sua hora. Não vamos botar a carroça na frente dos bois”, revelou, durante entrevista ao Jornal da Noite, da 95 FM, na última quinta-feira, 1°.
De acordo com Fátima Bezerra, todos os apoios recebidos no primeiro ou no segundo turno foram aceitos de forma “transparente”. “Foi uma decisão que essas lideranças tomaram, por entender que o melhor projeto para o Rio Grande do Norte era o representado por mim. Inclusive, perdi apoio porque [a liderança] veio querer colocar a discussão de cargo, e eu disse que não aceitava. Não discuti isso nem com o meu partido nem com o partido do vice [Antenor Roberto, do PCdoB]”, afirmou.
Durante o segundo turno, Fátima foi criticada pelo adversário – Carlos Eduardo Alves (PDT) – por ter recebido apoios de políticos tradicionais do Estado, supostamente em troca de espaço na gestão. Entre os que decidiram apoiar a petista estão políticos do PSDB (adversário histórico do PT), como o presidente da Assembleia Legislativa, Ezequiel Ferreira, e a deputada estadual Márcia Maia, filha da ex-governadora Wilma de Faria.
Na entrevista à 95 FM, a governadora eleita assinalou que a formação de seu grupo de auxiliares ficará para um segundo momento e que, agora, ela está dedicada ao processo de transição. “Até porque o Rio Grande do Norte tem pressa, a começar pelo calendário de pagamento dos servidores. Vamos arrumar a casa. E vamos precisar de um tempo porque essas coisas não se fazem em um passe de mágica. Temos consciência da situação, mas o Rio Grande do Norte espera de mim é trabalho, determinação, seriedade e espírito público”, emendou.
Perguntada sobre o anúncio dos nomes que vão integrar a comissão de transição, Fátima Bezerra disse que o fará “o mais breve possível”. “O que posso dizer agora é que são nomes de muita respeitabilidade, preparo, competência e muita disponibilidade, porque a comissão não será para inglês ver. É para trabalhar, e muito. Vamos receber os relatórios, secretaria por secretaria. Temos muito trabalho pela frente”, relatou.
A governadora eleita afirmou que, só após ter posse dos documentos que descrevem a real situação do Estado, é que ela poderá anunciar as primeiras medidas de seu governo. Apesar disso, ela antecipou as duas áreas que merecerão especial atenção na fase inicial: finanças e segurança. “Primeiro, é organizar as contas para botar em dia o pagamento. E foco na segurança pública. Temos de nos dedicar a fazer uma gestão eficiente, com planejamento, e uma gestão integrada para que a gente possa alcançar o objetivo, que é reduzir os índices de criminalidade”, concluiu.