Editorial: De olho no vereador
Enquanto o “menos Brasília e mais Brasil” do presidente Bolsonaro não se retira do insípido terreno da retórica, é importante que a atividade parlamentar nos municípios, uma tradição que remonta aos colonizadores portugueses, prepare caminhos alternativos ao atual e cansado modelo municipalista.
Num país onde a atividade das Câmaras, em milhares de cidades, foi banalizada pela ação de microgrupos locais, com interesses difusos e frequentemente divorciada da população, é quase uma preciosidade saber o que um vereador anda fazendo com seu mandato.
Felizmente, aos poucos, Natal começou a mudar essa realidade, num processo que, uma vez iniciado, não terá volta, integrando eleitores e mandatos de maneira tão efetiva que acabará influenciando comportamentos anacrônicos que têm pautado o comportamento político no Brasil.
O Sistema de Apoio ao Processo Legislativo (SAPL), que possibilita acesso amplo a toda a produção legislativa dos vereadores de Natal, é um momento importante desse processo, não há dúvida.
Ao permitir que cidadãos comuns, de seus computadores pessoais ou celulares, acompanhem projetos de leis e outras matérias até a votação definitiva, vereadores colocam nas mãos dessas pessoas o poder de referendar ou discordar de seus mandatos e orientar suas escolhas nas eleições seguintes.
Algo inimaginável até poucos anos atrás, quando a política não passava de articulações de bastidor baseadas em interesses de grupos altamente organizados para se perpetuar no poder local. E, graças aos bons ventos da tecnologia, esse tempo pode estar com os dias contados, desde que a comunidade faça a sua parte e acompanhe o mandato parlamentar.
Pelo sistema da Câmara de Natal, também é possível consultar a composição da legislatura, das 10 comissões temáticas, da Mesa Diretora, matérias e requerimentos pautados para a sessão ordinária do dia, entre outras coisas, tudo pelo site da Casa.
Ótimo para os eleitores, já que informação é poder.