SÃO GONÇALO DO AMARANTE RN-Com previsão para assinar o contrato em dezembro deste ano, os Correios espera colocar em funcionamento o Centro Internacional de Tratamento dos Correios até o final de 2016
Sara Vasconcelos
Repórter
Com previsão para assinar o contrato em dezembro deste ano, os Correios espera colocar em funcionamento o Centro Internacional de Tratamento dos Correios até o final de 2016. O empreendimento representará um incremento de receitas, ampliando as importações , o e-commerce e, indiretamente, beneficiando as exportações potiguares.
Essa é a expectativa do diretor geral dos Correios no RN, José Alberto Brito. A construção em sistema de aluguel de galpões sob medidas à Inframérica, que detém a concessão do aeroporto, foi decisivo na avaliação dos Correios para a escolha de Natal como sede. “É, sem dúvida, uma grande vantagem porque será construída pela Inframérica, em um momento em que a União não poderia fazer tal investimento. E, no final do período de concessão do aeroporto à Inframérica, o prédio será incorporado ao patrimônio da União”, explica. A instalação deverá acrescentar R$ 200 milhões/ ano na arrecadação de impostos sobre importação e até R$ 5 milhões/ano, em ICMS, para os cofres estaduais, considerando apenas a carga do Estado.

Para os correios, estima o diretor, o primeiro ano de operação deverá representar 25% a mais na atual receita e dobrar a capacidade de arrecadação, em cinco anos. Em entrevista à TN, José Alberto Brito fala do impacto do hub dos Correios para o RN, sobre a expansão da rede, problemas de insegurança e déficit de pessoal.
Em que fase está o projeto para a instalação do Centro Internacional dos Correios?
A questão técnica operacional, análise e estudos de viabilidade econômica, logística e postal foi concluída e a empresa decidiu pelo hub no RN, como ficou mais conhecido, por uma serie de análises. Estamos na fase de formalização do contrato para a construção do armazém, uma tratativa feita junto a Inframérica e os Correios em Brasília. A expectativa é de assinatura até dezembro deste ano. A burocracia é para atender uma exigência legal da lei 8.866, uma forma de licitação diferenciada já que o galpão será erguido dentro do aeroporto, que é uma área concessionada, e só quem pode construir é a Inframérica. E isso é uma grande vantagem, porque vamos poder compartilhar recursos da receita federal, do Ministério da Agricultura e da Anvisa que já possuem estrutura no local. Isso vai facilitar a fiscalização e inspeção de cargas importadas e exportadas. O armazém será construído dentro, próximo ao terminal de cargas da Inframérica, em uma área de 20 mil metros quadrados com aproximadamente 13 mil m2 de área construída. As obras devem ter duração de doze meses e podermos operar o centro até o final de 2016.
Qual o custo para os Correios?
Os Correios irá alugar esse prédio, depois de pronto, a Inframérica que é quem irá construir, provavelmente no sistema de BTS (Built-to-suit ou galpões sob medida, em tradução livre do inglês), que já usamos em outros casos e aqui mesmo no Estado. O custo disso ainda está em negociação, também dentro dessa formatação do contrato que será de 15 anos mais 5 anos. Os valores serão condizentes com o mercado. Já há outras construções usadas como referencia, mas só será definido com o projeto básico.
O fato de ser construído em um aeroporto privado foi diferencial?
Esse foi um dos grandes diferenciais e é, sem dúvida, uma grande vantagem porque será construída pela Inframérica, num momento em que a União não poderia fazer tal investimento. Os Correios não poderia fazer. E os demais aeroportos são administrados pela Infraero que, sendo da União, também tem limitação para os investimentos esse ano. Sem falar que, no final do período de concessão, o aeroporto será incorporado ao patrimônio da União, ou seja, os Correios ficará com o prédio. No Estado, temos dois prédios no sistema de contratação de BTS, um na avenida Hermes da Fonseca e outro em Extremoz, mas ao final do prazo de 10 anos mais 10, não teremos a posse. Aí o diferencial de ser um aeroporto concessionado.
Qual previsão de capacidade instalada?
É projetado para tratar 10 mil encomendas por dia, no primeiro ano, com capacidade instalada de tratar até 40 mil objetos por dia, em até cinco anos, que iremos receber, tratar e distribuir para todo o Norte e Nordeste do país.
Quanto isso deve representar em receita para o Estado?
Para o Correios, o incremento de receita postal considerando a capacidade inicial de 10 mil encomendas/dia será de R$ 31 milhões por ano. Significa 25% da atual receita. E isso vai se ampliando também até chegarmos a capacidade full, quando dobraremos a atual capacidade de arrecadação da Diretoria Regional, em cinco anos. Para a Receita Federal, com essa estimativa de carga para o primeiro ano, a expectativa é de uma arrecadação em impostos sobre a importação de R$ 220 milhões ao ano. Em se tratando de ICMS que é tributado na ponta, contando só com a carga do Estado, será de R$ 5 milhões ano.
E qual o impacto disso para o consumidor de e-commerce e mesmo para o mercado local? Maior agilidade, frete mais barato?
A partir da entrada desses objetos vindos da Europa e de outros países teremos um valor agregado na entrega das encomendas, que terá maior agilidade. Os empresários importadores têm uma expectativa que esse diferencial estimule também os negócios. Recebendo em menor tempo, aumenta as compras. Frete não, porque as taxas permanecem.
Qual o prazo de entrega para produtos importados e em quanto deverá ser reduzido?
Hoje, essa mercadoria que vem da Ásia, da Europa, leva em média de 60 a 70 dias em todo o processo. Até chegar ao Brasil, por São Paulo, seguir para tratamento em Curitiba e vem até Recife para ser redistribuído para o Rio Grande do Norte. Entrando por aqui, isso cai para 25 dias. E vamos beneficiar ainda os estados vizinhos, porque vamos atender nesse contrafluxo.
Deve estimular somente as importações ou as exportações poderão ser também beneficiadas?
Temos uma pesquisa que mostra o preço médio dessa mercadoria que entra. É de R$ 141. Essa encomenda, que antes viria por São paulo, Curitiba e depois subir para cá numa logística sobrecarregada tanto aérea quanto de superfície, passará a entrar pelo contra-fluxo. Aqui, recebo toda a carga para a Bahia e Pernambuco. O empresário Alibaba já sinalizou com a necessidade de reduzir o tempo de espera de alguns produtos. Chegando mais rápido é um diferencial. Indiretamente, mesmo sem passar pelos Correios, pode beneficiar ainda as exportações. Porque pode usar a mesma linha que traz cargas, para a volta e encaminhar as mercadorias daqui do Estado para fora. Isso deve tornar o custo do modal aéreo competitivo em relação ao modal marítimo, além de que o prazo de entrega reduz bastante se comparar os dois modais.
Isso depende do aumento do número de voos chegando a Natal?
Sim. Ser um Centro Internacional de Correios para internalizar essas encomendas por meio de São Gonçalo. Agora, imagina a LaTAM colocando o hub dela também. Nós teremos vários destinos a partir de Natal. E poderemos transformar o CI dos Correios em exportador e não apenas importador. Além de usar uma empresa que grande parte é nacional.
Do ponto de vista dos negócios, como o senhor avalia 2015 foi um ano de crescimento ou, à exemplo de outros setores, houve queda?
Não divulgamos valores, mas tivemos crescimento médio de 4,2% de janeiro a setembro em relação ao mesmo período do ano passado. Em três segmentos: na questão financeira, o banco postal tivemos 6%. Já em mensagem (carta, carta comercial, telegrama), de 12%, no mesmo período e em encomendas (sedex, e-sedex, pac) foi de 3%. Ao ano, são 7.9 milhões em encomendas qualificadas. Objetos simples representa 80.5 milhões ao ano.
O que puxou esse crescimento?
Temos vários contratos com órgãos públicos do Estado, inclusive com o Enem nesse final de semana, que acabam ajudando esse resultado.
O dólar mais alto reduziu as operações de e-commerce transportado pelos Correios? Quanto este segmento representa no volume negociado pelos correios?
Eu não tenho essa informação precisa. Essa parte de varejo e vendas é medido pelo Nacional, em Brasília. Mas, com certeza, pelo volume, podemos dizer que é menor.
Quanto foi investido em expansão da rede este ano?
A dotação para investimentos em reformas e ampliação é de R$ 3 milhões, deste total mais de 80% foi executado. Hoje temos 186 agências em todo o Estado. Iremos inaugurar uma em Porto do Mangue, em novembro, a única cidade do estado que não tinha agencia. Estamos com essas duas agências do BTS para inaugurar, a da Hermes da Fonseca e a de Extremoz que não demandou recursos. A da Hermes, que será a maior do Estado, está praticamente pronta para receber a unidade da Princesa Isabel, falta apenas uma porta detectora de metal.
Já que o senhor citou esse ponto, é comum notícias sobre assaltos a agências dos Correios. Como a segurança vem sendo tratada? Equipamentos como este serão instalados em todas as agências?
Estamos em processo de licitação para contratação de vigilância armada e de portas detectoras de metal para todas as agências do RN, que devem estar instaladas até agosto de 2016, obedecendo uma decisão judicial e estamos formatando um TAC com o Ministério Público. Os vigilantes, por ser um processo mais simples, deve ser finalizado antes.
Quantos assaltos foram registrados esse ano e quanto isso representa em prejuízos?
Passamos por um grave problema de insegurança pública. E o impacto é muito alto, mas não divulgamos esses dados por questão de segurança, o que posso dizer é que está reduzindo em média 10% ao ano, de 2012 para cá, o número de ocorrências. Este ano, com as fugas dos presídios, aumentou muito os casos na Grande Natal.
Qual o déficit hoje de pessoal? Há previsão de concurso, contratação?
Temos 1.580 empregados, sendo 662 carteiros e 563 atendentes em agências, além dos administrativos. Estamos em processo de transição do modelo de operação dos Correios em todo o país, de julho ate dezembro. temos um déficit 10% do quadro atual. O número de carteiro é insuficiente porque estamos num processo de expansão, já contando com o hub dos correios.
De vez em quando, há reclamações sobre atrasos nas entregas de encomendas. É devido a esse déficit?
Isso ocorre por diversos fatores, como greve nos Correios, que nao tivemos esse ano, paralisação ou interdição nas rodovias, greve de caminhoneiros, qualquer movimento nacional afeta. Fora isso temos esse déficit e também a alta taxa de absenteísmo, com até 40 afastamentos por licença médica, sem contar as de prazo de até 15 dias.
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