SÃO GONÇALO DO AMARANTE RN-Com nova política de incentivos, Guararapes eleva produção no RN


“Incentivos fiscais não são para irrigar os cofres das empresas, mas para tornar seus produtos mais competitivos e gerar riquezas para todos”. A frase, de Jairo Amorim, diretor executivo Industrial da Guararapes, vem direto do chão de fábrica.

Num mundo cada dia mais controlado por robôs, onde os processos de automação parecem não ter fim, o local em que o executivo foi instalado desde sua contratação, em 2010, é sempre cercado de muita gente de carne e osso.

Aos 52 anos, nascido em Recife, Natal é a quinta cidade em que o executivo mora desde que escolheu o ramo industrial da confecção na qual trabalha há 34 anos.

Sua sala envidraçada na fábrica de Extremoz está no mesmo plano da imensa construção de 250 mil m² ocupados por outros milhares de trabalhadores que compartilham com ele a mesma jornada de trabalho, sendo que a de Amorim é um pouco mais longa.

Antes, passou pela Hering, Vicunha e Valisère antes de ser contratado pela Guararapes.

Hoje, entre uma de suas muitas atribuições, Amorim lida com um grande impasse entre prefeituras e o Governo do RN, criado a partir do decreto que instituiu o Programa de Estímulo ao Desenvolvimento Industrial (Proedi), em meados deste ano.

Antes, no antigo programa, o percentual de incentivo às indústrias variava de 70% a 75%.

Como, pelo novo programa, o percentual que era 75% pode chegar a 95%, entrando sobre os 25% que são dos municípios, na forma de crédito presumido, os municípios reagiram e alguns deles, como Natal, entraram na Justiça.

Caso a iniciativa dos prefeitos prospere, o temor de Amorim é que os danos de curto prazo sejam irreversíveis na economia potiguar na medida que, bem antes do RN, estados vizinhos como Pernambuco, Ceará, Bahia e Paraíba, para ficar só nesses exemplos próximos, já adotaram a mesma lógica fiscal do Proedi.

Quando Jairo Amorim chegou a Guararapes, em 2010, já havia uma pequena revolução na empresa, fundada em 1947 por Nevaldo Rocha e o irmão Newton.

Na época, a companhia deu um prazo de seis meses para que 10 mil clientes deixassem de comprar seus produtos, pois a empresa decidira, a partir daquele momento, abastecer somente a rede de lojas próprias, na ocasião com cerca de 100 pontos espalhados pelo Brasil.

“Deixávamos de ser uma empresa industrial que vendia para os outros, para nos tornar numa empresa de varejo que produz o que vende”, resume o executivo.

O resultado dessa política, foi a expansão para 320 lojas atualmente, espalhadas pelo país e uma produção própria de aproximadamente 200 mil peças por dia, sendo 165 mil de Natal e 35 mil na fábrica de Fortaleza.

Desde a criação do Proedi, a empresa criou entre setembro e outubro últimos mais 17 novas oficinas de costura no Estado, passando de 61 para 78, gerando 240 empregos diretos na fábrica.

De 22 mil peças por dia, essas oficinas passaram a produzir 32 mil por dia. “Se considerarmos 40 trabalhadores por oficina, são 3 mil empregos diretos, legalizados, com carteira assinada no RN, injetando cerca de R$ 60 milhões na economia regional por ano”, afirma.

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