SÃO GONÇALO DO AMARANTE RN-‘Coalizão faliu’, diz o líder de Dilma na Câmara
Líder de Dilma Rousseff na Câmara, José Guimarães (PT-CE) reconheceu: “O presidencialismo de coalizão faliu.” Em entrevista ao diário cearense ‘O Povo’, o deputado rendeu homenagens ao óbvio ao afirmar que a hiperaliança partidária que se formou ao redor do governo Dilma “não se refletiu na maioria parlamentar.” Em 2015, acrescentou o líder governista, “nós seguramos a onda na Câmara com muita dificuldade. E precisamos recompor isso, rediscutir isso para 2018.”
Excluindo do seu radar os riscos de impeachment e de um eventual desembarque do PMDB na convenção marcada para o mês de março, Guimarães avalia que as legendas governistas terão de se aturar até a próxima sucessão presidencial. “É claro que até lá a Dilma é presidenta e o Michel Temer é vice-presidente. Nós vamos ter que conviver com todas aqueles partidos que integram a coalizão, do PT ao PMDB, passando por PCdoB, PP, PR, enfim, todos esses partidos.”
Guimarães antevê tempos acerbos: “Vamos navegar nessas dificuldades, nesse terreno muitas vezes pantanoso do ponto de vista da falta de unidade da base. Temos tirado, muitas vezes, leite de pedra para votar as matérias do interesse do governo e do país, como fizemos em 2015.”
Ainda assim, Guimarães mimetiza o lema do colega Tiririca (PR-SP). Acha que pior do que está, não fica: “2016 não tem como ser pior do que 2015. Para mim, foi o ano mais duro, mais difícil e o mais emblemático. É por isso que, no bojo do debate eleitoral, nós temos que discutir as futuras alianças. Estou convencido de que a política de alianças no Brasil precisa ser refeita, requalificada. Do jeito que está, acho que esse modelo faliu.”
A despeito de admitir que o apoio que o conglomerado governista oferece para Dilma tem a solidez de um pântano, Guimarães soou paradoxal ao discorrer sobre as perspectivas econômicas do país: “2016, para mim, será o ano da retomada do crescimento da economia brasileira.”
“Nós votamos todas as medidas do ajuste, só faltou a CMPF”, prosseguiu o deputado. “Nós vamos discuti-la agora, no começo do ano, fazendo um pacto para isenção das faixas de renda baixa, vinculando à Saúde e aos três entes federados, os municípios, os Estados e a União.”
Contrariando todas as avaliações do mercado, Guimarães afirmou que, para 2016, “a perspectiva é de crescimento com redução das taxas de juros e controle da inflação. E crédito para os investimentos no setor produtivo.”
No mundo real, o Banco Central informou, em relatório divulgado há três dias, que a inflação de 2015 fechará em 10,8%. O que reforça a perspectiva de novas elevações da taxa de juros no alvorecer de 2016, com todos os efeitos recessivos que a providência prenuncia. De resto, o BC adiou para 2017 a promessa de devolver a inflação para o centro da meta oficial, que é de 4,5%.
Guimarães também falou sobre as eleições municipais de 2016. Chamou os crimes do PT de “erros”. E ecoou a tese da direção partidária sengundo a qual o PT é vítima de um massacre injustificado. “Além dos erros graves que o PT cometeu, e nós cometemos erros, foi feita uma campanha brutal em cima do PT, procurando criminalizá-lo. É evidente que nós estamos com a nossa imagem arranhada.”
O deputado atribuiu efeitos milagrosos à futura campanha: “O processo eleitoral servirá para recompor tudo isso que nós representamos na sociedade brasileira, recuperar o nosso legado, fazermos um debate forte sobre a questão ética e sobre o resultado de 12 anos do governo liderado pelo Partido dos Trabalhadores.”
Informou que o PT lançará candidatos a prefeito “na maior parte possível dos municípios, principalmente ans grandes cidades.” Por quê? “Nós não podemos ficar escondidos. Os nossos símbolos, as nossas ideias, a nossa história e os nossos problemas terão de estar todos a nu. Não tem como fugir disso. Por isso que eu considero que o debate será de extrema radicalidade, mas fundamental para recuperar a imagem do PT.”
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