SÃO GONÇALO DO AMARANTE RN-A possibilidade de cessão de um terreno de 500 mil metros quadrados pertencente à Força Aérea Brasileira (FAB) ao Governo do Estado de Pernambuco para ampliação do Aeroporto Internacional dos Guararapes, em Recife, não deverá minimizar a capacidade técnica do Rio Grande do Norte na disputa pelo Hub da TAM Linhas Aéreas
A possibilidade de cessão de um terreno de 500 mil metros quadrados pertencente à Força Aérea Brasileira (FAB) ao Governo do Estado de Pernambuco para ampliação do Aeroporto Internacional dos Guararapes, em Recife, não deverá minimizar a capacidade técnica do Rio Grande do Norte na disputa pelo Hub da TAM Linhas Aéreas. Isto porque, a área total do Aeroporto Internacional Gov. Aluízio Alves, em São Gonçalo do Amarante, é três vezes maior que a do terminal aeroviário internacional pernambucano e quase doze vezes maior que o vizinho aeroporto internacional cearense. O suposto beneficiamento ao Governo de Pernambuco na disputa gerou críticas entre lideranças políticas e empresariais potiguares.
O governador Robinson Faria, que deverá participar hoje de uma audiência com representantes da Petrobras, no Rio de Janeiro, sobre a redução do valor do querosene de aviação cobrado no Rio Grande do Norte, continua a acreditar que a escolha da TAM Linhas Aéreas será baseada em critérios técnicos. A oferta de preços diferenciados do combustível às companhias aéreas é mais um diferencial que o estado potiguar pleiteia para ganhar destaque na disputa pelo hub. O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Flávio Azevedo, preferiu não se posicionar sobre o assunto para não gerar especulações.
O secretário de Estado de Turismo, Ruy Pereira Gaspar, indagado sobre a possibilidade de beneficiamento do estado pernambucano pela presidente Dilma Rousseff, foi direto. “Eu continuo com a mesma opinião: Ceará e Pernambuco deixaram de lado os critérios técnicos e partiram para a luta política”.Ele comentou que a Presidência da República facilitou a inclusão dos aeroportos cearense e pernambucano na listagem dos terminais aeroviários a serem privatizados parcial ou integralmente e, diante disto, o Rio Grande do Norte precisa ficar atento para não perder ainda mais espaço. “Deveremos unir esforços e ir à Brasília cobrar benesses para o RN, como a conclusão dos acessos ao aeroporto com recursos federais, por exemplo. Se ela (a presidente) concede para outros estados, nós temos todo o direito de pleitear”, relatou o secretário.
O presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/RN, José Vieira, destacou que o estado potiguar precisa ficar mais atento às movimentações dos outros estados em relação ao hub, com monitoramento diário do que é publicizado e das reuniões entre políticos e lideranças nacionais. “O Governo Federal precisa ter um olhar mais amplo para que o Rio Grande do Norte não vire uma ilha de isolamento. Precisamos de união entre políticos e empresários para colocarmos o RN em primeiro lugar”, destacou. Para José Vieira, se faz urgente e necessária a inclusão, pela União, do estado potiguar na rota de desenvolvimento do Nordeste, assim como fez com o Pernambuco e Ceará.
O presidente do Sistema Fecomércio/RN, Marcelo Queiroz, em nota enviada à reportagem lamentou a possibilidade da cessão do terreno com vistas ao aumento do potencial de concorrência do estado pernambucano pelo hub da TAM Linhas Aéreas. “É lamentável a atitude da Presidente Dilma Rousseff de anunciar a cessão de área pertencente à Aeronáutica, ao governo de Pernambuco, com o único intuito de tornar aquele Estado mais competitivo na disputa para sediar o centro de conexões de cargas e passageiros que o grupo Latam pretende construir no Nordeste brasileiro”, frisou ele.
Para a Fecomércio, “tal atitude da Chefe do Executivo Federal se dá em detrimento dos legítimos interesses dos estados do Ceará e do Rio Grande do Norte, que também estão na disputa, o que fere frontalmente a postura de isonomia e equidistância no trato com os entes federados, que seria esperada de uma presidente da República, na condição de representante constitucional de todos os estados brasileiros”.
Repercussão
“Não podemos aceitar que a presidente da República conceda facilidades a algum estado com relação ao Hub. O fato descrito pelo senador Humberto Costa é grave e fere os esforços feitos pela sociedade e povo do Rio Grande do Norte e, até mesmo, do povo de Ceará, em detrimento de Pernambuco”.
Garibaldi Alves Filho – senador
Considerando ser este um investimento estritamente privado – e nós apostamos que a escolha será pelo caminho da viabilidade técnica e comercial -, não há dúvidas de que o RN está na frente da disputa pelo Hub da Tam. Nosso diferencial é o próprio Aeroporto, notadamente o que dispõe das melhores condições. Mas não estamos parados. Vamos à presidenta Dilma reivindicar a assinatura do contrato do centro de distribuição dos correios e recursos para o acesso sul”.
Fátima Bezerra – senadora
“O que tem que haver é o esclarecimento por parte da Presidência. Se a FAB irá ceder o terreno, a Petrobras deverá ceder em relação aos nosso pedidos de redução do preço de QAV de aviação. Eu não acredito que a presidenta interfira em favor de ninguém. Eu quero crer que essa notícia não seja verdadeira. Seria uma agressão ao RN”.
José Agripino – senador
Raio-x dos concorrentes
Vantagens técnicas do RN em relação a PE e CE
O terminal aeroviário do Rio Grande do Norte é o que apresenta a maior área para expansão de terminal de cargas e estocagem ou até mesmo de passageiros, caso se torne necessário com o advento das operações do HUB da Latam. Veja abaixo um comparativo entre os aeroportos concorrentes.
Aeroporto Internacional de Fortaleza
Administração: Infraero
Área total atual
1.218.799,30 metros quadrados
Movimentação
6,2 milhões de passageiros/ano
50 mil toneladas transportadas/ano
Terminal de cargas
9 mil metros quadrados de área de estocagem
5 mil toneladas é a capacidade máxima de armazenamento
Estrutura
1 pista; 1 terminal de passageiros em ampliação com fim das obras previsto para 2020.
38.500 m² é a área atual dos dois terminais de passageiros
Expansão
Com a conclusão das intervenções, o terminal de passageiros passará a ter 133 mil metros quadrados.
Aeroporto Internacional de Natal
Administração: Consórcio Inframerica
Área total atual
13 milhões de metros quadrados
Movimentação
2,6 milhões de passageiros no primeiro ano de operação
10 mil toneladas transportadas no primeiro ano de operação
Terminal de cargas
4 mil metros quadrados de área construída
10 mil toneladas é a capacidade máxima de armazenamento interno
18 mil metros quadrados de área de estocagem externa
Estrutura
45 balcões de check-in; 10 balcões de autoatendimento; 850 vagas de estacionamento; 8 pontes de embarque; 10 posições remotas para embarque.
42 mil m² é a atual área do terminal de passageiros
Expansão
A área total do terreno no qual está instalado, porém, é de 15 milhões de metros quadrados, que corresponde a 2.100 campos de futebol. É o aeroporto com a maior área disponível para expansão entre os concorrentes ao HUB da Latam.
Aeroporto Internacional do Recife
Administração: Infraero
Área total atual
3.645.042,18 metros quadrados
Movimentação
8,7 milhões de passageiros/ano
30 toneladas de carga processadas/dia
Terminal de cargas
10 mil metros quadrados de área de estocagem
Estrutura
Duas pistas de operações; 30 pontos comerciais; 64 balcões de check-in; 21 pontos de estacionamento para aeronaves.
76 mil m² é a área atual dos dois terminais de passageiros
Expansão
A FAB poderá efetuar doação de 500 mil metros quadrados de área para expansão do terminal aeroviário.
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