O advogado Jonas Antunes, que defende Guilherme Wanderley Lopes Silva, quer um diagnóstico psicológico do servidor do Ministério Público que, na sexta-feira (24), atirou no procurador-geral de Justiça adjunto, Jovino Sobrinho, e no promotor Wendeel Beetoven. Guilherme se apresentou, neste sábado (25), e ficou preso por força de um mandado de prisão preventiva.
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“É muito cedo ainda para passar qualquer prognóstico sobre o processo, mas, está claro pela carta divulgada por ele que existem problemas psicológicos, motivados em razão do relacionamento entre a atual gestão do Ministério do Público com o servidores. Inclusive, outros servidores estão passando por diversos problemas semelhantes”, afirma o advogado.
Jonas Antunes explica que o servidor Guilherme Wanderley precisa passar por uma avaliação médica urgentemente. “Ele está em uma situação emocional terrível. Tem que passar por um atendimento médico profissional e especializado para que possamos ter um diagnóstico da situação dele”.
O advogado informou que, nesta segunda-feira (27), irá ao Fórum para ter acesso a outras partes do processo do cliente e então decidir outros encaminhamentos da defesa.
Prisão
Guilherme Wanderley Lopes da Silva, de 44 anos, ficará preso por tempo indeterminado, até nova ordem judicial. Ele se apresentou à Polícia Civil, no final da manhã deste sábado (25), mas a polícia já estava de posse de um mandado de prisão preventiva contra ele. Após se apresentar, Guilherme prestou depoimento.
O delegado Renê Lopes, da 5ª DP, que conduziu o interrogatório, disse que o servidor passou a maior parte do tempo calado. “Ele nos respondeu apenas três questionamentos. Negou quando questionamos se mais alguém participou da ação, negou que já tenha sido internado anteriormente por problemas psiquiátricos ou psicológicos e negou também que o atentato tenha tido relação com um processo que seu genitor respondeu”.
Ainda de acordo com o delegado, Guilherme não quis se pronunciar sobre as motivações para atacar os procuradores e o promotor. Ele também não falou sobre quais seriam os seus alvos, conforme consta em uma carta escrita por ele.
Carta
Neste sábado, o Ministério Público divulgou páginas da carta deixada por Guilherme na mesa do procurador-geral Rinaldo Reis, no dia do atentado. No documento, o servidor cita várias questões políticas e administrativas referentes à gestão de Rinaldo Reis, bem como do procurador-geral adjunto e do promotor Wendell.
Em trecho da carta, destacou que: ‘terrorismo se combate com fogo’. E ainda ‘alguém precisava fazer algo efetivo e dar uma resposta a esse genuíno crime organizado’.
Sobre o motivo para matar os três, o funcionário do MP criou um tópico específico no qual escreveu: “Ora, o motivo é intuitivo: legítima defesa sui generis própria e alheia. Alguém precisava fazer algo efetivo e dar uma resposta a esse genuíno crime organizado. Resposta do tipo: ‘para algumas ações, haverá sim reação’. Ou: ‘quem planta… colhe’. A verdade não pode ser calada, nós estamos numa guerra que, infelizmente, é imperceptível por muitos dada a gigantesca cegueira do nosso povo ignorante, desorganizado e, por isso mesmo, culpados. A caneta tem o poder de ferir e matar. Meu lema há muito tempo é: trate os outros como gostaria de ser tratado e procurando dar a cada um o que é seu. Tão fácil de seguir, mas, infelizmente, tão desprezado”.