Alex Viana
Repórter de Política
A presidente do PSB e pré-candidata do partido ao Senado, vice-prefeita de Natal e ex-governadora Wilma de Faria, respondeu críticas da governadora Rosalba Ciarlini (DEM) proferidas durante evento do DEM na última segunda-feira. Rosalba afirmou que, ao assumir o governo, em 2011, encontrou uma administração falida e abandonada e que estava “ficha suja” perante o Tesouro Nacional. Em resposta, Wilma chamou Rosalba de “cara de pau”, afirmando que ela enganou, traiu e abandonou o povo.
“No meu governo, nós éramos aprovados pela população. E eu não tinha vergonha de nenhuma pesquisa de avaliação administrativa, porque sempre tivemos o apoio popular. E isso era traduzido nos bons índices de aprovação que a gente tinha em todas as pesquisas. A desaprovação a Rosalba não é apenas porque o governo dela é ruim ou péssimo. É porque o povo sentiu que foi enganado, traído e abandonado. Ela prometeu, prometeu, prometeu, foi irresponsável e enganou o povo”, afirmou Wilma nesta manhã, em contato com O Jornal de Hoje.
Wilma foi alem nas críticas à atual governadora. Ela afirmou que na gestão da democrata também houve grande decepção, traduzida no aumento da violência, descaso com a saúde pública e abandono com o homem do campo. “Também houve o desrespeito e a falta de diálogo com os servidores, e, principalmente, a falta de capacidade gerencial e a crise de autoridade. E o pior de tudo: insensibilidade com os problemas de todos, principalmente, com os mais pobres”, afirmou a vice-prefeita.
Segundo a ex-governadora, é inconcebível que, após quase quatro anos de governo, a democrata queria transferir culpas e responsabilidades administrativas. “Depois de quase quatro anos de governo, ela ainda querer culpar o governo que antecedeu pelos desastres do seu governo? É muita cara de pau”, afirmou Wilma. “O governo dela é um fracasso, tanto de crítica, como de público. É fracasso total”.
Durante discurso na sede do DEM, na última segunda-feira, Rosalba, ao defender sua reeleição, culpou o governo anterior, do PSB, por parte do fracasso da sua administração. “Encontrei um estado falido, sem credibilidade, incapaz de exercer com eficiência as funções que lhe são atribuídas constitucionalmente. Tive que assumir posições políticas desgastantes para, inicialmente, viabilizar obras”, afirmou a democrata.
Segundo Rosalba, o Rio Grande do Norte tinha ficha suja perante o Tesouro Nacional. “O BNDES ou qualquer outro órgão não firmaria compromissos financeiros conosco, se essa ficha suja não se tornasse limpa. Consegui limpá-la, a custa de muitos sacrifícios pessoais, porém tendo sempre em mente”, afirmou.
Rosalba também confirmou o desejo de ser candidata à reeleição. No entanto, o DEM, por 45 votos contra 10, preferiu a proposta de priorizar as candidaturas a deputado estadual e federal do partido nessas eleições. Neste sentido, a legenda, comandada pelo senador José Agripino Maia no Rio Grande do Norte, deverá desconsiderar a candidatura de Rosalba e apoiar a chapa composta pelo deputado federal Henrique Eduardo Alves para o governo e Wilma de Faria para o Senado. A convenção do DEM, que dará a palavra final sobre o assunto, está agendada para o próximo dia 15 – número do PMDB.
“Obras de Rosalba: desaprovação, improbidade e impeachment”
A ex-governadora Wilma de Faria usou de ironia para enumerar as obras do governo Rosalba Ciarlini no Rio Grande do Norte. Segundo a presidente do PSB, se perguntar quais as obras do governo do Estado, ela responde que são: desaprovação popular, cassação, improbidade administrativa, inelegibilidade e, agora, a negativa do próprio partido do direito de disputar a reeleição.
“Se perguntar quais as obras de Rosalba, a desaprovação popular, a cassação, os atos de improbidade administrativa que foram encaminhados pelo Ministério Público, a inelegibilidade decretada pela Justiça, o pedido de impeachment solicitado pelo Movimento Articulado de Combate à Corrupção (MARCCO)”, afirmou Wilma.
De acordo com a vice-prefeita de Natal, o tiro de misericórdia governista, ou a cereja do bolo oposicionista, da gestão de Rosalba, foi dado pelo próprio partido da governadora: a rejeição à proposta de candidatura à reeleição da governadora. “E agora, para completar, a decisão do seu próprio partido, de negar apoio ao seu projeto de reeleição”, afirmou.
Segundo Wilma, Rosalba teve todas as chances de realizar um bom governo, mas foi incompetente. “E olhe que Rosalba governou com o apoio de todos os senadores, a maioria dos deputados federais, dos estaduais também, com o apoio de Dilma, que ela própria disse, e anunciou que tinha o apoio da presidenta Dilma, publicamente agradeceu varias vezes a ela. E tudo isso não foi capaz de encobrir a incompetência”.
Wilma finalizou reafirmando sua total e irrestrita rejeição ao voto da governadora, insinuando que a gestora estadual atuará nessas eleições com o chamado “voto por debaixo do pano”, ou seja, indiretamente. “Não quero o voto de Rosalba. Só quero o voto que não seja por debaixo do pano. Voto dado porque merece”, disse, informando, sobre sua candidatura ao Senado, que está intensificando as conversas em torno de alianças e apoios.
Sobre a possibilidade de receber o apoio do DEM, em caso de a legenda de Agripino não lançar Rosalba à reeleição, conforme direcionamento do próprio partido, Wilma disse que ainda não é o momento de falar a respeito. “Eu já respondi sobre esse assunto. Já disse que não tenho preconceito com o DEM. E a gente não tem que definir nada agora, porque o DEM não definiu ainda. Tem que esperar a definição do DEM. Vamos discutir depois que as coisas estiverem decididas lá no DEM”, afirmou.
José Dias: “Não há nenhuma condenação mais contundente do que a sofrida por Rosalba Ciarlini no próprio Democratas”
Apesar de terem respondido e criticado o deputado Fernando Mineiro pelos comentários feitos por ele tanto com relação a decisão do DEM de não dar a legenda para Rosalba tentar a reeleição no Estado, quanto com relação ao pedido de impeachment aprovado na CCJ, os parlamentares evitaram comentar as fortes declarações que o parlamentar estadual José Dias, do PSD, fez na mesma sessão e sobre os mesmos assuntos. E, talvez, as declarações do pessedista tenham sido até mais fortes que as do petista.
“Não há nenhuma condenação mais contundente que a que Rosalba sofreu do seu próprio partido”, afirmou José Dias, se referindo à reunião interna do DEM realizada na segunda-feira, quando o partido decidiu se coligar ao PMDB e, assim, praticamente, sepultar a possibilidade da candidatura a reeleição de Rosalba.
“Ou é uma perseguição política violenta ou é uma prova que o Governo faz mal ao próprio DEM”, analisou José Dias, acrescentando que “não se pode imaginar um chefe de Estado tão fragilizado quanto Rosalba Ciarlini, governadora hoje agarrada a duas liminares da Justiça Eleitoral”.
DENÚNCIA
O pedido de impeachment entregue à AL por representantes do MARCCO/RN denuncia a governadora pelos seguintes crimes de responsabilidade: Uso de bens e serviços públicos do Estado para promover a campanha política nas Eleições Municipais em Mossoró/RN no ano de 2012, promovendo o impedimento ao livre exercício do voto pelos cidadãos mossoroenses; Atos de improbidade administrativa imputados pelo Ministério Público Estadual; e Transporte de verbas do orçamento sem autorização legal, através da suplementação acima do limite legal permitido pela LOA 2012 e da transferência de recursos constitucionalmente vinculados à educação para pagamento de pessoal inativo.
Os representantes do MARCCO ainda denunciam a chefe do Poder Executivo por afronta às regras de competências constitucionais que asseguram a independência entre os Poderes e órgãos com autonomia financeira (LOA 2013 e LOA 2014), através da decisão política de não repassar integralmente os valores dos orçamentos dos Poderes Legislativo e Judiciário, além do Ministério Público e do Tribunal de Contas, manipulando dados financeiros para uma readequação orçamentária decorrente de frustração de receita inexistente (corte orçamentário arbitrário por ato governamental ilegal em 2013 e ausência de qualquer ato em 2014; e descumprimento generalizado das decisões do Poder Judiciário em todas as áreas de Governo. Pelo menos 26 ações descumpridas. (CM)