Robinson: “Acordão é para acomodar e perpetuar família no poder no RN”
Uma aliança de puro interesse, formada apenas para perpetuar no poder os familiares daqueles que a formam. Foi assim que o candidato ao Governo do Estado, Robinson Faria, do PSD, classificou o grupo do principal adversário, Henrique Eduardo Alves, do PMDB, em entrevista concedida ao Jornal Verdade, da RedeTV RN, no início da tarde de hoje. Segundo Robinson, inclusive, o “acordão” que forma o palanque adversário não o intimida, até porque, apesar dos muitos apoios oficializados aos adversários, o peemedebista ainda não conseguiu “decolar”.
“O nosso Estado governado por esses ex-governadores do candidato do acordão, infelizmente, andou para trás. Involuiu. Então, não é uma referência boa para o candidato do acordão dizer que tem esses ex-governadores”, acrescentou Robinson Faria, ressaltando, inclusive, que Henrique e João Maia, por exemplo, também foram partícipes do Governo Rosalba Ciarlini, sendo responsáveis pela indicação de cargos de primeiro escalão e que levaram o Estado à crise que vive hoje.
Veja a entrevista completa de Robinson Faria ao Jornal Verdade:
Jornal Verdade: Por que o senhor quer ser governador do Estado?
Robinson Faria: Existe uma coisa na vida que se chama motivação. Eu sou um ser político que carrega na minha trajetória a motivação e a paixão. Eu acho muito importante numa carreira política porque, se você observar, um professor apaixonado, será sempre um bom professor. Um médico apaixonado, será um médico humanitário. Um militar apaixonado será um bom defensor da população. Eu acho que o político da mesma forma. Então, a minha motivação de ser candidato a governador não é aspirando apenas a vitória de conquistar o cargo de governador, é o que eu posso fazer e o que me sinto preparado para fazer sendo governador. A minha motivação é o que estudei, o que procurei atender, viajando pelo Estado, o que eu estudei ao longo de mais de 10 anos de gestão pública, na questão da segurança pública, estudando em todo o país, onde deu certo a segurança pública, a questão da saúde, e, sobretudo, o que eu aprendi ouvindo a sociedade civil do nosso Estado. Então eu me sinto preparado para fazer um governo diferente, inovador, de modernidade, onde prevaleça, sobretudo, o diálogo. Eu diria que a principal meta, o principal pilar do nosso governo a eficiência.
JV: O senhor é, atualmente, vice-governador do nosso Estado. Não deu para implantar isso nessa condição?
RF: Infelizmente, não. Eu esperava que isso fosse acontecer quando aceitei ser vice-governador em 2010, foi para participar de um governo que eu apostei, que criei expectativa, assim como muita gente do nosso Estado apostou, tanto que elegeu a atual governadora. Tanto que, em poucos meses, eu vi que não iria dar certo e que os meus projetos que defendia como secretário Recursos Hídricos ou como político que prometeu a população um governo de modernidade, de transformação social na área da segurança e da saúde, eu vi que não estava dando certo. E não iria realizar o que o povo queria e que havia criado a expectativa. Então, eu saí. Apesar de ser vice-governador, eu não tive nenhuma função executiva. Achei melhor deixar o governo. Desci a rampa do Governo e fui para a oposição. Passei quase quatro anos seguindo o meu caminho, sem fazer parte desse governo.
JV: Inclusive, seus adversários falam que você nunca rompeu de fato porque continua vice-governador. O que dizer a respeito disso?
RF: Muito boa essa pergunta, porque dá oportunidade do eleitor fazer a sua avaliação. Eu rompi com o Governo. Passei a dar entrevista e a me posicionar publicamente contrário ao atual governo, entregando todos os cargos que o meu grupo político tinha no atual governo, ao contrário do meu adversário, o candidato do acordão, o candidato do PMDB, que aderiu ao Governo Rosalba, sem ter votado nela, sem ter doado nenhum capital para ela, aderiu a gestão, indicando seis ou sete cargos de primeiro escalão, assim como Rosalba falou em entrevista a revista Época, e participou do Conselho Político. Quem não se lembra do Conselho Político de Rosalba, quem fazia parte? O candidato Henrique Alves e o candidato a vice dele, João Maia. Então, foram eles quem governaram nesses quatro anos o Governo Rosalba, participando de cargos importantes. Quando o governo perdeu a sua popularidade, muito embora eles tenham dito que iriam ajudar em cima de um cargo importante de presidente da Câmara Federal, mas de nada parece que serviu a “força política dele em Brasília” a prosperar. Então, o PMDB foi partícipe. O deputado Henrique foi participe do insucesso do Governo Rosalba. Então, há uma grande distinção: Robinson Faria ganhou no voto e saiu do governo; o deputado Henrique perdeu no voto, aderiu e participou e mandou no governo Rosalba.
JV: Mas o senhor tem sido acusado pelos adversários de ser o candidato da governadora por ter o apoio do cunhado dela, Betinho Rosado (PP), e também de Ney Lopes (DEM), na sua aliança. Como fica isso?
RF: Ney Lopes não é candidato a nada. Ele como cidadão tem o livre arbítrio de votar em que ele acha que é melhor para o Estado e ele acha que o melhor é o meu nome. Então, é um direito que ele tem. Com relação ao deputado Betinho, ele pertence ao PP, que é um partido da aliança nacional com o PT, que apoia a reeleição da presidente Dilma. E o melhor na vida é sempre você responder e falar verdade. Nesta semana mesmo eu dei entrevista e falei que a minha posição não tem nenhum cunho oportunista. Eu fui claro quando disse que Rosalba Ciarlini não estará em nosso palanque apoiando o nosso nome. Muito pelo contrário. Os últimos atos políticos mostram que os prefeitos mais próximos da casa da governadora, da sua convivência pessoal, da sua cota pessoal, como, por exemplo, o atual prefeito de Assu, Ivan Júnior, que foi o que mais teve convênio com a atual governadora; a atual prefeita de Martins, que é muito ligada, da intimidade da atual governadora; coincidência ou não, aderiram a candidatura do deputado Henrique. Se for fazer uma leitura dos últimos fatos políticos, você vai ver uma ligação muito forte da base política da governadora apoiando a candidatura de Henrique Alves. Portanto, se há algum compromisso ou público ou interno, hoje, a sinalização caminha para um apoio branco de Rosalba a Henrique.
JV: Tanto o senhor, quanto o deputado Henrique Alves, falam em mudança. Que mudança é essa? Quem pode fazer essa mudança?
RF: Quem pode fazer a mudança é quem nunca governou. Eles governaram por 50 anos. Garibaldi governou, está lá com Henrique. José Agripino governou, está lá com Henrique. Wilma governou, está lá com Henrique. São sete ex-governadores no palanque de Henrique. Eu nunca governei, nem Fátima Bezerra. Acho que a nossa proposta de mudança é uma proposta que parte, justamente, quebrando esse status quo; parte de um grupo político que se propôs a uma candidatura de resistência, ao contrário do que queria o candidato do acordão, que queria uma eleição por WO, sem adversário. Eu me sinto vitorioso já de dar oportunidade de ter uma eleição com debate político, onde vamos discutir a segurança, a saúde, o emprego, o agronegócio. Porque se não fosse a minha coragem, a de Fátima Bezerra e a de quem está nos apoiando, seria uma eleição por aclamação do candidato do WO, o candidato Henrique Alves. Então, já me sinto vitorioso de dar a oportunidade de uma eleição democrática, essa sensação de mudança e não deixar sempre as mesmas famílias: Maia e Alves. Qual a chapa? Henrique Alves, João Maia e Wilma Maia. Sempre os mesmos nomes querendo governar o RN. A nossa aliança é uma aliança de convicção e a deles é uma aliança de pura conveniência, puro interesses familiares para a acomodação de filhos, cunhados, familiares que querem se perpetuar no poder.
JV: A gente vê nas pesquisas uma rejeição ao seu adversário Henrique e há um fato que o senhor não tem carisma. Como o senhor vê isso?
RF: Essa palavra carisma o povo está suspeitando muito dela. Os últimos nomes com carisma não deram certo no RN. A prefeita de Natal foi eleita em cima dessa onda carismática e deu no que deu. Depois veio a governadora e também deu no que deu. O importante para um candidato é a credibilidade. É cumprir a palavra, é ter coerência. São os seus projetos, os seus compromissos. Eu nunca fui protagonista. Nunca fui candidato a governador do Estado. Eu não tenho um sobrenome famoso, nem padrinhos e madrinhas famosos me apoiando. Eu sou um candidato de coragem, da coerência e de ter dialogado com a população. Eu não fui buscar minha candidatura em Brasília, numa sala com ar condicionado, entre quadro paredes. Eu fui buscar nas feiras livres, conversando com servidores, conversando com as pessoas de todo o Rio Grande do Norte, onde eu rodei durante esses quatro anos pára saber se as pessoas queriam que eu fosse governador. Eu fui buscar já no sentimento inovador, diferente, quebrando esses paradigmas velhos da política familiar coronelista, legitimidade na rua. Eu vou ter toda a campanha para o povo me conhecer, para ouvir as minhas propostas. Não me preocupa esse tipo de comentário porque isso parte dessa ala conservadora e coronelista que quer se perpetuar no poder.
JV: Essa campanha, se comparando você ao seu principal adversário, está meio que desproporcional no aspecto de apoio político. Ele tem prefeitos, praticamente todos os deputado estaduais, vereadores, lideranças do estado. Essa desproporção faz o senhor temer por uma derrota?
RF: Quem deve temer é ele, que tem o apoio desse povo todinho e não está decolando. Tem o apoio de sete ex-governadores, 20 deputados estaduais, 20 partidos políticos, três senadores. É o mundo, quase toda a classe política, mais de 100 prefeitos do interior apoiando ele e não consegue decolar. E eu sou candidato, comecei praticamente do zero, estou conseguindo me posicionar. Disseram que eu não teria coragem de ser candidato, eu sou candidato! Depois disseram que eu não seria um candidato competitivo. Estou bastante competitivo. E eu não tenho dúvida alguma que essa vitória não partirá de cima para baixo. Partirá de quem anda no chão, quem anda com o povo. E eu passei a minha vida inteira conversando e dialogando com o povo. Não me assusta, não me intimida esse superpalanque do tamanho de um navio famoso do passado, que gerou até o filme, o Titanic. E esse navio já está afundando.
JV: Outra duvida sobre seu nome é que você nunca foi para o Executivo. Nunca foi prefeito, nem governador. Tudo bem que o senhor adversário também não, mas tem nomes ali para apoiá-lo. Qual é o seu pensamento diante dessa dúvida?
RF: Pergunta muito boa, mas ao lado dele tem governadores que não deram certo. O Rio Grande do Norte afundou com relação ao Nordeste. Ceará prosperou, Pernambuco prosperou, a Paraíba prosperou. O nosso Estado governado por esses ex-governadores do candidato do acordão, infelizmente, andou para trás. Involuiu. Então, não é uma referência boa para o candidato do acordão dizer que tem esses ex-governadores. Não é legal. Não é bom para ele citar como referência esses ex-governadores. Eu prefiro que você tenha o raciocínio que eu nunca fui governador do Estado, mas eu tenho uma carreira. Comecei a trabalhar muito cedo, muito jovem com meu pai, então, eu conheço o lado do comerciante. Depois trabalhei na indústria, então, eu conheço o setor produtivo. E depois eu fui presidente da Assembleia, onde apresentei projetos novos, inovadores, como a TV Assembleia, a Assembleia Jurídica, a Assembleia Cidadão, o CLP, que promove cursos de formação. Projetos ousados para uma gestão de uma Casa Legislativa. Só para lembrar: Juscelino Kubitschek foi o melhor presidente do Brasil e nunca tinha tido cargo no Executivo.
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