Rio de Janeiro; RJ libera tornozeleiras para monitorar acusados pela morte de cinegrafista
A Secretaria de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro já conseguiu as tornozeleiras para monitoramento de Caio Silva de Souza e Fábio Raposo, ambos de 23 anos, acusados de acender e atirar o rojão que matou o cinegrafista Santiago Andrade. Os dois foram liberados do Complexo Penitenciário de Bangu, na Zona Oeste do Rio, nesta sexta-feira (20), sem uso do equipamento, que estava em falta no estado.
De acordo com a Seap, a aquisição dos dois equipamentos já foi comunicada ao Ministério Público e à 8ª Câmara Criminal. O desembargador Gilmar Augusto Teixeira determinou, na noite de sexta-feira, prazo de 24 horas para que a dupla fosse levada para instalação dos equipamentos. A Seap informou que o Ministério Público e a Justiça já foram comunicados e os acusados são aguardados na segunda-feira.
Em seu despacho, o magistrado destacou que os defensores dos réus deveriam ser comunicados sobre a determinação por meio de contato telefônico. Ao G1, o advogado Antônio Melchior afirmou, na tarde deste sábado (21), que ainda não foi comunicado oficialmente sobre a decisão. “Estou surpreso”, disse o advogado Wallace Martins. Ambos os defensores representam Caio Silva de Souza. Fábio Raposo é representado pela Defensoria Pública.
Os acusados poderiam ter sido soltos na quinta-feira (19). Porém, a liberdade deles estava condicionada ao uso de tornozeleiras, mas o equipamento não era fornecido ao estado há quatro meses. Segundo a Seap, o estado estava sem verba para pagar aos fornecedores pelos dispositivos.
Caio Silva de Souza e Fábio Raposo não responderão mais por homicídio qualificado, segundo a decisão anunciada por desembargadores em sessão realizada nesta quarta-feira (18). O Ministério Público afirmou que vai recorrer da decisão da Justiça.
Os ativistas respondiam por homicídio triplamente qualificado: por motivo torpe, com uso de explosivo e mediante recurso que tornou impossível a defesa da vítima. Depois da decisão, eles podem ser condenados, no máximo, por explosão seguida de morte. A pena, que variava de 12 a 30 anos, agora vai de dois a oito anos.
Entre as medidas cautelares impostas na decisão, ficou determinado o comparecimento periódico ao juízo; a proibição de acesso ou frequência a reuniões, manifestações, grupos constituídos ou não, bem como locais de aglomeração de pessoas de cunho político ou ideológico; proibição de manter contato com qualquer integrante do denominado “black blocs”; proibição de ausentar-se da comarca da capital; recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga, principalmente nos fins de semana e monitoramento eletrônico.
soltar dupla (Foto: Vanessa Andrade/Arquivo pessoal)
Repercussão
A filha de Santiago Andrade, manifestou sua indignação, por meio de seu perfil no Facebook, após a decisão da Justiça. Ela contou se sentir humilhada pela sensação de “não poder fazer nada”.
“Sou mais uma parcela da sociedade que passa a conviver com assassinos de um homem íntegro e justo em liberdade. É difícil, é doloroso, depois de um ano sem Santiago, a sensação de não poder fazer nada me corrói, me humilha. E lamento. Lamento não ser como os defensores, que perdoam dois assassinos, que transformaram em noites os dias de uma família com um simples voto. Se Caio e Fábio estão livres, lamento mais ainda desapontá-los, mas a minha batalha continua, até a última instância, estou preparada”, disse Vanessa.
A viúva de Santiago Andrade, Arlita Andrade, disse que está indignada. “Eu realmente estou muito magoada, eu espero que o mundo todo também se revolte, porque eu estou revoltada. Que Justiça é essa?”, questionou
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