O São Paulo se arrumou depois de início desorganizado, mas a melhora passou diretamente pela entrada Alexandre Pato. O atacante, que vive fase muito boa, criou a jogada do primeiro gol instantes após entrar em campo e, depois, marcou o segundo gol após receber excelente passe de Ganso.

O São Paulo jogou desfalcado de alguns de seus titulares, poupados para o segundo jogo contra o Cruzeiro, quarta-feira, no Mineirão, pelas oitavas de final da Copa Libertadores. Mesmo assim, o interino Milton Cruz apostou no 4-4-1-1, formação com a qual venceu Corinthians e o próprio Cruzeiro. A segunda linha de quatro, no entanto, foi composta por quatro jogadores que são volantes de origem: Hudson, pela direita, Rodrigo Caio e Souza no centro, e Wesley na esquerda. O risco de tal escalação carecer de criatividade e profundidade se comprovou.

Logo no início de jogo o São Paulo mostrou que chegaria com poucos jogadores à área do Flamengo. A segunda linha de quatro, no meio de campo, não tinha infiltração no ataque. Boschilia e Luis Fabiano ficaram isolados à frente.

Nos começo da partida, a falta de opções para entrar na área adversária fez com que o São Paulo recuasse, sem presença no último terço de campo. Com isso, o time de Vanderlei Luxemburgo começou a achar espaços. A primeira e mais perigosa chance aconteceu com Everton, que encontrou espaço para receber em contra-ataque nas costas de Paulo Miranda, lateral direito. O meia flamenguista entrou na área e finalizou, e exigiu grande defesa de Rogério Ceni.

Os problemas do São Paulo continuaram. Enquanto o Flamengo encontrava espaços, a formação são-paulina tentava se entrosar às pressas e entender exatamente as funções de cada um. O principal ponto fraco tricolor foi com Hudson, que atuou como meia direita, mesma função em que se destacou contra o Cruzeiro – neste sábado, porém, ele jogou mal, não apareceu como opção ofensiva e ainda recebeu o cartão amarelo. Deixaria o campo no intervalo.

Apesar da desorganização, o São Paulo conseguiu chegar à área do Flamengo e acabou o primeiro tempo com as duas principais chances do jogo. Se Hudson e Wesley erraram, Souza e principalmente Rodrigo Caio compensaram. A dupla de volantes passou a avançar e dar opções de passes no último terço de campo, e assim o São Paulo passou a chegar.

O São Paulo teve grande chance em cobrança de falta de Boschilia. O jovem meia, bem na partida, cobrou de pé esquerdo e viu a bola passar rente à trave de Paulo Victor. Depois, Wesley cobrou falta pelo lado esquerdo e achou Paulo Miranda na área. O defensor cabeceou nos pés do goleiro flamenguista, que salvou o gol.

No intervalo, Milton Cruz corrigiu parte dos problemas: tirou Hudson e colocou Paulo Henrique Ganso no jogo. O 4-4-1-1 se manteve, agora com Wesley pela direita, Boschilia pela esquerda e Ganso à frente.

A mudança mostrou um São Paulo mais organizado, mas a primeira grande chance do segundo tempo foi do Flamengo. Anderson Pico achou Everton pela esquerda, em profundidade. O meia cruzou baixo para o segundo pau, e Gabriel completou para o gol. Rogério Ceni saiu nos pés do adversário e fez defesa decisiva com o pé direito.

Na sequência, o São Paulo respondeu com grande chance. Ganso fez grande jogada pela direita, Wesley e Paulo Miranda tabelaram e a bola sobrou para Luis Fabiano finalizar. O lateral flamenguista Anderson Pico salvou na linha do gol e mandou para escanteio.

O Flamengo ainda teve chance de marcar do meio e campo quando Ganso e Dória falharam. O meia passou para o zagueiro, para trás, com muita força. Dória ainda preferiu deixar para Ceni, e acabou colocando o capitão em situação complicada. Marcelo Cirino começou a perseguir a bola e forçou que Ceni saísse de carrinho na intermediária. Após dividida, a bola sobrou para Canteros, do Flamengo, quase no meio de campo. Ele arriscou o chute com Ceni fora do gol e viu a bola bater na rede de cima da baliza são-paulina.

Alexandre Pato mudou o jogo no minuto em que entrou para substituir Boschilia. Dominou na intermediária, levou a bola em diagonal mais para perto da área, deixou para Wesley e viu o volante encontrar Luis Fabiano em lindo passe pelo alto. Luis Fabiano antecipou o movimento e saiu antes da zaga do Flamengo para cabecear e abrir o placar.

O segundo gol definiu que a entrada de Pato mudou o jogo. Ganso saiu da direita para o centro com a bola dominada, esperou Pato se desmarcar na área flamenguista e tocou em profundidade para o companheiro. Pato olhou para Paulo Victor e finalizou no contrapé, ampliando o placar: 2 a 0.

O Flamengo descontou no fim do jogo, com Everton, em cobrança de pênalti, marcado depois de bola no braço de Ganso.

O melhor – Rodrigo Caio: Jogou como volante e não como zagueiro, sua posição preferida. Mesmo assim, teve inteligência para consertar parte dos problemas do meio de campo são-paulino. Buscou jogo para aliviar a dificuldade na saída de bola e foi a área para compensar a falta de jogadores de profundidade. Grane atuação daquele que resolveu problemas do São Paulo na crise de 2013 e que interessa ao Atlético de Madri.

O pior – Hudson: Esteve muito longe do bom nível apresentado nos outros jogos sob o comando de Milton Cruz. Teve problemas para chegar ao último terço de campo e recebeu o cartão amarelo por carrinho desnecessário. Saiu no intervalo.

Desfalques. O São Paulo não contou com Bruno, Rafael Toloi, Denilson e Centurión, poupados. Ainda deixou Ganso e Pato no banco, também poupados. Michel Bastos não participou do jogo porque ainda se recupera de dengue. Carlinhos, que jogaria na lateral esquerda, sentiu contratura horas antes do jogo e obrigou Reinaldo a jogar.

Olho na Libertadores. O São Paulo prioriza a Copa Libertadores, na qual enfrenta o Cruzeiro na próxima quarta-feira, no Mineirão. O primeiro jogo foi vencido pelo clube paulista por 1 a 0, gol de Centurión.

Samba no hino. O hino nacional de abertura do Brasileirão, no Morumbi, foi cantado por Péricles, no gramado do Morumbi. Em ritmo de samba o cantor animou os poucos presentes no estádio.

Visita de Luxemburgo. Procurado pelo presidente são-paulino Carlos Miguel Aidar para substituir Muricy Ramalho, o técnico flamenguista Vanderlei Luxemburgo visitou o Morumbi neste domingo, dia em que completou 63 anos.

Apoio a Milton. Torcedores comuns e organizados gritaram o nome do interino em coro depois do gol de Luis Fabiano, que abriu o placar.