Oswaldo de Oliveira lançou mão de uma metáfora para explicar as mudanças que foi obrigado a fazer no Flamengo para o jogo desta quinta-feira, contra o Cruzeiro. Sem Márcio Araújo, Canteros e Everton, todos suspensos, optou por Jonas, Luiz Antonio e Paulinho. Os dois primeiros não vinham atuando, e a brusca alteração foi classificada pelo treinador como um “transplante do coração”. Deu certo, o Rubro-Negro venceu por 2 a 0, mas o comandante admite que seu time sofreu com as tentativas do adversário de explorar o tal “transplante”. (veja os gols abaixo)
– Houve mudanças de posturas das duas equipes no primeiro e no segundo tempo. O Cruzeiro veio apostando no nosso erro e isso nos dificultou muito. Jogou nos nossos passes errados e buscando os contra-ataques. Isso muito em função que o transplante de coração que o Flamengo fez. Fla tirou um coração e colocou outro. Colocamos dois jogadores que não vinham, jogando. Fomos ajudados pelo lance do gol em nossa primeira jogada preparada, quem acompanha os treinos observa. No segundo tempo, nós invertemos a posição: assumimos a postura que eles tinham no primeiro tempo. Jogávamos no erro deles, puxando os contra-ataques e acabamos marcando mais um gol – disse o treinador.
Em longa entrevista que durou quase meia hora, Oswaldo elogiou Alan Patrick, destaque do time em mais uma vitória rubro-negra. O meia ainda acabou suspenso pelo terceiro cartão amarelo e não joga contra a Chapecoense, domingo. Oswaldo adiantou que a ausência vai provocar mudança na forma de jogar da equipe.
– Hoje é um jogador importantíssimo. Ele tem essa qualidade de armar o jogo, ele é esse jogador. Tem uma habilidade incrível e uma visão de jogo excepcional. Tem o dom de virar o jogo, vislumbrar um jogador livre. Provavelmente vamos ter que mudar um pouco a forma de jogar da equipe.
Oswaldo de Oliveira chegou a quinta vitória em cinco jogos no comando da equipe no Brasileirão. Rendimento que levou o Flamengo a quebrar um longo jejum. Após 137 rodadas, o Rubro-Negro está de volta ao G-4 da competição. Nada que mude o jeito Oswaldo de ser. Sereno, o técnico tratou de conter a euforia depois de ser perguntado sobre o lema “deixou chegar”.
– Nem só de máxima vive o Flamengo. Temos que olhar sempre o obstáculo à frente. Mas não podemos nos levar pela magia do horizonte. É focar no próximo obstáculo – afirmou o técnico.
Confira outros tópicos abordados pelo treinador:
FASE E SUSPENSÃO DE ALAN PATRICK
Lá (no Palmeiras) ele se machucou seriamente duas vezes. Em uma se cogitou até uma cirurgia. Palmeiras contratou 25 jogadores, muitos na posição dele. Mas inegavelmente é um jogador de qualidade. Aqui teve oportunidade de se recuperar e render o que pode render. Hoje é um jogador importantíssimo. Ele tem essa qualidade de armar o jogo, ele é esse jogador. Tem uma habilidade incrível e uma visão de jogo excepcional. Tem o dom de virar o jogo, vislumbrar um jogador livre. Provavelmente vamos ter que mudar um pouco a forma de jogar da equipe.
Nota da Redação: Alan Patrick levou o terceiro amarelo e não vai enfrentar a Chapecoense, na próxima rodada.
DESFALQUES
Não tive surpresa (com o rendimento), mas eu tinha preocupação. Principalmente com jogadores que vinham de contusão e não atuavam. Houve um tempo de adaptação deles na partida. A medida que o jogo foi passando foram entrando no jogo e acabaram mostrando que o Flamengo não tem só 11 jogadores. Tem um elenco disposto e muito a fim.
JOGADA DO PRIMEIRO GOL E LUIZ ANTONIO
Discordo que achamos o gol. Preparamos essa situação. Insistimos muito e concretizamos. Nos treinamentos repetimos muito isso. O Luiz Antonio vinha se adaptando ao jogo, cresceu de produção e fez um golaço.
ATUAÇÃO DE JORGE APÓS VIAGEM
Foi muito legal porque ele estava muito disposto, tranquilo. Foi logo me dizendo que dormiu a noite toda no voo. Acho que entrou bem, cumpriu tudo muito bem.
RENASCIMENTO DE LUIZ ANTÔNIO
O Luiz eu conheço há pouco tempo e tenho conversando muito com ele. Jayme auxilia muito na formação. Tenho tentado passar confiança pra ele. Aquela reação (comemoração emocionada) vem de toda a história que ele teve, alguns problemas. Fazer um gol daquela importância, daquele brilhantismo… Ele não conseguiu controlar.
MUDOU COM OSWALDO?
Eu acho que o Flamengo tem uma equipe qualificada, que tentava essas vitórias consecutivas. Eu acho que o efeito é dos jogadores. Realmente eu tenho treinado mais a equipe reserva, os jogadores que não iniciam. No treino com a equipe titular eu tenho que ser contido, mais teórico, usando muito audiovisual para ilustrar aquilo que eu quero. Isso vai muito dos jogadores.
PRÓXIMOS ADVERSÁRIOS
Se você olhar para o todo é amedrontador. Mas não vamos pensar neles todos de uma vez. Um de cada vez. Agora vamos pensar na Chapecoense. Até lá algumas coisas podem mudar.
EFICIÊNCIA DA DEFESA NO ALTO
Praticamente passamos o primeiro tempo sem ser ameaçado em nenhum momento, só em uma bola. Depois a nossa defesa se deu muito bem. Esse é um fantasma que conseguimos afastar.
TORCIDA
Isso é um capítulo à parte. Negócio maravilhoso. Foi fundamental. Principalmente no final, nos deu muita força. Aquele negócio de “Vamos, Flamengo”… Isso dá uma força muito grande, muito forte. Mexe com a gente ali fora, imagina com quem está dentro do campo. A torcida faz o jogador tirar força de onde não tem.
ESPERAVA ESSA SEQUÊNCIA LOGO DE INÍCIO?
Esperar eu não espera, mas eu queria muito. Vamos buscar mais forças. O conhecimento do elenco é gradativo. Alguns a gente já tinha mais proximidade. No aspecto individual tenho conhecido a cada jogo. Mas mais importante é a ação coletiva. Eu acho que os jogadores passam a acreditar mais no coletivo. Jogar o jogo fazendo o que cada o momento do jogo pede.
OPINIÃO SOBRE A CRIAÇÃO DA SUL-MINAS
Eu acho que é uma inovação. Já teve uma taça Sul-Minas, acho que foi em 2011. Acho legal. Poucos países têm a dimensão territorial que o Brasil tem. Poucos países têm as dificuldades que temos de deslocamento. Regionalizar com qualidade é uma iniciativa legal. Mas isso é uma semente. Num primeiro momento, a ideia é ótima.