REFLEXÃO; Armadura de Deus – O Escudo da Fé (Efésios 6:16)


“Embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno”
Efésios 6:16.

 

Introdução
Todo mundo já ouviu falar do “escudo da fé”. Este é um dos itens mais famosos da armadura. Ele, aliás, serve até de símbolo para algumas marcas cristãs, mas a realidade por trás destas poucas palavras é tremendamente grande. Antes de desenvolver esse assunto, vejamos alguns pontos pertinentes a ele.
A Fé
A primeira coisa que devemos entender é o que é, afinal, esta fé. Hoje, muita gente usa essa palavra para vários fins, mas o objetivo real dessa palavra pode ser encontrado na bíblia no livro de Hebreus, capítulo 11:1: “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem”. De acordo com esse versículo, a fé é a base firme das coisas que esperamos e das coisas que não vemos. A fé, portanto, atua em duas frentes: as coisas que esperamos e as coisas que não vemos.
A guerra espiritual é um bom exemplo das coisas que não vemos. A realidade espiritual é muito viva e atuante mesmo que nós não consigamos vê-la com nossos olhos. Por outro lado, as coisas que esperamos não são necessariamente as coisas que não vemos. No nosso dia-a-dia, a fé deve ser atuante em muitas frentes, mesmo porque se nos dedicamos a viver, com integridade, a vida cristã, passaremos por maus bocados. E é aí que a fé entra para nos sanar todas as coisas. Na verdade, a fé bíblica do passado vislumbrou, em grande medida, as coisas que se esperam, como foi com Abraão. Ele creu contra sua própria sorte, pois sendo velho e estéril, não podia ter filhos, mas independente da sua realidade, ele creu nas palavras de Deus, que prometeram que ele seria pai de muitas nações. Não é a toa que ele é chamado de “Pai da fé”.
Isso nos mostra que, apesar da fé ser espiritual e tratar das coisas que não vemos, ela também é totalmente atuante em nossas vidas práticas, mas não para nos conceder aquilo que queremos. Pelo contrário! A fé se baseia na vontade e direção de Deus para nossa vida. Veja que foi Deus quem determinou que Abraão seria pai de muitas nações e não Abraão que, pelo muito orar, recebeu isso do Senhor.
Devemos buscar entender qual seja a vontade de Deus para nossa vida.
Como adquirir a Fé?
Entender o conceito de fé, que não é dos mais complicados de se entender, não é o centro da questão. Na verdade, o grande desafio da fé é adquiri-la. Como podemos ter fé?
Antes de mais nada, temos que entender que a fé é dom de Deus. Se não temos o Senhor Jesus, certamente não teremos nenhuma fé. Como Paulo nos mostra na carta de Romanos, no capítulo 10:17: “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus”. Assim, entendemos que a fé é um dom gerado pelo ouvir da palavra de Deus, que opera em nosso interior poderosamente a tal ponto de gerar fé nesse processo. Não se trata de uma receita de bolo, mas de uma realidade de vida com o Senhor. Se ouvirmos Dele a Sua palavra, certamente seremos homens cheios de fé e de intrepidez.
Quanto mais crermos em nosso Senhor Jesus e na palavra daquele que enche tudo em todas as coisas, mais seremos cheios de fé. João 17 nos diz que a palavra é a VERDADE. Ah! Como devemos crer na palavra de Deus como a VERDADE! Como podemos ser cheios de fé se não cremos nas escrituras? Se a palavra me diz: “E estes sinais seguirão aos que crerem” (Marcos 16:17a), e na prática não me seguirem, o que está faltando? A resposta é Fé. Se eu não creio que os sinais podem me seguir, certamente não seguirão? Porém, se eu tomo essa palavra como uma realidade, ainda que invisível em minha vida, aí sim, pelo poder do Espírito Santo, ela se tornará uma realidade prática e logo os sinais nos seguirão. Não há dúvida quanto a isso. A realidade da fé é mais real do que o ar que nós respiramos.
O grande problema, nesse sentido, é que a palavra hoje em dia não é tomada dessa forma. Pelo contrário! A palavra se tornou objeto de estudo e discussão. Cada denominação possui o seu próprio dogma e crença em detrimento de outras. As palavras são analisadas e discutidas como qualquer texto. Ah, irmãos! A palavra precisa ser vivida e não discutida ou analisada. Se a palavra me diz: “Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo” (Salmo 23:4), e a minha reação é racionalizar o que está escrito, isso nada mais é do que uma religião morta em si mesma. Entretanto, se a palavra viva e eficaz gera em mim essa fé prática, então eu passarei pelo vale da sombra da morte e realmente não temerei coisa alguma! Nem mesmo a morte, caso fosse apresentada diante de mim, porque a palavra de Deus é viva, eficaz e poderosa para nos livrar, se necessário, até desse vale tenebroso. Por isso, não temerei mal algum contra mim.
Essa realidade viva da palavra lança por terra muitos problemas cristãos. Se cremos, de fato, na palavra, não teremos problema com o pecado, pois foi Jesus quem morreu por nós. O Cordeiro santo de Deus que veio ao mundo e que deu a sua vida para redimir o nosso pecado de modo algum morreu em vão. Eu creio na obra de Cristo na cruz, portanto, meu pecado foi, de uma vez por todas, tratado e perdoado.
Igualmente, nós devemos crer no poder e na autoridade outorgada por Deus à Igreja. O corpo santo do Senhor não sabe o poder que detém. Se soubéssemos do que a Igreja é capaz, certamente o mundo seria um lugar diferente. Voltemos à palavra em Lucas: “E estes sinais seguirão aos que crerem: em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão” (Marcos 16:17-18). Essa palavra fala exatamente do que a Igreja é capaz. Uma vez que somos cheios do Espírito Santo, os sinais nos seguirão naturalmente. E nós devemos crer que a Igreja é capaz de realizar todas essas coisas e muitas mais. Irmãos, a Igreja foi colocada por Deus como Sua representação nessa Terra. Como nós estamos aquém dessa responsabilidade! Nós devemos mudar a nossa vida, crendo naquilo que Deus nos deu. Os sinais só seguirão aqueles que crerem, então creia! Não como regra, mas como realidade e vida prática. Você verá o agir de Deus em sua vida.
A prática, aliás, é grande sinal da fé e ambas andam juntas. Tiago 2:17 nos diz que “a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma” (Tiago 2:17). A fé, naturalmente, resultará uma realidade em sua vida. Deus não gera fé em nossos corações por seu bel prazer ou apenas para que o homem desfrute dessa fé. Uma frase que demonstra isso pode ser encontrada em Efésios 1:19: “[…] segundo a operação da força do seu poder […]”. Essa é uma frase dentro de um contexto específico, mas aqui eu apenas gostaria de salientar uma realidade, que é o poder excelso de um Deus operante. O poder de Deus não se esconde por trás das nuvens do céu, mas ele opera com poder através da Igreja, o corpo majestoso de Cristo.
O Escudo
Finalmente, chegamos à parte do escudo. O escudo que é retratado na armadura de Efésios é um escudo romano. Esse escudo, chamado ‘scutum’, era aquele escudo longo que cobria dos pés à cabeça. Muitas vezes, imaginamos um escudo redondo e pequeno, mas aqui, Paulo especifica esse tipo de escudo que é muito peculiar ao exército romano e muito significativo na simbologia que ele empregou para as armas espirituais.
O escudo romano, assim como o escudo da fé, tinha dois objetivos principais. O objetivo primário era a proteção do exército contra as lanças, flechas e espadas inimigas. Todavia, existe um segundo aspecto não tão conhecido. O escudo era usado para possibilitar o avanço de toda uma legião. Essa tática ficou conhecida historicamente como “formação tartaruga”, pois era forte e defensivamente rígida como o casco de uma tartaruga. Por mais lentos que fossem as legiões romanas, elas eram firmes e poderosas contra os inimigos.
O exemplo de Paulo nessa armadura também objetiva esses dois aspectos. Primeiramente, vemos o escudo como a principal arma de defesa. A fé, como peça fundamental contra os dardos do diabo. E, de fato, sem fé não conseguiríamos permanecer contra os intentos do inimigo. Seria impossível viver a vida de Deus sem esse escudo de defesa, mesmo porque, constantemente, somos atacados pelo inimigo e, uma vez sem esse escudo, seríamos alvos fáceis.
O segundo aspecto tem a função de mobilidade. A força defensiva do escudo permite à Igreja contra-atacar o inimigo. A palavra nos diz que as portas do inferno não prevaleceriam contra a Igreja de Jesus (Mateus 16:18). Aqui, Jesus está claramente demonstrando um aspecto ofensivo da Igreja, e assim podemos dizer que pela fé poderemos avançar contra as portas do inferno. Se temos pensado na fé enquanto uma certeza que se realiza, podemos também dizer que, quando evangelizamos e as pessoas se convertem, estamos atuando exatamente nesse sentido da fé e roubando o inferno. Certamente, suas portas não prevalecerão contra nós. Esse é só um exemplo da fé operante, mas existem outros. O exemplo de Jesus, em Lucas 4, é um excelente exemplo do escudo sendo usado na defensiva. Ali, Jesus se firmou na palavra com tamanha fé que o diabo nada teve a fazer senão recuar. O que isso nos lembra? Tiago 4:7 nos diz: “Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós”.
Os dardos inflamados
Ao escrever esse estudo, eu achei por bem adicionar um rápido comentário sobre os dardos do diabo para auxiliar os irmãos na prática. Afinal, onde o diabo ataca a Igreja? Eu seria simplista se falasse apenas do pecado, portanto, irei além. O diabo usa muitas mentiras diferentes para nos acusar (João 8:44c), dentre elas, a de que o pecado não pode ser esquecido. Um dos dardos do diabo, aliás, é nos culpar baseado em algum pecado que cometemos. Quem nunca se lembrou daquele pecadão bem na hora do culto? Ou bem no momento de orar por alguém? Esse é um dardo que o diabo usa para tirar a nossa autoridade e nos tirar também da presença de Deus. Entretanto, se nós cremos na obra reconciliadora de Jesus na cruz, esse ataque de nada servirá! Glória a Deus que nos redimiu por completo! Aleluia! Creia e viva.
Porém, existem dardos menos perceptivos que o diabo lança na Igreja. Hoje em dia, existem muitas coisas que o diabo usa para minar o trabalho de Deus nos homens e são esses ataques que mais devemos atentar. São aqueles ataques que parecem inofensivos, mas que causam muito dano. Um deles são as opiniões. Vivemos na era do “eu acho”. Quantas vezes, ao compartilhar uma palavra simples e objetiva, eu ouvi uma resposta do tipo: “Ah! Mas eu acho que não é bem assim”. Você percebe a sutileza? O diabo consegue te induzir a racionalizar uma palavra prática, tornando-a, assim, infrutífera. Talvez a pessoa não saiba, mas ela acabou de ser enganada pelo diabo.
Nesse mesmo pensamento, percebemos as muitas falsas doutrinas que maculam a obra do Senhor. Muitas vezes, a doutrina é bíblica (ainda que parcialmente) e os irmãos têm até uma boa intenção. Da mesma forma são as filosofias e pensamentos. Tudo isso pode racionalizar a palavra de Deus e fazer com que o poder de Deus seja posto em segundo plano. A cultura mundana do conhecimento e da informação faz com que nós tenhamos a obrigação de saber sobre tudo e querer entender o significado de todas as coisas, mas não é bem assim que devemos caminhar. A única coisa a qual precisamos reter nossa atenção é a graça que nos foi manifesta em Cristo Jesus (1 Pedro 1:13b). Isso nos basta. Se nos firmássemos nessa graça, não haveria espaço para racionalizações nem para nenhum dardo do diabo contra a Igreja.
Existem muitos outros dardos, mas não é o nosso objetivo tratar deles aqui. O antídoto ideal contra os dardos do diabo é crer na palavra como a Verdade. Ninguém é maior que o poder manifestado na Verdade. Escute a sabedoria dela com zelo e paixão e dificilmente você será enganado pelas artimanhas do diabo.images
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Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

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