Blog do Levany Júnior

Políticos dizem esperar das ruas o motor das mudanças do país. Tudo jogo de cena. Sabem o que deve ser feito, mas não fazem

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Dois mil e catorze trouxe com ele a expectativa de reedição das manifestações populares ocorridas em 2013.

As ruas serão reocupadas? Os protestos interferirão nas urnas? Sobram perguntas e suposições sobre a questão.

Na verdade, porém, o efeito de um novo levante sobre as eleições é uma incógnita.

O fato de as manifestações terem ficado circunscritas àquele período de visibilidade mundial sobre o Brasil, quando o país sediava a Copa das Confederações, chama a atenção.

Após aquele momento, episódios de falta de decoro e desonestidade de políticos aconteceram e não foi vista uma única bandeira ou ouvido algum grito contrário.

Renan Calheiros usou avião da FAB para vir ao Recife implantar cabelo e não se viu indignação. Do mesmo modo, dez dos 23 vereadores de Caruaru foram presos, acusados de envolvimento num esquema de propina, e não houve barulho.

De concreto, sabe-se que a classe política, pelo menos naquela época, ficou na berlinda.

As pesquisas apontaram recuo nas avaliações de governo de norte a sul do país, o que levou pré-candidatos a se mostrarem “alinhados” ao pensamento das ruas e exímios entendedores do fenômeno.

Muitos afirmaram ter captado o sentimento da população e passaram a se portar como seres capacitados a atender as reivindicações apresentadas.

O governo federal, por sua vez, buscou dar “respostas” ao povo. Porém, agiu de modo reativo e não se sabe se obteve êxito.

Em suma, os políticos tentaram se ajustar ao “perigo” premente que o levante representa ou pode representar para quem quer e precisa de voto.

No discurso, trataram de enfatizar que “é preciso ouvir as ruas”, como se isso lhes assegurasse alguma certeza de que, estando atento aos sinais, serão merecedores da confiança do eleitor.

Na verdade, muito além dos atos de rua, existe uma carência evidente de serviços, de aplicação devida de recursos, de transparência nas gestões, de vontade política.

Se os eleitos agissem regidos pelo espírito público, talvez os protestos nem tivessem razão de ser.

Sempre souberam – Há que se destacar ainda que os ocupantes do poder sempre souberam, com ou sem manifestações, o que deve ser feito nas esferas de administração.

Sempre tiveram ciência da necessidade de reformas. Lamentavelmente boa parte segue a cartilha do interesse pessoal e sofre de crônica desidratação ética e moral.

E agora aposta nas ruas como motor das mudanças necessárias na política. Esperemos sentados.

 

 

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