Projetada para ser o ‘pulmão’ hídrico do Rio Grande do Norte, a barragem Armando Ribeiro Gonçalves, respira com dificuldades. O maior reservatório do estado alcançou, neste mês, uma das piores médias históricas de reserva de água: 30,4% da capacidade total (2,4 bilhões de metros cúbicos). Desde o ano passado, a Agência Nacional de Águas (ANA), gestora do reservatório, diminui a distribuição de água pelo reservatório. Com a capacidade total, a barragem consegue liberar até 17 metros cúbicos de água por segundo: hoje, a média é de 9,59 m³/segundo, quase metade da capacidade.
Construída na década de 1980 no município de Itajá, a barragem tinha como foco suprir a demanda de água para o projeto de irrigação do Vale do Assú. A região é dividida em dois lotes, mas apenas um funciona e está sob responsabilidade do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca. Atualmente, 72% (ou 6,8 m³/segundo) da vazão da barragem é destinada à irrigação às margens do Rio Piranhas-Açú. Já a demanda de abastecimento de 34 municípios do estado é atendida por uma vazão de 1,1 m³/segundo.
Entretanto, a ANA iniciou estudos para conter a demanda destinada à irrigação. De acordo com o superintendente de planejamento da agência, Sérgio Ayrimoraes, um plano estadual para gestão de bacias hidrográficas foi apresentado na última sexta-feira (6) com o objetivo de delimitar um “marco regulatório” do uso das águas no RN.
Informalmente, porém, há uma previsão de que, caso não chova até março, seja suspenso ou pelo menos restrito o abastecimento para irrigação, de acordo com o DNOCS, órgão que administra o perímetro irrigado do Baixo Assú. O coordenador estadual José Eduardo Alves Wanderley, afirma que, com a chegada da barragem a níveis críticos, é possível que haja novo corte na vazão.“No ano passado compramos hidrômetros, pois o principal problema não é a irrigação, mas o desperdício. Agora, como as previsões de chuva até março são muito ruins, acredito que a ANA vai tomar alguma medida se não para suspensão, mas para restrição da água”, pontua.