Contudo, o relator da CPI da Petrobras, Luiz Sérgio (PT-RJ) questionou o ex-gerente sobre o início desse esquema de pagamento de propina e insistiu para que desse detalhes de como ele ocorria ainda na década de 1990, durante o governo do tucano Fernando Henrique Cardoso. “Comecei a receber propina em 1997, 1998. Foi uma iniciativa pessoal, minha, com um representante comercial da empresa”, afirmou. “De forma mais ampla, em contato com outras pessoas da Petrobras, de forma mais institucionalizada, foi a partir de 2003, 2004. Não sei precisar a data.”
Barusco afirmou que, na década de 1990, ocupava um cargo menor na estatal, não fechava contratos e não tinha conhecimento se outras pessoas recebiam propina. O relator, então, perguntou como ele negociava pagamentos ilegais naquele momento. “Em relação a esse período eu não vou dar mais detalhes porque existe uma operação em curso e eu me reservo o direito de não comentar”, respondeu Barusco.
Barusco se disse arrependido de ter recebido propina na negociação de contratos da estatal. “Este é um caminho que não tem volta”, afirmou ao responder ao relator Luiz Sérgio.
Barusco fez acordo para repatriar US$ 100 milhões que havia desviado para contas na Suíça. “Esse repatriamento que estou fazendo agora me dá um alívio”, disse Barusco, alegando que teve “fraqueza de começar” e que depois viveu uma sensação de “quase apavoramento”.
“É um caminho que não recomendo para ninguém. É muito doloroso”, afirmou. Segundo Barusco, uma parte do dinheiro já foi repatriada, mas ele não mencionou valores.
Governança
Quanto a governança da estatal, apesar de ser considerada boa para ele, Barusco disse que o que existia era a formação de cartéis externos. “O problema não está localizado nas comissões de licitações”, afirmou.
Barusco revelou que recebia a propina toda praticamente no exterior e que apenas “alguma coisa” foi recebida em espécie no Brasil. “Nunca paguei ou transferi recurso para ninguém”, declarou.
Segundo ele, o envolvimento com agente político era feito no momento da divisão da propina e que ele e o ex-diretor Renato Duque cuidavam da propina, além do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. O mecanismo envolvia representante da empresa e ele, Duque e Vaccari eram “protagonistas”.
Estadão Conteúdo