Já virou rotina: no programa eleitoral de Robinson Faria (PSD) na televisão e no rádio, os últimos minutos são dedicados a Henrique Eduardo Alves (PMDB). E claro que, como se trata de um adversário na disputa pelo Governo do RN, nada de positivo é mostrado. Pelo contrário. Robinson está usando esses minutos para relembrar os vários escândalos envolvendo o peemedebista. Tanto que a coligação de Henrique já buscou na Justiça Eleitoral o direito de responder a alguns deles.
O quadro é intitulado “Entenda o Escândalo” e foi exibido nos três últimos programas de Robinson Faria. “Bode Galeginho” foi o título do mais recente, relembrando o caso envolvendo verbas federais, uma empresa supostamente de fachada, um bode e o assessor parlamentar de Henrique. Além desse episódio, a propaganda eleitoral de Robinson já citou a polêmica da utilização do avião da Força Aérea Brasileira (FAB) e a que envolveu o Departamento de Obras Contra a Seca (Dnocs) e o ex-deputado Elias Fernandes.
Sobre o “Bode Galeguinho”, que foi ao ar no programa de quarta-feira, foi utilizada informações publicadas pela imprensa nacional. “A Folha de São Paulo revelou em janeiro de 2013 que Henrique Alves enviou R$ 6 milhões em emendas parlamentares para uma empresa que pertencia a um de seus assessores. A Bonacci Engenharia deveria construir casas e praças em 20 cidades do interior do RN. Acabou virando retrato de um escândalo nacional. Um repórter da Folha foi até o endereço da tal empresa e encontrou apenas uma casa velha num bairro de classe média baixa de Natal. A casa era vigiada por um bode conhecido como Galeguinho e nem de longe parecia ser sede de uma empresa que poderia tocar obra no valor de R$ 6 milhões. Quando a Folha pediu para o nobre deputado explicar porque dinheiro público estava sendo enviado por ele para uma empresa tão suspeita, Henrique Alves respondeu: ‘Não sou eu que tem que explicar. É a empresa’. O assessor foi demitido e até hoje o escândalo do Bode Galeguinho não foi explicado por Henrique”, afirmou o narrador do programa, enquanto passavam imagens de jornais e sites com as denúncias contra Henrique.
Antes, no programa que foi ao ar na terça-feira, Robinson Faria mostrou o caso do avião da FAB. “Em julho de 2013, a Folha de São Paulo revelou que Henrique Alves utilizou um avião da FAB, pago com dinheiro público, para levar parentes à final da Copa das Confederações no Rio de Janeiro. O avião veio de Brasília até Natal para buscar o nobre deputado, mais um grupo de seis pessoas. A turma assistiu ao jogo no Maracanã e depois o avião trouxe todos de volta para Natal”, relembrou o narrador do programa.
“Henrique Alves primeiro disse que tinha ido ao RJ a trabalho e apenas deu uma ‘caroninha’ para a família. Depois, resolveu ressarcir os cofres públicos. Para calcular o rombo, usou como base os voos comerciais e pagou cerca de R$ 9 mil. O custo estimado da viagem, segundo a Folha de SP, deveria ser de R$ 158 mil”, acrescentou, continuando a rememoração da polêmica.
“Mas não é só isso. O avião da FAB voltou à tona nesta eleição. O TRE investiga o possível uso indevido da aeronave na campanha de Henrique Alves, o que poderia configurar abuso de poder. A corregedora eleitoral já solicitou aos órgãos competentes informações sobre todos os voos de que Henrique fez no avião da FAB de abril até agora. Se o uso indevido for confirmado, a candidatura de Henrique Alves pode ser cassada e ele poderá ficar oito anos inelegível”, finalizou o texto.
Henrique ganha direito de resposta para explicar a polêmica do Dnocs
É bem verdade que o primeiro escândalo mostrado no programa de Robinson Faria (PSD) envolvendo Henrique Eduardo Alves (PMDB) não repercutiu muito bem. Afinal, a Justiça Eleitoral determinou o direito de resposta para que a coligação do PMDB explicar o caso do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs), e o ex-deputado Elias Fernandes, indicação de Henrique para a direção do órgão.
“Em 2007, Henrique indicou Elias Fernandes, seu apadrinhado político para dirigir o órgão que atua em todo o Nordeste contra a seca. Esse diretor foi demitido por suspeita de irregularidades que causaram um rombo de R$ 312 milhões. Este é mais um escândalo envolvendo Henrique, que recentemente viu seu nome citado em outro escândalo. Com poços, mas dessa vez, o da Petrobras”, relembrou o narrador ao falar do caso.
O problema é que, para o juiz eleitoral Cícero Martins de Macedo, Henrique Alves e Elias Fernandes “lograram êxito, a meu sentir, em comprovar a inverdade das informações divulgadas na propaganda impugnada, de modo que entendo fazerem jus ao direito de resposta”. “Constam nos autos documentos oriundos do TCU que informam não ter havido irregularidades nas obras da Barragem de Congonhas. Percebe-se que as afirmações contidas na propaganda impugnada carecem de substrato verídico”, complementa o magistrado.
O direito de resposta será exercido na propaganda noturna e terá duração de dois minutos, um para Henrique e outro para Elias. Além disso, o juiz ainda determinou multa de R$ 10 mil em caso de nova reprodução da propaganda impugnada pela Justiça. Além disso, Elias Fernandes já afirmou que irá processar Robinson pelo mesmo motivo.
Segundo Elias, já foram “tomadas às medidas judiciais cabíveis para que este tipo de leviandade, ao que parece costumeira na campanha do referido adversário, não atinja nem a minha honra e nem a honra de nenhum cidadão de bem do nosso Estado”. De acordo com Fernandes, Robinson Faria utilizou informações distorcidas em seu programa.
“O infeliz candidato atribuiu a mim ações que foram implementadas no Dnocs em 2002, relatados em relatório de auditoria da CGU, que dizia respeito à implantação de gratificação salarial de servidores do órgão e de contrato para construção de uma barragem em Minas Gerais, obra sequer iniciada cujo contrato foi extinto”, disse Elias Fernandes.