PENDÊNCIAS RN -Potiporã volta a produzir e anima a carcinicultura
Sem alarde, a Potiporã Aquicultura, no município de Pendências, voltou a operar a todo vapor. Fechada há dois anos e com sua área industrial praticamente desativada, a empresa do grupo Queiroz Galvão estava no centro de uma negociação, na época, de R$ 100 milhões, envolvendo os mil hectares de viveiros, os laboratórios localizados em São Miguel do Gostoso e toda a estrutura de beneficiamento de camarão. No começo de 2011, apenas uma fração do projeto considerado modelo estava produtiva.
Hoje, diferentemente das fazendas de camarão do Litoral Sul, que padecem com problemas como doenças nos viveiros, a Potiporã voltou a contratar em sua processadora de camarão e, segundo fontes do setor, já rivaliza com os maiores laboratório na exportação de pós-larvas para o visinho estado do Ceará.
Dois anos atrás, dos 1000 hectares de viveiros da Potiporã apenas 300 estavam produzindo. Desde as enchentes de 2008 e 2009, a empresa reduziu a área de viveiros, fechou seu beneficiamento e demitiu mais de 3.500 empregados. Agora, ao que parece, iniciou um importante movimento de retomada da produção.
Hoje, sabe-se que 300 mulheres já foram recontratadas para trabalhar no processamento de camarão. O negócio é um pequeno detalhe para a Queiroz Galvão, empresa presente em mais de 50 segmentos, entre eles construção civil, desenvolvimento imobiliário, alimentos, participações e concessões, óleo e gás, siderurgia e engenharia ambiental.
“Essa recuperação da Potiporã mostra que nem só de más notícias vive a carcinicultura do Rio Grande do Norte”, comemorou hoje o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Camarão, Itamar Rocha, reconduzido pela décima vez ao mesmo cargo.
Fenacam
Com a perspectiva de produzir este ano 25 mil toneladas de camarão – duas mil toneladas a mais que em 2011 -, o RN já entrou em contagem regressiva para receber pela nona vez o mais importante evento da carcinicultura brasileira – a Feira Nacional do Camarão, que acontece de 11 a 14 de junho no Centro de Convenções de Natal.
Com 40 conferencistas e 14 países envolvidos, entre eles China, Índia e Vietnam – os maiores produtores mundiais – o evento é considerado um marco de resistência à decadência imposta a carcinicultura e a aqüicultura brasileira.
“Em 2011, o Brasil importou 340 milhões de pescados pela bagatela de US$ 1.252 bilhão. Este ano, a conta vai para US$ 1.5 bilhão. Para um país de dimensões continentais, com uma imensa costa e uma privilegiada condição pluvial, é inadmissível que dos 34% de toda a carne que exportamos apenas 0,25% sejam de pescados”, analisa Rocha.
Apesar de possuir número significativo de produtores, 560 dos 1.300 existentes em todo o país, o RN continua na segunda posição na produção de camarão no Brasil, com 23 mil toneladas produzidas em 2011, atrás do Ceará, que produziu 30 mil toneladas no ano passado. Enchentes registradas em 2008 e 2009 nos principais pólos produtores potiguares reduziram em 2 mil hectares a área de viveiros do Estado. Desde então, o RN busca alcançar novamente a liderança nacional.
Em 2003, o estado chegou a exportar 58.455 toneladas de camarão e faturar US$ 226 milhões. Em 2011, porém, exportou apenas 108 toneladas e faturou minguados US$ 900 mil.
Itamar Rocha não tem dúvida que entre os fatores que levaram a carcinicultura potiguar a encolher nos últimos anos está a interferência de poderosos lobbies de importadores, interessados de abarrotar o mercado interno de camarão asiático, proveniente de países onde não há leis ambientais e nem trabalhistas. “É a velha hipocrisia brasileira, pois aqui temos leis rigorosas na hora de produzir, mas compramos de quem nem se importa com leis”, disse.
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