O método de interpretação da Bíblia usado pelos evangélicos atuais que seguem na esteira dos reformadores do século XVI é eventualmente denominado método histórico-gramatical. Uma das marcas desse modelo hermenêutico é sua forte ênfase no sentido literal do texto escriturístico. Para os defensores desse método de interpretação, as palavras da Bíblia têm apenas um significado, ou seja, aquele pretendido pelo autor sagrado. Até mesmo em face das figuras de linguagem, quando logicamente as palavras adquirem duplo sentido, os proponentes desse método entendem que a intenção autoral deve ser preservada como um fator que impõe limites ao intérprete, impedindo-o de atribuir ao texto significados oriundos da sua imaginação ou que atendam aos seus interesses e opiniões pessoais.
Esse método tão defendido nos séculos IV e V pelos teólogos da Escola de Antioquia e distintivo dos protestantes ao longo da história está em franca oposição ao chamado método alegórico, popularizado já na igreja antiga especialmente por Orígenes de Alexandria (185-253 d.C) e que consiste, grosso modo, na busca de um significado oculto por trás da letra. O método alegórico, praticado largamente pelo catolicismo romano, ainda que não despreze o sentido literal do texto bíblico, entende que há nele um sentido espiritual, mais profundo do que aquele que se obtém a partir de uma leitura natural. A tarefa do exegeta é descobrir esse sentido que transcende as palavras e até mesmo a intenção do autor inspirado.[1] É por adotarem esse método hermenêutico que muitos expositores católicos e também evangélicos sentem-se à vontade para fazer as interpretações mais extravagantes e absurdas da Bíblia.
A seção da Carta aos Gálatas colocada agora sob análise se constitui num grande desafio para os defensores do método histórico-gramatical. Isso porque o modo como Paulo interpreta a história de Sara e Hagar (Gn 16.15; 21.1-10) parece ser marcantemente alegórico, já que se afasta flagrantemente da intenção autoral e dá ao texto de Gênesis um sentido a que é impossível chegar pela via da leitura natural. Seria esse modo como Paulo lê a narrativa um “sinal verde” para o método alegórico? Pode o intérprete cristão moderno, seguindo o exemplo do Apóstolo, mergulhar no texto bíblico à busca de sentidos ocultos, no afã de descobrir verdades jamais sonhadas sequer pelos seus autores?
Os defensores do método histórico-gramatical têm explicado o procedimento de Paulo na texto em questão de três diferentes maneiras. A primeira é a afirmação de que ali o Apóstolo não estava “alegorizando”, mas sim traçando um paralelo entre o que aconteceu na história do povo de Israel e o que acontecia agora na igreja de seus dias. É o caso, portanto, de tipologia e não de alegoria.[2] Segundo esse entender, a palavra “alegoria” (ἀλληγορούμενα) constante do v. 24, teria um sentido pouco preciso, não podendo corroborar o método alegórico de interpretação. De fato, o argumento de Paulo no texto em análise é marcantemente comparativo. Diferente dos alegoristas, ele não trabalha com o texto isolado e, unicamente a partir dele, cria um sentido que considera adequado. Antes, apresenta duas realidades (o conflito entre Sara e Hagar e o conflito entre a velha e a nova aliança) e realça o que ambas têm em comum. Mais do que inventar sentidos, Paulo compara fatos e, dessa forma, vê nas duas mulheres tipos ou figuras das duas alianças agora em franca oposição. Ora, o uso de tipos é comum nas Escrituras (e.g., o sacerdote Melquisedeque, o cordeiro pascal, o Tabernáculo), sendo certo que só podem ser reconhecidos quando a própria Bíblia os aponta. É esse o caso em Gálatas 4.21-31.
A segunda maneira, também revestida de alto grau de plausibilidade, pela qual se explica o método hermenêutico de Paulo nesse texto em particular consiste na afirmação de que o Apóstolo está fazendo uso momentâneo de um método muito familiar para grande parte dos judeus que compunham o número de seus leitores. Com isso ele quer apenas usar mais um recurso para reforçar sua mensagem e não demonstrar como Gênesis deve ser lido. Esse entendimento, mais recente que o primeiro, se constitui realmente numa excelente hipótese. [3]
Finalmente, há o entendimento de que Paulo, ao associar Sara e Hagar aos conflitos teológicos de seu tempo, agia com uma capacitação especial dada pelo Espírito Santo. Como apóstolo, Paulo foi um instrumento de Deus para revelação de seus mistérios (1Co 2.1,7; Ef 3.3-9; Cl 1.26-27), sendo certo que, por meio do processo de inspiração das Escrituras, ele os registrou em suas cartas que hoje compõem o Novo Testamento. Foi no exercício desse dom apostólico que Paulo pôde vislumbrar o liame existente entre a história das duas mulheres e o conflito entre os “filhos” das duas alianças. O fim do período apostólico, já no primeiro século da Era Cristã, implica o fato de que ninguém mais tem autoridade para interpretar textos bíblicos da mesma forma como Paulo o fez em Gálatas 4.21-31.[4]
Das três linhas de argumentação acima expostas, todas são aceitáveis para o estudante honesto da Bíblia. Este deve tão-somente abster-se a todo custo do malfadado método alegórico, sob o risco de, ao adotá-lo em suas leituras e estudos, atribuir sentidos ao texto bíblico jamais pretendidos pelos escritores sagrados e, dessa forma, passar a seguir e defender idéias que sejam meros frutos de sua criatividade.
Assim, após lamentar o afeto que tinha perdido por parte dos galateus e expressar seu desejo de estar perto deles a fim de corrigi-los de maneira mais eficaz (vv.12-20), Paulo retoma a estratégia de ataque contra os mestres legalistas. É a eles e aos simpatizantes de seus ensinos que o Apóstolo se dirige diretamente agora, referindo-se a essas pessoas como “os que querem estar debaixo da Lei” (21[NVI]), ou seja, os que se submetiam à lei mosaica crendo que, com isso, poderiam obter a justificação (5.4).
Num tom provocativo, Paulo lhes pergunta: “Acaso vocês não ouvem a Lei?” Há aqui a sugestão de que era de se esperar que os mestres legalistas, com sua suposta autoridade espiritual, tivessem uma percepção mais clara da mensagem que a própria Lei, tão defendida por eles, transmitia. A pergunta de Paulo deixa claro que especialmente aqueles mestres, diferentemente dele, eram incapazes de captar as verdades profundas da Palavra e não estavam qualificados para apresentar mistérios antes desconhecidos, como os apóstolos de Cristo tinham autoridade para fazer (1Co 2.1,7; Ef 3.3-9; Cl 1.26-27).
A partir do v. 22 Paulo expõe o que tem em mente quando fala sobre a capacidade de ouvir a Lei. Ele menciona porções da história de Abraão, recordando que o grande patriarca teve dois filhos: Ismael, que nasceu de Hagar, a escrava (Gn 16.1-16); e Isaque, que nasceu de Sara, uma mulher livre (Gn 21.1-7).[5] O contraste na condição das duas mulheres (uma escrava e outra livre) é fundamental para o raciocínio que Paulo quer construir. Percebe-se, desde o início, que o Apóstolo pretende ressaltar a superioridade daquela que gera filhos livres sobre aquela que gera filhos escravos.
Prosseguindo, Paulo reforça o contraste entre as duas mulheres no v. 23, ao chamar a atenção para o fato de que o filho da escrava nasceu de modo natural (literalmente, “segundo a carne”), enquanto o filho de Sara nasceu de forma extraordinária, em cumprimento à promessa de Deus. Tem-se, então, afinal, duas realidades opostas, impossíveis de se harmonizar. De um lado, o nascimento de um escravo que passa a existir a partir de processos humanos comuns; de outro, o nascimento de um homem livre, só possível graças à intervenção poderosa de Deus que o traz ao mundo por causa de uma promessa que fez.
Vê-se desde já onde Paulo pretende chegar. Desses versículos se depreende de antemão que os mestres legalistas e seus discípulos galateus eram escravos e existiam como tais não como resultado da atuação milagrosa de Deus em suas vidas, mas sim em virtude de esforços humanos carnais. Por outro lado, os que buscavam a justificação pela fé em Cristo obtinham liberdade do jugo da Lei, eram livres e existiam como resultado da obra poderosa de Deus que fez a promessa de dar a bênção de Abraão, ou seja, a justificação e a herança, a todos os que têm a fé de Abraão (Rm 4.11-16).
No v. 24 o Apóstolo esclarece finalmente que aqueles fatos narrados em Gênesis têm um sentido figurado (Lit. “essas coisas são uma alegoria”), sendo que Sara e Hagar representam duas alianças. A escrava é uma figura da Aliança Mosaica, ou seja, a aliança da lei, estabelecida no Monte Sinai (Ex 34.29-32; Lv 26.46; Ne 9.13-14). Essa aliança, tão cara aos mestres legalistas e aos cristãos da Galácia tinha como marca distintiva a exigência de sujeição a regras e normas de diversas naturezas, impondo aos homens um peso que jamais podiam carregar (At 15.10) e gerando, dessa forma, escravos.
“Hagar é o monte Sinai, na Arábia”, diz Paulo (25), querendo com isso demonstrar o paralelo entre a serva de Abraão e o pacto da lei, firmado ao tempo do êxodo de Israel. Ademais, o Apóstolo esclarece que Hagar também é uma figura da Jerusalém dos seus dias, cujo povo permanecia debaixo do jugo da lei mosaica. Paulo menciona especificamente a cidade de Jerusalém porque nela se focalizava o culto israelita, sendo também ali o centro do judaísmo com sua ênfase na guarda da lei em seus mínimos detalhes.
De fato, Jerusalém era a grande fortaleza em que a lei de Moisés era protegida com um zelo que chegava às raias do fanatismo.[6] Ademais, é bem provável que os mestres judaizantes que estavam atuando de forma tão perniciosa junto aos cristãos da Galácia fossem procedentes de Jerusalém (At 15.1, 23-24) e se gloriassem no radicalismo daquela maravilhosa cidade. Talvez eles até se aproveitassem do fato de terem vindo de Jerusalém para afirmar sua autoridade, considerando o destaque que aquela cidade tinha como reconhecido núcleo religioso. Sendo esse o caso, pode-se entender porque Paulo mostra a real condição da metrópole de que tanto se jactavam. Na verdade, seus filhos, ou seja, seus cidadãos e todos os que adotavam seus princípios, homens tão meticulosos no tocante às determinações da antiga aliança, estavam sob escravidão, oprimidos sob o fardo de uma religiosidade exterior incapaz de tornar o homem livre e justo diante de Deus (Rm 3.20). Para Paulo, portanto, o sistema mosaico, em vez de criar novos israelitas, criava novos ismaelitas!
Em contraste com a Jerusalém terrena que, sendo serva como Hagar, é mãe de escravos, há a Jerusalém celestial que, como Sara, é livre (26). Essa Jerusalém também é mãe. De fato é nossa mãe, ou seja, mãe dos crentes, aqueles que são livres da Lei mediante a fé em Cristo (v. 31; Rm 7.6). Paulo se refere à Nova Aliança (1Co 11.25; 2Co 3.6; Hb 9.15) como “a Jerusalém lá de cima” porque seus filhos são gerados pelo poder do alto e, ainda que se encontrem por um tempo neste mundo, não têm aqui nenhuma cidade sagrada em que se concentrem (Hb 13.14). Antes são, na verdade, cidadãos celestes (Fp 3.20), homens livres cuja liberdade lhes advém do Pacto da Cruz, no qual Deus se compromete a dar a vida eterna aos que tão-somente crêem em seu Filho (Jo 6.40). A pátria deles está, pois, nos céus (Hb 11.10, 16; 12.22; 1Pe 2.11; Ap 21.2), mas a liberdade que têm como cidadãos do alto já é desfrutada aqui (5.1).
Mantendo viva a comparação entre os filhos da Nova Aliança e Isaque, o filho de Sara, Paulo recorda mais uma vez que, além de ambos serem gerados em liberdade, também ambos nasceram por causa do milagre realizado por Deus. Citando Isaías 54.1, o Apóstolo aponta para o fato de que o profeta se refere à Jerusalém restaurada como uma mulher que tinha sido estéril, mas que, por causa da promessa e do poder de Deus terá numerosos filhos (27). A princípio, o texto se refere à restauração da Jerusalém exilada em Babilônia.[7]Paulo, porém, movido pelo Espírito Santo, estende seu sentido para ensinar que os filhos da Jerusalém celeste, ou seja, do Novo Pacto, são obra sobrenatural do Senhor e também realçar o grande número de cidadãos dessa pátria gloriosa. De fato, a graça de Deus, ainda que a cada geração alcance um número comparativamente reduzido de pessoas (Mt 7.14; 22.14), ao final se mostrará como tendo sido eficaz na vida de uma multidão redimida ao longo dos séculos (Ap 5. 9-10; 7. 9).
O v. 28 inicia o desfecho de toda a analogia de Paulo entre as duas mulheres de Abraão e as duas alianças. Ele conclui que os crentes são como Isaque por serem também filhos da promessa. De fato, neles é cumprida a promessa de que Abraão teria uma grande descendência (Rm 4.16-17; 9.8). É por isso que o Apóstolo os descreve como “filhos da promessa, como Isaque”.
Ocorre, porém, que da mesma forma como o filho da escrava perseguia o filho da livre, assim é também agora (29). A história de Gênesis mostra que o filho de Hagar, nascido sem qualquer intervenção especial de Deus, atormentava o menino nascido de forma sobrenatural (Gn 21.8-9) e Paulo vê nisso um paralelo com o que acontecia na Galácia. Ali, mestres que não haviam nascido de Deus, filhos naturais da Aliança Mosaica e escravos da Lei, perseguiam os crentes, filhos livres da Nova Aliança, nascidos graças à atuação milagrosa de Deus.
É interessante notar que o assédio dos falsos mestres à igreja, tentando impor sobre ela o fardo das exigências legais, é tido pelo Apóstolo como verdadeira perseguição. Assim, não se deve conceber o ataque contra os santos apenas sob a forma de oposição sangrenta, com prisões, mortes, e torturas. A perseguição contra o povo santo também acontece quando pregadores da mentira tentam seduzi-lo, conduzindo-o pelos caminhos tortuosos de um evangelho adulterado. Na Galácia os “perseguidores” eram mestres judaizantes que, com sorrisos e agrados, colocavam sobre os crentes a carga insuportável da guarda da Lei. Hoje, esse tipo de perseguição ainda existe. Aliás, sempre que alguém se aproxima de um crente e o exorta ou ensina a se submeter a regras, dizendo que é assim que se vive o cristianismo autêntico, tal pessoa atua como verdadeiro perseguidor, um escravo ismaelita perturbando os filhos livres da Jerusalém celeste.[8]
Como terminará a história do embate entre os filhos da escrava e os filhos da livre? Paulo recorre novamente à história de Gênesis e sugere o modo como os crentes devem por um fim à oposição dos legalistas que pervertem o evangelho genuíno. Ali, Sara diz a Abraão: “Mande embora a escrava e o seu filho” (30). Parece clara aqui a sugestão de Paulo de que os galateus deveriam rejeitar não somente o ensino dos mestres judaizantes, mas também eles próprios. A citação de Gênesis 21.10 parece indicar que os crentes da Galácia deveriam mandar embora aqueles que lhes estavam ensinando a justificação pela guarda da Lei. Como Sara, aqueles crentes não podiam tolerar os ataques ousados e maldosos dos escravos contra os filhos da promessa, devendo adotar uma postura firme contra eles, eliminando qualquer grau de influência que tivessem e até afastando-os do seu convívio.[9]
O versículo 30, por outro lado, tem um sentido que suplanta a orientação dada aos crentes de rejeitar os legalistas. O sentido dominante no texto aponta para a certeza de que num dia futuro os que confiam na justiça própria mediante a guarda de leis serão expulsos do convívio dos herdeiros de Deus. Aqui Paulo confere às palavras da esposa de Abraão um sentido profético e é para realçar a autoridade de tais palavras que o Apóstolo as atribui à Escritura e não diretamente a Sara.
De Gênesis 21.10, Paulo aduz, portanto, o destino escatológico dos filhos das diferentes alianças. Aqueles que insistem na justificação pela guarda da Lei e oprimem os crentes impondo fardos sobre eles serão um dia afastados para sempre e os salvos, de posse da herança, se verão livres de sua presença e perseguição. Do texto citado depreende-se também facilmente que os legalistas não receberão a herança devida aos crentes que foram gerados livres pelo evangelho da graça (Rm 4.14). De fato, o Apóstolo ensina claramente aqui que os que confiam na guarda da Lei estão perdidos, não têm parte na herança de Deus e serão finalmente banidos da congregação dos santos. A força desse texto esvazia de qualquer esperança aqueles que buscam ser salvos pela observância dos mandamentos mosaicos.
O v. 31 tão somente reforça a identidade dos crentes como filhos livres, conforme Paulo ressaltou em versículos anteriores (vv. 26, 28).
Pr. Marcos Granconato
[1] Para um maior aprofundamento nesse tema, veja-se LOPES, Augustus Nicodemus. A Bíblia e seus intérpretes: uma breve história da interpretação. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.
[2] Esse é o argumento de Calvino constante de seu comentário a Gálatas 4.22.
[3] Essa alternativa encontra-se em KAISER Jr., Walter C. e SILVA, Moisés. Introdução à hermenêutica bíblica: Como ouvir a Palavra de Deus apesar dos ruídos de nossa época. São Paulo: Cultura Cristã, 2002.
[4] Veja esse argumento em LOPES. Op. Cit., p.120-121.
[5] Ao longo da história tem sido comum os teólogos apresentarem a Lei de Moisés sob duas grandes divisões: a lei cerimonial (relativa especialmente aos serviços no templo) e a lei moral (apresentada especialmente nos Dez Mandamentos). Ainda que seja útil para fins didáticos, essa divisão às vezes conduz a conclusões erradas como, por exemplo, a doutrina adventista de que fomos libertos apenas da lei cerimonial, estando ainda sujeitos aos Dez Mandamentos. Deve, porém, ficar claro que, para Paulo, a distinção entre lei cerimonial e moral inexiste. O próprio texto em questão mostra que, em seu conceito de Lei, o Apóstolo inclui até mesmo o livro de Gênesis e não apenas disposições cerimoniais constantes do Pentateuco. Ademais, em outras ocasiões, ao argumentar contra o legalismo, Paulo não cita leis cerimoniais, mas alude às chamadas normas morais (Rm 7.6-7; Gl 3.10; Ef 2.15) e chega até a ensinar com notável clareza que o crente está livre do “ministério gravado com letras em pedras”, ou seja, o Decálogo, dizendo que a glória desse ministério se desvaneceu (2Co 3.7-11). Daqui se conclui que os cristãos só devem obedecer aos Dez Mandamentos na medida em que eles são “reaproveitados” no ensino do Novo Testamento, o que não acontece, por exemplo, com a norma referente à guarda do sábado ou de um outro dia qualquer. Ademais, mesmo aquela obediência deve ser resultado de uma vida sob o controle do Espírito e não do apego carnal a regras (Rm 8.3-4).
[6] Veja-se o legalismo de Jerusalém em face do ministério de Jesus em Mateus 23.1-4; Marcos 7.1-8; João 5.18; 9.16, etc. Para a presença do legalismo na igreja nascente daquela cidade, veja-se Atos 11.1-3; 15.4-5.
[7] Isaías 54 também evoca as glórias de Jerusalém no Reino Milenar de Cristo (Lc 1.32-33; Ap 20.4-6)
[8] Essa perseguição branda e, às vezes, até simpática contra os cristãos é empreendida hoje especialmente pelos adventistas do sétimo dia que procuram intensamente fazer prosélitos entre os crentes. Porém, pode-se vê-la também na atuação de indivíduos que, dentro das igrejas, exigem que os crentes se submetam a regras oriundas de costumes antigos. Seja qual for o caso, sempre que alguém tenta vergar os ombros dos cristãos com o peso de normas, esse alguém se torna um perseguidor da igreja e pode ser identificado como real inimigo dos santos (Veja-se 2.4).
[9] Veja-se a mesma orientação dada de forma expressa em Romanos 16.17-18 e 2 João 9-11.