Ontem, Sales defendeu a construção de uma política industrial para o Rio Grande do Norte articulada pelo setor produtivo junto ao Governo do Estado, a partir das metas propostas pelo Mais RN. A segunda fase do programa será lançada nesta sexta-feira durante a solenidade de posse. Um pacto pelo planejamento estratégico de desenvolvimento do Estado e política industrial são o foco dos próximos quatro anos de gestão.
“Em meio à recessão econômica é preciso pensar no futuro, dar as mãos e projetar o que queremos e como chegaremos lá, dentro de uma política industrial. E esta é a contribuição do Sistema Fiern”, afirma Amaro Sales.
Serão apresentados nesta nova fase do Mais RN dois projetos âncoras prioritários: um para a criação de um pólo de mineração, a partir dos recursos existentes no Estado, e o segundo para a estruturação de logística de transporte pelo modal ferroviário para escoar a produção; além de dez planos de ações por setor da economia.
“Precisamos explorar esse potencial, criar um polo para explorar os minérios e alavancar a economia. Mas para isso precisamos de infraestrutura de escoamento de produção e o Mais RN traz metas e projetos de como fazer isso”, afirma Sales, destacando a necessidade de um pacto entre o setor empresarial, poder executivo e instituições de ensino e pesquisa.
Os planos de ações apontam desde os gargalos a estimativas de investimento necessário, de potencial de exploração e de resultados em setores estratégicos da economia potiguar que podem subsidiar decisões de investidores e do Estado.
As propostas contemplam os setores de geração de energia, a cadeia da mineração, fruticultura, além de desenvolver os setores portuário, pecuária, pesca e aquicultura, facções e confecções, o turismo, serviços avançados e parques tecnológicos.
Energia
Cerca de 39% do total de investimentos estimados ao longo de duas décadas caberão a geração e infraestrutura em energia, com previsão para ampliar a capacidade instalada de energia eólica para 13,9 Gigawatts e solar, 2 Gigawatts, até 2035.
O Rio Grande do Norte é o principal gerador de energia eólica do país. Mas há necessidade, destaca Sales, de gerar receitas para o RN também com a exportação da energia de matriz eólica para outros estados. “É preciso encontrar mecanismo que poderá ao longo dos anos ser aplicada também em relação a fonte solar. O Rio Grande do Norte é o principal gerador de energia eólica no país. O estado encerrou o primeiro semestre ainda na liderança em capacidade instalada da fonte, com 2.243 MW, seguido por Ceará (1.233 MW), Rio Grande do Sul (1.300 MW) e Bahia (959 MW).
De janeiro a junho, as usinas eólicas do Rio Grande do Norte geraram 642 MW médios de energia, montante 142% maior do que o produzido nos seis primeiros meses do ano passado, de acordo com informações da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
O estudo da Fiern mapeou oportunidades e elaborou projetos para ações e investimentos de longo prazo, que contemplam desde a logística de escoamento da produção, recursos hídricos, desenvolvimento da matriz eólica, integração da logística ao desenvolvimento do capital humano e mobilidade.
Bate-papo – Amaro Sales de Araújo
presidente do Sistema Fiern
Quais as metas para os próximos quatro anos de gestão?
Iremos continuar trabalhando o fortalecimento do setor, com meta para expandir dos 80%, que já conseguimos, para 100% de cobertura do estado com o atendimento do Sistema Fiern, com atuação nas diversas áreas. Mas neste novo mandato passaremos a atuar no plano maior que é um pacto para o desenvolvimento do Rio Grande do Norte. Estamos trazendo com o Mais RN propostas para uma política industrial, mapeando oportunidades e identificando o que e como pode ser feito nos próximos 20 anos, independente de quem seja o governante. Precisamos que todos os atores da sociedade envolvidos e o governo como protagonista em executar. Aproveitar potenciais como a chegada de um hub da TAM, o crescimento da indústria do Turismo. Mas é preciso também que o Governo faça o dever de casa, pois é ele quem vai capitanear essa atração de investimentos. Além disso, projetos importantes como o Pró-Sertão, do associativismo e a defesa da micro e pequena empresa terão continuidade neste segundo mandato.
Qual o balanço que o senhor faz do primeiro mandato?
O crescimento da economia do estado não aconteceu, mas o Sistema FIERN expandiu e teve um bom resultado na educação profissional, na capacitação do setor, em eventos internacional, em saúde e lazer para o industriário e em inovação. Neste primeiro mandato, estávamos mais voltado para a questão do fortalecimento da indústria, internamente, dos sindicatos, com apoio, qualificação e capacitação do empresariado. Ampliamos de 26 para 30 o número de Sindicatos filiados. Mesmo na crise, tivemos um salto em educação profissional com 235 mil matrículas em quatro anos e importante com prêmios conquistados em competições nacionais e internacionais, como Olimpíadas e World Skills. Estamos fazendo nosso papel em capacitar mão de obra e dar condições de crescimento.
Quais as perspectivas para 2016?
deverá ser um ano de continuidade de crise e por isso a necessidade de trabalhar estratégias de longo prazo, como proposto no mais RN. O estado precisa dentro de uma política industrial ter programas de incentivo para atração da novas indústrias que também contemplem as micro e pequenas empresas, a partir da reformulação do Proadi, do Progás. O Governo precisa melhorar o gasto público, em vez de criar novos impostos ou querer reduzir em 30% o recurso destinado ao Sistema S. Isso não resolve o problema do Governo, além de causar problemas para o setor.