em de Romanos 8 é Confortadora
Um homem seguia a pé, sozinho, por uma estrada. Repentinamente um bando de malfeitores o cerca e ele percebe que aqueles indivíduos estão contra ele. Então foi roubado, espancado, ferido e deixado semimorto. Estava ali, só. Não tinha dinheiro. Não tinha roupas. Não conseguia caminhar. Não conseguia nem se levantar. Nada podia fazer por si mesmo. Precisava de alguém que ficasse ao seu lado e o ajudasse, alguém que tratasse de suas feridas, que lhe arrumasse o que vestir e o que comer, e que o conduzisse a um lugar seguro.
Depois de algum tempo, ele ouve os passos de alguém, que acabou não chegando perto o suficiente para se interessar por ele. Mais tarde, outro passa pelo local, e também se desvia.
Finalmente, alguém toca em seu corpo e, enquanto profere palavras de ânimo, conforto e esperança, se põe a limpar suas feridas, coloca-o sobre o seu animal, leva-o a um lugar seguro e acolhedor e cuida dele (Luc. 10:30-37).
As coisas que o bom samaritano fez demonstraram que ele estava do lado do que fora ferido. Em Romanos 8, Deus também nos diz que os Seus feitos demonstram que Ele está do nosso lado. Assim, no verso 31 lemos: “Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?” Que coisas são essas que evidenciam claramente que Deus está empenhado em nossa salvação? São aquelas mencionadas nos versos precedentes. Vejamos.
Deus enviou o Seu Filho – Primeiramente, Deus enviou “o Seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa” (verso 3). Olhando para a nossa miséria e necessidade, Deus, em Sua compaixão, enviou o Seu amado Filho para que Se tornasse um de nós. Aquele que era somente Deus tornou-Se homem também. Ele não era em semelhança de carne. Ele era carne, isto é, possuía carne, ossos, sangue e pele. Sentia frio e calor, fome e sede, cansaço e sono. Podia ficar doente e ser tentado e pecar e até morrer. Mas Ele não era carne pecaminosa, era em semelhança de carne pecaminosa. Assim, nunca houve pecado nEle. Não possuía natureza pecaminosa e nem cometeu atos pecaminosos. Embora fosse tentado muito mais do que qualquer outro ser humano, jamais pecou em ações, palavras e pensamentos.
Sim, Jesus Cristo, o Filho de Deus, foi enviado pelo Pai a fim de nos salvar. Individualmente podemos aceitá-Lo ou rejeitá-Lo como nosso único Salvador. Se O aceitamos, recebemos algumas preciosas bênçãos, que o apóstolo menciona no início do capítulo. Diz o verso 1: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”. Uma vez que todos somos pecadores e que desde o início de nossa vida até hoje temos cometido muitos pecados, e, por isso, somos culpados e dignos de condenação, como é possível alguém ficar completamente isento de qualquer condenação?
Após viver uma vida perfeita, impecável, o que jamais qualquer ser humano conseguira, Jesus morreu em uma cruz, em nosso lugar e em nosso favor. Ele levou sobre Si os nossos pecados e sofreu toda a condenação que nós merecíamos. Assim, quando hoje cremos no que Ele fez por nós, O aceitamos como nosso substituto. Não temos mais culpa, porque Ele foi culpado, não estamos mais condenados, porque Ele foi condenado. Ele sofreu e morreu por nós. Por causa de Cristo estamos libertos de toda e qualquer condenação! Você crê nisto?
Outra bênção que nos vem por meio de Cristo está no verso 2: “Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte”. A palavra lei possui diversos significados na Bíblia, dependendo sempre do contexto em que está inserida. Neste caso, trata-se da “lei do pecado e da morte”, que é uma referência àquela força que existe em nosso íntimo e que nos impele a pecar e que nos conduz à morte eterna, à eterna separação de Deus. No capítulo anterior Paulo se reportou a ela ao declarar: “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. … Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros”. (Rom. 7:18, 22 e 23.) Sim, somos por natureza pecadores, pois há um inimigo dentro de nós, uma força maligna que nos torna prisioneiros do pecado.
Faz algum tempo, os telejornais apresentaram uma notícia sobre o homem mais gordo do mundo. Pesava 495 quilos. Sentiu-se mal e chamou um serviço médico. Para conduzi-lo a um hospital, tiveram que rebentar a parede de sua casa porque lhe era impossível passar pela porta. Para colocá-lo em uma ambulância, tiveram que contratar um guincho. Ele tinha compulsão por comer. Simplesmente não conseguia parar de comer. Também há aqueles que têm compulsão para beber, para roubar, para matar, para comprar coisas, para mentir, enfim, para praticar o mal nas suas mais variadas formas. Por natureza somos cativos do pecado e temos compulsão para pecar.
Todavia, em Cristo Jesus, somos libertos dessa força maligna. Na verdade, ainda vamos ser tentados, ainda poderemos vez e outra falhar; todavia, não há mais compulsão para pecar, o encanto e o poder
do pecado sobre nós foram vencidos, os grilhões foram quebrados e recebemos um poder especial de Deus, o qual é muito mais forte e nos coloca em condições de fazer a Sua vontade. ( João 1:12.)
Vemos, assim, que ocorre um duplo livramento. Somos livres não só da
condenação, por meio do perdão, mas também do poder do pecado, da compulsão para pecar, por meio do poder de Deus. Em todo perdão oferecido por Deus vai embutida uma dose de poder para que a pessoa seja vitoriosa sobre aquele pecado confessado e perdoado.
Deus nos concedeu o Seu Espírito – Outro feito divino que evidencia que Deus está sumamente interessado em nossa eterna felicidade, é a dádiva do “Seu Espírito que em vós habita” (verso 11). O Santo Espírito de Deus é enviado para trabalhar com toda a humanidade ( João 16:7 e 8) e Ele busca ter acesso a cada coração. Para tanto, pode usar um exemplar da Bíblia Sagrada, um folheto, um cântico evangélico, as palavras de um amigo, a mensagem de um sermão numa igreja, no rádio ou na TV, um artigo numa revista, enfim, Ele tem mil maneiras de nos atrair para Cristo. Mas nesta obra Ele opera sempre externamente. Contudo, quando alguém consente com Sua obra e crê no Filho de Deus, a porta do coração é aberta e o Espírito entra para tomar posse do coração e da vida. E Ele não vem para passar um fim de semana ou umas férias, Ele vem para ficar e ficará permanentemente se nós permitirmos. Agora, habitando em nós, Ele pode continuar a obra que começou fora de nós, contudo, muito mais eficazmente. O que Ele faz, então?
O Espírito nos livra de uma vida carnal. “Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós” (verso 9). Neste capítulo, o apóstolo faz uma comparação e, ao mesmo tempo, um contraste entre estar na carne e estar no Espírito. O que isto significa? A vida na carne é a vida sem Deus. É a vida que se vive como se Deus não existisse. A pessoa carnal é aquela que vive para agradar a si mesma. Ela é o centro de sua vida. Ao tomar uma decisão, ela se pergunta: Isso me agrada? E se a resposta for afirmativa, então ela vai, faz, compra, usa, come, se envolve… Sua vida é contrária aos caminhos de Deus. Entretanto, a vida no Espírito é aquela em que Deus é o ponto de referência, Ele é o centro. Ao tomar suas decisões, o indivíduo pergunta: É isso da vontade de Deus? É esse o caminho que Deus quer que eu siga? Em suma, a vida tem como objetivo agradar a Deus.
Tratando destas coisas, o apóstolo escreveu: “Porque os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito. Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz. Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus. Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós” (versos 5-9).
O Espírito nos guia. O verso 14 fala dos que “são guiados pelo Espírito de Deus”. Em meio a nossas lutas e incertezas, temos o privilégio de poder contar com Sua direção. Uma das maneiras pelas quais isso acontece ocorre através da Bíblia Sagrada. Aquilo que está ali anotado foi escrito por homens “movidos pelo Espírito Santo” (II Pedro 1:21), de modo que cada crente pode dizer como o salmista: “Lâmpada para os meus pés é a Tua palavra e luz para os meus caminhos” (Sal. 119:105). Como um caminhante que percorre uma senda rústica e desconhecida, numa noite escura, se deixa guiar pela luz de uma lanterna, assim devemos seguir no caminho apontado pela Palavra de Deus.
Contudo, por mais sagrada e importante que seja a Bíblia, a guia do Espírito não está limitada ao que ela pode fazer por nós. Na verdade, há situações que enfrentamos no dia-a-dia, para as quais ela não dá uma clara orientação. Aí, quando a Bíblia é limitada, o Espírito não o é. Ele nunca guia em oposição às Escrituras, mas Ele pode ir além delas. Assim, um cristão quer comprar um apartamento para morar com sua família. Depois de muito pesquisar, descobre três apartamentos em bairros diferentes, de valor semelhante, que, a princípio, lhe agradam. Mas precisa escolher apenas um. Qual? Não adianta ler a Bíblia. Ela não pode guiar nessa decisão. Mas o Espírito pode. Se ele orar ao Senhor e suplicar a Sua direção, de algum modo o Espírito poderá levá-lo a efetuar a melhor escolha. O mesmo ocorre quando precisamos escolher a faculdade a cursar, a carreira a seguir, com quem casar e quando nos deparamos com tantas outras decisões. Que privilégio é o nosso de termos tanto a Bíblia como o ilimitado Espírito de Deus para nos guiar!
O Espírito ajuda em nossas fraquezas. “Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza.” (verso 26). Embora sejamos convertidos, ainda somos humanos e fracos, ainda continuamos rodeados por tentações e pecados. Mas não estamos sós. O Espírito de Deus está conosco, poderoso e pronto para nos socorrer nos momentos e nas situações de fraqueza.
Uma de nossas fraquezas é que, às vezes, “não sabemos orar como convém”. (verso 26). Fazemos a Deus determinados pedidos que, felizmente, não são deferidos. Pedimos coisas pensando que seriam boas para nós, mas Deus, que percebe tudo quanto está envolvido, e que além de possuir todo o poder tem também toda a sabedoria e amor, nos concede o que é melhor, o que convém, e não o que queremos. É o “Espírito” de Deus que “intercede por nós sobremaneira” (verso 26), para que seja assim.
O Espírito nos dá a convicção de que somos filhos e herdeiros de Deus. “Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. …mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai. O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e coherdeiros com Cristo.” (versos 14-17).
É obra do Espírito nos dar a convicção de que somos filhos de Deus de modo que já não haja mais espaço para a dúvida. Não indagaremos: Será que Deus me perdoou? Será que Deus me recebeu em Sua família? Teremos certeza de que o perdão e a filiação divinos são nossa realidade.
Isto pode ser visto na vida do próprio apóstolo Paulo. No passado fora perseguidor da igreja e responsável pela prisão e morte de cristãos. Muitos anos se passaram e chegou a sua vez de ser aprisionado. Isto ocorreu a mando do imperador Nero e porque Paulo era um pregador do evangelho, o que, então, era proibido. Pressentindo que seria morto, escreveu sua última carta, destinada ao melhor amigo, ao seu filho na fé, Timóteo. Ali, já quase na conclusão, ele declara: “…o tempo da minha partida é chegado. Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto Juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a Sua vinda” (II Tim. 4:6-8).
Nos dias de Paulo, na sociedade romana, um filho carnal sempre era herdeiro, mas o mesmo não ocorria com os filhos adotivos. O apóstolo, então, se apressa em dizer que também somos herdeiros. Há algum tempo, um caminhão que transitava numa rodovia, trazia o seguinte letreiro: “Não sou o dono do mundo, mas sou filho do dono”. Quando li estas palavras, pensei: “Eu também!” Nosso Pai é o Criador e Possuidor de todo o Universo e, todos nós que somos Seus filhos, podemos contar com a herança reservada para nós, a qual começaremos a receber quando Jesus retornar à Terra.
Vemos, assim, pelo que Deus tem realizado, que Ele, de fato, é por nós. Deus o Pai, Seu Filho e Seu Espírito Santo estão do nosso lado. Aquele que tem todo o poder, toda a sabedoria e todos os recursos está conosco. Como poderemos então fracassar?
Resultados – Estas grandes realidades culminam em tremendos resultados, que são apresentados no final do capítulo.
Não haverá derrota. “Somos mais que vencedores”, porque “Deus é por nós” (versos 37 e 31).
Não faltará nada necessário. “Aquele que não poupou o Seu próprio Filho, antes, por todos nós O entregou, porventura, não nos dará graciosamente com Ele todas as coisas?”(verso 32). Se para Deus houvesse algo difícil de fazer por nós, isto seria dar o Seu próprio Filho para nos salvar. Em sua argumentação o apóstolo está dizendo que Aquele que já fez o mais difícil logicamente fará o resto que é muito mais fácil. A morte de Cristo nos assegura que Deus nos dará tudo o mais que for necessário para sermos vitoriosos.
Não haverá acusação. “Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica.” Deus é o único que conhece com perfeição o nosso coração e a nossa vida, e se Ele nos perdoa completamente e nos transforma, se Ele nos torna justos e declara que somos justos, por causa de nossa fé em Cristo, ninguém nos poderá acusar.
Não haverá condenação. “Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós.” Ao morrer na cruz, após uma vida de perfeita obediência, Jesus venceu definitivamente o pecado, a tentação e o tentador; ao ressuscitar venceu a morte e, hoje, junto ao trono de Deus, Ele intercede por nós, creditando Sua vitória a nosso favor. Todas estas ações do Filho de Deus têm sido feitas para benefício nosso, de modo que estejamos livres de toda a condenação.
Não haverá separação do amor de Cristo. “Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? … Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (versos 35, 38 e 39).
Ninguém nos pode separar do amor de Deus. Nenhum anjo, nenhum príncipe das trevas, nenhum amigo ou inimigo, nenhum parente, nenhum vizinho, nenhum membro de qualquer igreja. Podem nos caluniar, podem zombar de nós, podem nos ferir e maltratar, podem até nos matar, mas, nem todos os demônios e homens maus juntos podem nos separar do amor de Deus, se nós não quisermos. Através dos tempos incontáveis, mártires deram prova desta verdade. Em todo o Universo, a única pessoa que nos pode separar de Deus somos nós mesmos, e nós não queremos.
Nada que aconteça no tempo presente, ou nos dias futuros, poderá afastar-nos desse amor. Deus nos permite viver um dia de cada vez, e por vivermos em um mundo dominado ainda pelas forças do mal, cada dia traz consigo sua cota de males (Mat. 6:34). Não sabemos como serão os nossos dias, mas sabemos que, enquanto aqui estivermos, nos defrontaremos com o mal. Contudo, temos a segurança de que nunca ele será tão grande que não possa ser vencido.
Nenhuma situação, por mais difícil que pareça, nem a fome, nem a perseguição, nem mesmo a morte, poderão separar-nos de Seu amor.
Em meio a nossas lutas e tentações, lembremos sempre que Deus é por nós e que não há nada e ninguém que nos possa separar de Seu amor, que estaremos em Seu eterno reino e que seremos mais que vencedores, porque Ele quer e nós queremos.