Os olhos são como uma luz para o corpo: quando os olhos de você são bons, todo o seu corpo fica cheio de luz. Porém, se os seus olhos forem maus, o seu corpo ficará cheio de escuridão. Portanto, tenha cuidado para que a luz que está em você não seja escuridão. (Lc.11.34-35)….
Quando Jesus acabou de falar, um fariseu o convidou para jantar na casa dele. Jesus foi e sentou-se à mesa. O fariseu ficou admirado quando viu que Jesus não tinha se lavado antes de comer. Então o Senhor disse a ele:— Vocês, fariseus, lavam o copo e o prato por fora, mas por dentro vocês estão cheios de violência e de maldade. Seus tolos! Quem fez o lado de fora não é o mesmo que fez o lado de dentro? Portanto, deem aos pobres o que está dentro dos seus copos e pratos, e assim tudo ficará limpo para vocês. (Lc.11.37-41)
Em boa parte do Evangelho de Lucas, Jesus trata da maneira apropriada de ouvir, ver e exercitar a verdade. Em todos os casos, o padrão de discernir a verdade foge do padrão costumeiro. Os fariseus e muitos líderes religiosos não aceitavam isso na época de Jesus, e muitas pessoas não aceitam este padrão até hoje.
Parece irracional demais, um misticismo romântico mas perigoso, e uma negação do bom senso. É curioso que quem me escreve com um protesto parecido (especialmente uma pessoa é assídua na sua critica) não consegue apresentar contra argumentos e sim, apenas ridiculariza a interpretação apresentada.
Mas esta visão da verdade, a epistemologia de Jesus, é radical mesmo, e desafia, sim, as bases do racionalismo moderno. Considere, por exemplo…
Primeiro, a audição… onde se viu que o importante da audição seja obedecer? Não, somos ensinados que a capacidade auditiva se mostra por meio da boa expressão, pela gramática correta, pela dicção precisa e pela lógica das ideias. Jesus diz, entretanto, que quem ouve bem, pelo menos a sua mensagem, é quem sabe colocar em prática. Ou está dizendo outra coisa?
E a visão? A visão não é simplesmente uma questão de enxergar com clareza? Ver o que é sem adornos?
Mas Jesus acrescenta uma dimensão ética à visão. Claro que está falando metaforicamente. A visão não é neutra. Os filhos do Iluminismo, os racionalistas, rejeitam categoricamente esta afirmação, mas os pós-modernos, já há muito tempo, reconhecem que a objetividade é ilusão. Só que Jesus insiste na dimensão não simplesmente subjetiva, mas ética. São os olhos bons que enxergam direito, e não os olhos maus. Ou seja, é preciso a adoção de um sistema de valores para que a verdade seja vista e exercitada.
E por fim, o corpo todo. Hoje, graças a Deus, há uma conscientização maior a respeito do cuidado do corpo. A obesidade e a preguiça se tornaram alvos da crítica publica, e com razão. Queremos saúde física interna e externa. E queremos saúde emocional. Essa não era a questão que Jesus estava tratando nesta passagem, mas sim, uma espiritualidade para inglês ver. Isto é, Jesus criticava uma espiritualidade que regulamentava o menos importante, a “consagração” pessoal e individual, e neglicenciava o mais importante, a justiça social. “Adorar a Deus” virara desculpa para ignorar o nosso próximo. E Jesus simplesmente, como muitos outros profetas dentro e fora das Escrituras (penso na comunidade de Qumrã e os movimentos apocalpticistas), queria colocar as prioridades onde deveriam estar.
Religião que não desemboca em transformação social é francamente nojenta. Deus é compassivo e seus seguidores O honram ao serem o mesmo.
Já pensou se estes princípios regessem a vida pessoal? Já pensou se regessem a vida da igreja. E imagine como seria a vida pública se houvesse ação e não mera retórica, ética e não mera análise fria, compaixão e misericórdia e não apenas cerimônia…
Oração
Grandioso Deus, confessamos a nossa falta de visão, pouca ação, e frieza diante das angústias do nosso mundo. Encha-nos de Cristo Jesus para vermos, ouvirmos e agirmos como ele. No seu nome. Amém.
Fonte: Tim Carriker
Por Litrazini
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Graça e Paz
Postado por Litrazini Lidiomar