PENDÊNCIAS RN -Arena de ideias – 2a PARTE – Com o deputado Rogério Marinho
Conrado Carlos
Editor de Cultura
Na manhã desta segunda-feira (10), eu descia o prolongamento da Prudente de Morais, sentido Cidade Satélite-Centro, na hora em que minha filha Lis viu um carro adesivado com a propaganda da presidente Dilma Rousseff. Com um raro sorriso, segundo quem convive com a fera em Brasília, nossa líder momentânea explorava ao máximo o pouco charme que Jesus, Nietzsche ou Vladimir Lênin lhe deu. Lis resgatou da memória uma brincadeira feita por um adulto da família de baixíssimo nível educacional, semanas atrás. “Papai, sabe o que M…disse? Que Dilma é melhor do que Aécio porque ela gosta dos pobres”. De imediato, lembrei uma brincadeira que professores costumavam fazer no primeiro ano do curso de comunicação social da UnP, cuja mesma grade curricular reúne na sala alunos de jornalismo e publicidade. Sempre nos dias iniciais, com apresentações mútuas e perguntas sobre qual dos dois cursos era o pretendido, algum docente soltava, ao ouvir a opção de um jovem por criar peças publicitárias.
“Quer ganhar dinheiro, né?”. Pois com fortunas captadas em uma campanha é possível reinventar a roda – o que dirá a história de um país capenga como o Brasil, onde a ilusão de ótica vale mais do que em um picadeiro circense. Com a oportunidade de trazer o debate nacional para o âmbito local, sobretudo para falar aos 30% de eleitores potiguares que votaram em Aécio Neves no segundo turno, o deputado federal Rogério Marinho enxerga situações semelhantes, quanto ao poder da propaganda como trunfo petista. “O João Santana, do alto de sua sabedoria midiática, identificou esse nicho [da luta entre ricos e excluídos] como uma maneira para conseguir a vitória da presidente Dilma. E conseguiu. Em um país que está estagnado economicamente, que não cresce. Um país em que voltou a inflação. Que não gera emprego, que tem um profundo apagão ético e a presidente mais rejeitada da história, e ainda consegue reelegê-la, temos que dizer que João Santana é um gênio”.
Concluído o processo eletivo, dados negativos sobre a economia foram lavrados na ‘grande mídia’, a burguesa, que quer tirar o sorriso da boca da ex-guerrilheira, tão frequente em adesivos. São números incontestes, levantados por órgãos do próprio Governo Federal, represados durante os últimos meses, para não abastecer o inimigo com munição pesada – o que Marina Silva faria de posse da informação do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) de que o desmatamento na Amazônia Legal, após levantamento em 93% da área, aumentou 191% em agosto e setembro deste ano em relação ao mesmo período em 2013? E os 400 mil novos miseráveis que, segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e o IETS (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade), surgiram em nossa conta? E tem a conversa dos conselhos populares e da reforma política, dois campos de negociação com lastro ideológico e atrativos para pulgas que adoram orelhas sem doutrinação.
“Nós estamos vivendo um estado de exceção, onde a história é reescrita pelo ‘vencedor’ sem nenhum compromisso com a verdade. Essa é uma luta muito grande da sociedade brasileira. Quando nós assistimos as declarações da presidente da República, não estou falando de seus porta-vozes, que ganha uma eleição como ela ganhou em que o discurso do ódio, da divisão, do medo, racial, da luta de classes, recorrente na retórica petista, no dia da vitória dizer que o país está dividido e que ‘nós queremos o diálogo’ com essa outra parte da população, vejo que ela desconhece totalmente, de forma deselegante, que existe um interlocutor dessa outra metade, que havia ligado para ela duas horas antes da vitória e que ela sequer citou o nome de Aécio Neves. Ela sequer citou que essa interlocução poderia acontecer com os partidos da oposição”, aponta o deputado que ficou em quarto lugar, com 37,5 mil votos, na última eleição para prefeito de Natal.
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