A economia não comporta exageros. Não é uma máquina controlável a golpes de Selics.
É uma engrenagem complexa, composta por inúmeras cadeias produtivas interconectadas, por um conjunto de fatores interligados, como estoques, uso de capacidade instalada. A recuperação das expectativas depende fundamentalmente das perspectivas de crescimento da economia. Estabilidade fiscal, monetária, são instrumentos, mas o objetivo final é o crescimento.
Essa máquina sensível, complexa, interligada, não comporta medidas de choque, a não ser em situações extremas – como nos períodos superinflacionários. Choques ampliam desequilíbrios, atrapalham a visibilidade futura, pela dificuldade dos agentes econômicos entenderem a nova dinâmica da economia.
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A melhora das expectativas e a volta do investimento/crescimento dependem da aposta na demanda futura. Consegue-se interromper a demanda apertando o botão dos juros e dos cortes fiscais. Não existe um botão do crescimento, em sentido contrário.
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Houve exageros na dosagem dos incentivos fiscais da era Mantega. Agora corre-se o risco inverso, do excesso de dosagem na combinação política fiscal-monetária.
Não existe nada de mais falso do que a ideia de que o melhor ajuste fiscal é o mais rigoroso e a melhor política monetária é a mais radical.