Os quatro suspeitos presos em Piracanjuba, a 87 km de Goiânia, em um avião com R$ 500 mil e milhares panfletos do candidato a governador do Tocantins Marcelo Miranda (PMDB) e do candidato a deputado federal Carlos Henrique Gaguim (PMDB), mudaram a versão apresentada à polícia em relação à origem do dinheiro e do material de campanha.
O delegado Ricardo Torres Chueire informou ao G1, nesta sexta-feira (19), que três dos suspeitos alegam que os “santinhos” foram esquecidos na aeronave e o dinheiro é fruto de um empréstimo tomado por um deles em Brasília.
Entretanto, de acordo com a polícia, em depoimento informal ainda na pista de pouso onde foram presos, todos, com exceção do piloto da aeronave, afirmaram que o dinheiro seria usado para custear despesas de campanha de Miranda devido ao bloqueio de contas do candidato.
Já o depoimento do piloto apontou que a aeronave pertence a um homem residente de Tocantins. Segundo a polícia, o piloto afirmou que recebeu ordens do proprietário do avião para que prestasse serviços a um integrante da campanha política do PMDB no Tocantins. O piloto disse que não tinha informações sobre o dinheiro ou a campanha.
Em relação aos panfletos, os suspeitos alegaram que o material não pertencia a eles. “Eles disserem que o mesmo avião tinha sido utilizado há alguns dias pelo Gaguim e que ele tinha esquecido esse material lá”, afirma Chueire. Segundo o delegado, a polícia ainda não confirmou se a aeronave realmente foi utilizada pelo candidato.
Desconhecimento
O candidato Marcelo Miranda disse, na quinta-feira (18), que não tem nenhuma ligação com o caso. “Se esse cidadão está falando, que ele prove que foi para a minha campanha. Eu só quero dizer, mais uma vez, que estou muito tranquilo para dizer a toda a sociedade tocantinense que eu não devo”, afirmou.
No mesmo dia, a advogada do candidato a deputado federal Gaguim, Stefane Cristina da Silva, afirmou seu cliente não tem envolvimento com o dinheiro e santinhos apreendidos. Ainda segundo ela, todo o material de campanha do candidato é produzido no Tocantins e que o valor gasto em campanha está sendo declarado segundo a legislação eleitoral.
apreendido (Foto: Rafael Carvalho/Ascom TO)
Apreensão
Os suspeitos foram presos, na quinta-feira (18), quando tentavam decolar em uma pista de pouso de Piracanjuba. Seguem detidos na cadeia da cidade o piloto, de 46 anos, um rapaz de 22 anos, além de dois homens de 39 e 46 anos.
Segundo o delegado Rilmo Braga, titular do Grupo Especial de Repressão a Narcóticos (Genarc) de Itumbiara, a prisão aconteceu a partir de um monitoramento das pistas de pouso da região contra o tráfico de drogas.
“Ontem, para a nossa surpresa, identificamos o pouso desse avião com características suspeitas em Piracanjuba. Utilizando de técnicas policias de vigilância monitoramos o local ate a chegada da Hilux com três elementos que iam de encontro com o piloto que já estava com a aeronave pronta para decolar com todo esse material e folhetos políticos apreendidos bem como R$ 500 mil em dinheiro”, explicou em entrevista à TV Anhanguera.
A investigação será concluída pela Polícia Civil em Itumbiara e remetida ao Poder Judiciário de Piracanjuba. Os suspeitos vão ser indiciados pelos crimes de lavagem de dinheiro, associação criminosa e crime contra a ordem tributária. De acordo com a polícia, “diantes dos inícios fortes de crimes eleitorais”, cópias do procedimento serão encaminhadas à Procuradoria Regional Eleitoral de Tocantins e ao Tribunal Regional Eleitoral do estado.