O governo do Pará informou, na noite desta segunda-feira (26), que identificou cerca de 50 pessoas envolvidas com queimadas no Pará, durante operação que destruiu acampamentos clandestinos de madeireiros em área de preservação no sudeste do estado.
Sobre as ações ilegais, o governador Hélder Barbalho disse que “não é um trabalho amador”. “É algo muito bem planejado, organizado, contando que há impunidade, terceirizando serviços, contratando pessoas”, afirmou.
Segundo o governo, foram apreendidos quatro tratores do tipo escavadeira, seis armas de fogo, 14 motosserras e 19 motocicletas utilizadas para transporte dentro da mata. A área que foi desmatada ilegalmente tem a extensão de aproximadamente 2.000 hectares.
Operação apreende material usado para desmatar área de proteção ambiental no Pará. — Foto: Ascom/Semas
Desde a madrugada, equipes da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), Polícias Militar e Civil e do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) (Ibama) atuaram na Área de Proteção Ambiental Triunfo do Xingu, que fica entre os municípios de São Félix do Xingu e Altamira. São nessas cidades que se concentram uns dos maiores índices de desmatamento ilegal do estado.
As queimadas têm repercutido internacionalmente, e o presidente Jair Bolsonaro autorizou o envio de tropas das Forças Armadas a estados da região.
Desde o domingo (25), um centro de operações foi instalado no Comando Militar do Norte, em Belém, para planejar, executar e monitorar as ações para conter e evitar novos focos de incêndio e desmatamentos ilegais. Militares das Forças Armadas foram enviados a Altamira nesta segunda-feira (26) para dar apoio às ações.
Barbalho disse, ainda, que o desmatamento ilegal praticado no Triunfo do Xingu é para fazer pasto e, posteriormente, dar continuidade à atividade pecuária. “Nós já identificamos aqueles que estão financiando esse processo. O previsto aqui era algo grandioso, próximo de vinte mil hectares, que estariam planejados e contratadas as tarefas e terceirização para queimada e abertura de pasto. Fica um prejuízo de cerca de 3 mil hectares que foi possível devastarem”.
Queimadas
A Polícia Federal vai investigar uma série de queimadas registradas no estado do Pará. E uma reunião na sede do Comando Militar do Norte, em Belém, definiu o plano de ação contra queimadas no Estado, em uma ação conjunta do Exército e Corpo de Bombeiros.
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou nesta segunda-feira (26) que há “suspeita de ação orquestrada” em queimadas na Amazônia. “O que nós percebemos é que há sinais disso, há elementos que justificam a abertura de inquéritos para investigar e punir os infratores”, acrescentou.
“O Código Florestal proíbe as queimadas, com raríssimas exceções. O fogo que estamos constatando na Amazônia está vinculado sobretudo ao desmatamento ilegal. De forma residual, há casos de focos de queimada na beira de estradas que ocorrem nesse período do ano ligado a diversos fatores. Também há casos de queima acidental. O que devemos fazer é reforçar o combate ao desmatamento ilegal, com repressão e monitoramento, que em consequência, as queimadas diminuirão. Também é necessário chamar e estimular os municípios para que nos ajudem nesse combate”, declarou o titular da Semas, Mauro O’de Almeida.
Área de Proteção Ambiental
A Área de Proteção Ambiental Triunfo do Xingu foi criada pelo Decreto Estadual n°. 2.612 de 04 de dezembro de 2006, possuindo uma área total de 1.679.280,52 ha, onde 66% situam-se no município de São Félix do Xingu e 34% no município de Altamira.
De acordo com a Semas, é Altamira a cidade que está em primeiro lugar no ranking de desmatamento ilegal no Pará e na Amazônia legal e São Félix do Xingu vem em seguida. A Área de Proteção Ambiental fica entre os dois municípios e recebe atenção redobrada, segundo a Semas.
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