A PALAVRA DO DIA-2 Rute 1:1-22 – Rute, mulher de fé


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Rute 1:1-22 – Rute, mulher de fé

A época é a dos Juízes e o que surge nesse cenário de instabilidade dos filhos de Israel, sem rei e cada um fazendo o que bem entendia ser o certo? Surge a história da semente messiânica.

Aqui o narrador bíblico vai colocar a figura central de juízes que estava sendo preservada e guardada de Satanás que também queria destruí-la.

A Bíblia tem diversas narrativas, histórias sem fim, ensinamentos profundos, entrega da lei, aliança com o homem e muitos outros assuntos importantes e interessantes para formar nossa cultura e conhecermos mais a Deus, no entanto, o ponto vital dela é quando ela fala da semente messiânica que estamos seguindo e perseguindo desde Gênesis e que irá culminar em Cristo Jesus.

São ao todo 77 gerações e aqui, na época dos juízes, o livro de Rute trazendo à tona o verdadeiro sentido de toda história bíblica. A semente está aqui com uma moabita! Vamos com calma, vendo cada detalhe desta linda história também de amor, paixão e fidelidade.

Autoria, propósito e verdades fundamentais de Rute

Não se sabe quem é o autor deste livro. A tradição rabínica aponta como autor o profeta Samuel que também teria escrito Juízes e I e II Samuel, mas nada podemos afirmar. Outros há que afirmam que Rute foi escrito durante o reinado de Davi, principalmente por causa de Rute 4:17, 22.

O propósito de Rute, conforme estamos vendo pela BEG, é demonstrar a legitimidade do reinado de Davi apesar de sua ancestral moabita, Rute. Eu, no entanto, vejo algo maior que isso, pois a Bíblia é o registro de todas as coisas que estão relacionadas à semente messiânica que estava por vir.

O livro irá registrar Rute como uma mulher virtuosa e como uma verdadeira convertida – 1:16 -, que passou a fazer parte de Israel pela providência divina – 1:1-7 –  e da prática legal do casamento levirato – 3:1-8. Além disso, Deus a aprovará ao lhe conceder a sua bênção – 4:13-17.

Suas verdades fundamentais: a providência de Deus algumas vezes é severa, mas ela sempre opera pelo bem do seu povo; que o amor e a devoção familiar que são orientados pela lei de Deus trazem alegria e felicidade; e, que a família de Davi foi a nobre linhagem real escolhida por Deus.

Ao legitimar Davi – um dos propósitos deste livro -, este livro estava legitimando a semente messiânica e, naturalmente, a Cristo como o grande Messias. Jesus obteve o trono de Israel porque era o filho totalmente fiel de Davi – Mac 10:47-48; At 2:22-36; Rm 1:2-4.

Na genealogia de Mateus e Lucas, podemos ter a certeza da afirmação do Novo Testamento de que o Messias Jesus inaugurou o reino de Davi em seu ministério na terra.

Conforme a BEG, hoje, ele reina e expande o seu reinado e um dia retornará para trazer o domínio mundial para a linhagem de Davi (Am 9.11; At 15.1419).

A inclusão de Rute, uma gentia, antecipa a expansão do reino de Deus aos gentios durante o período do Novo Testamento. E Rute, ao exibir uma fé como a de Abraão e ao deixar seu pais e parentes para viajar sob os cuidados do Senhor para uma terra estrangeira, encontrou a bênção prometida para todas as nações na descendência de Abraão (Gn 12.3).

Assim como ela se tornou parte de Israel, gentios e judeus estão agora reconciliados com Deus num só corpo, por meio de sua união com Cristo (Ef 2.16; 3.6).

O retrato ideal de Boaz, o resgatador de Rute, fornece consistência à declaração do Novo Testamento de que a Igreja é a noiva de Cristo (Ef 5.25-27; Ap 191-8; 22.17).

Divisão didática do livro de Rute

Podemos dividir o livro de Rute em seis partes, seguindo a divisão proposta pela BEG: I. A amargura e o vazio de Noemi – 1:1-22. II. Rute descobre seu resgatador – 2:1-23. III. Boaz promete a Rute um resgatador – 3:1-18. IV. Boaz se torna o resgatador de Rute – 4:1-12. V. A bênção de Noemi – 4:13-17. VI. Apêndice genealógico 4:18-22.

  1. A amargura e o vazio de Noemi – 1:1-22.

Noemi não estava na Terra Prometida, pelo contrário, estava seguindo seu marido que foi buscar pão longe de Belém de Judá, onde vivia e foi morar na terra de Moabe.

Os moabitas eram parentes próximos de Israel por meio de Ló – Gn 19:37 – e várias vezes ocuparam partes da Transjordânia central, a qual tinha sido protegida por Deus da invasão dos israelitas conquistadores – Dt 2:9. Ao longo da história, eles serão subjugados por Saul – I Sm 14:47 -, Davi – II Sm 8:2 -, no entanto, houve tempos de parceria quando, por exemplo, Davi precisou refugiar seus pais da perseguição de Saul – I Sm 22:3.

Elimeleque com sua família foi um desses que buscou refúgio em Moabe por causa da fome. O curioso é que Belém significa a casa do pão. Deixaram, pois a casa do pão para procurarem por pão na terra estrangeira de Moabe.

De repente morre Elimeleque e nada se diz de sua morte, simplesmente morreu. Seus filhos se casam com moças moabitas. Não era proibido – Dt 23:3-6 apenas restringe a participação dos homens moabitas no templo -, mas isso era o que provavelmente aconteceria e aconteceu.

Cada um de seus dois filhos se casam com moabitas. Dez anos após a morte de Elimeleque, morre também seus dois filhos e Noemi – significado ditosa – fica viúva. Ela estava já de idade e agora com duas noras, sem filhos. Resolveu ela voltar para a terra de seus pais a fim de terminar os seus dias.

Despede-se das suas noras e as libera para irem tocarem suas vidas, no entanto, uma delas, Rute se afeiçoa a Noemi e ao Deus de Noemi e faz uma escolha que irá mudar a sua vida para sempre.

Noemi ainda tentou dissuadi-la, mas ela estava mesmo resolvida a seguir sua sogra e assim voltam as duas, sem heranças, sem dinheiro, sem bens para Belém.

O caso de Rute é muito interessante. Essa menina era mesmo uma mulher de fé e coragem. Ao ouvir a sua sogra lhe contar as suas histórias e a história de seu povo, por Deus se afeiçoou de tal maneira que arriscou tudo que tinha por causa de sua fé.

Ela ainda devia ser bonita, vistosa, e com um futuro que poderia ter construído em Moabe, mas segue o caminho da fé, crendo no Deus invisível de Israel. O fato é que Deus já a tinha chamado e nela gerado a sua fé salvadora e mais do que isso, a tinha escolhido para ser a transportadora da semente messiânica.

Como Abraão, partiu para uma terra sem saber de nada, apenas confiando em Deus e nas palavras que ouvira Noemi falar.

Na verdade, para que os fatos fiquem bem esclarecidos, Noemi tinha primeiro decidido a voltar para Judá levando suas duas noras e no caminho foi que mudou de ideia e resolveu deixar as duas escolherem seu próprio caminho. Ela mesma, Noemi, estava, de fato, disposta a voltar sozinha.

No entanto, agora, ambas estavam viajando de volta para Judá. Noemi e Rute. Orfa escolheu Moabe e retornou dali para sua própria terra.

Noemi deixou claro para Rute que seria difícil e ela não saberia como resolver o seu caso, uma vez que não poderia mais gerar filhos e ainda que os gerasse, demoraria muito para tomarem seus papeis de resgatadores.

Rute seguiu Noemi sem interesse algum, apenas confiando na providência divina e ela tinha fé para isso. Elas, sem maridos, ficariam sem o provedor da família ou o protetor legal. Fica evidente que Rute se converteu totalmente à fé de Israel. Dedicadamente, ela viajou para Judá com Noemi, que enfrentava a amargura e a solidão.

Rt 1:1 E sucedeu que, nos dias em que os juízes julgavam,

               houve uma fome na terra; por isso um homem de Belém de Judá

                              saiu a peregrinar nos campos de Moabe, ele e sua mulher,

                                            e seus dois filhos;

               Rt 1:2 E era o nome deste homem Elimeleque,

                              e o de sua mulher Noemi, e os de seus dois filhos

                                            Malom e Quiliom, efrateus, de Belém de Judá;

                              e chegaram aos campos de Moabe, e ficaram ali.

Rt 1:3 E morreu Elimeleque, marido de Noemi;

               e ficou ela com os seus dois filhos, Rt 1:4 Os quais tomaram para si

                              mulheres moabitas; e era o nome de uma Orfa,

                                             e o da outra  Rute; e ficaram ali quase dez anos.

Rt 1:5 E morreram também ambos, Malom e Quiliom,

               ficando assim a mulher desamparada dos seus dois filhos

                              e de seu marido.

Rt 1:6 Então se levantou ela com as suas noras,

               e voltou dos campos de Moabe, porquanto na terra de Moabe

                              ouviu que o SENHOR tinha visitado o seu povo,

                                            dando-lhe pão.

               Rt 1:7 Por isso saiu do lugar onde estivera, e as suas noras com ela.

                              E, indo elas caminhando, para voltarem para a terra de Judá.

Rt 1:8 Disse Noemi às suas noras:

               Ide, voltai cada uma à casa de sua mãe;

                              e o SENHOR use convosco de benevolência, como vós usastes

                                            com os falecidos e comigo.

               Rt 1:9 O SENHOR vos dê que acheis descanso cada uma em casa

                              de seu marido. E, beijando-as ela, levantaram a sua voz

                                            e choraram.

Rt 1:10 E disseram-lhe:

               Certamente voltaremos contigo ao teu povo.

Rt 1:11 Porém Noemi disse:

               Voltai, minhas filhas. Por que iríeis comigo?

                              Tenho eu ainda no meu ventre mais filhos,

                                            para que vos sejam por maridos?

               Rt 1:12 Voltai, filhas minhas, ide-vos embora,

                              que já mui velha sou para ter marido;

                                            ainda quando eu dissesse:

               Tenho esperança, ou ainda que esta noite tivesse marido

                              e ainda tivesse filhos, Rt 1:13 Esperá-los-íeis até que viessem

                                            a ser grandes? Deter-vos-íeis por eles,

                                                           sem tomardes marido?

               Não, filhas minhas, que mais amargo me é a mim

                              do que a vós mesmas; porquanto a mão do SENHOR

                                            se descarregou contra mim.

               Rt 1:14 Então levantaram a sua voz, e tornaram a chorar;

                              e Orfa beijou a sua sogra, porém  Rute se apegou a ela.

Rt 1:15 Por isso disse Noemi:

               Eis que voltou tua cunhada ao seu povo e aos seus deuses;

                              volta tu também após tua cunhada.

Rt 1:16 Disse, porém, Rute:

               Não me instes para que te abandone, e deixe de seguir-te;

               porque aonde quer que tu fores irei eu,

               e onde quer que pousares, ali pousarei eu;

               o teu povo é o meu povo,

               o teu Deus é o meu Deus;

               Rt 1:17 Onde quer que morreres morrerei eu,

                              e ali serei sepultada.

               Faça-me assim o SENHOR, e outro tanto,

                              se outra coisa que não seja a morte me separar de ti.

Rt 1:18 Vendo Noemi, que de todo estava resolvida a ir com ela,

               deixou de lhe falar.

Rt 1:19 Assim, pois, foram-se ambas, até que chegaram a Belém;

               e sucedeu que, entrando elas em Belém, toda a cidade se comoveu

                              por causa delas, e diziam:

               Não é esta Noemi?

Rt 1:20 Porém ela lhes dizia:

               Não me chameis Noemi; chamai-me Mara;

                              porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso.

               Rt 1:21 Cheia parti, porém vazia o SENHOR me fez tornar;

                              por que pois me chamareis Noemi?

               O SENHOR testifica contra mim, e o Todo-Poderoso me tem feito mal.

Rt 1:22 Assim Noemi voltou, e com ela Rute a moabita, sua nora,

               que veio dos campos de Moabe;

                              e chegaram a Belém no princípio da colheita das cevadas.

O discurso de Noemi e sua visão das coisas era muito pessimista como se percebe em seu desabafo de que partira cheia e voltara vazia. Ela parece um pouco revoltada com sua sorte, embora tenha uma noção fantástica da soberania de Deus.

Para o propósito da história era crucial que Rute fosse identificada e lembrada como estrangeira – vs. 4; 2:2,6,21; 4:5,10, em especial, 2:10.

Elas chegaram em Belém no princípio da sega da cevada, onde a história tomará uma guinada incrível.

A Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete –
http://www.jamaisdesista.com.br

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