Igreja Evangélica Presbiteriana
Domingo, 19 de agosto de 2012
Pr. Plínio Fernandes
Amados, vamos ler Mateus 7:12
Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas.
Esta palavra “pois”, ou “assim”, ou “portanto”, é o elo entre o que Jesus nos ensina no v. 12, e as coisas que ele vinha nos falando anteriormente. Se nos voltarmos para os vs. 7 a 11, vemos que ali ele está nos ensinando que devemos orar sempre, pois temos um Pai celestial que, ao contrário de nós, que somos maus, isto é pecadores, temos um Pai celestial que é bom, e que não somente tem uma bondosa disposição, mas também o poder de nos dar coisas boas.
Então, nos vs. 7 a 11, Jesus nos fala do nosso relacionamento com Deus. Assim sendo, precisamos voltar um pouco mais, vs. 1 a 6, onde vemos, de modo claro, nosso Senhor falando sobre o nosso relacionamento uns com os outros:
Não julgueis, para que não sejais julgados, isto é, não condeneis, para que não sejais condenados… Tire a trave que está no teu olho, isto é, trate com as grandes coisas erradas que há em sua vida, e assim você poderá ajudar ao seu irmão nas pequenas coisas da vida dele… Por outro lado, não deem coisas santas aos cães, isto é, não percam seu tempo com pessoas agressivas, zombeteiras e blasfemas que podem prejudicar a sua vida espiritual…
Em nossos estudos anteriores consideramos que, neste contexto, Jesus volta a nos ensinar sobre oração porque, a não ser através da comunhão com nosso Pai celestial, uma comunhão de confiança em Deus, não temos como ter o discernimento e a capacidade necessários para fazer o que ele nos ordena, não temos como nos relacionar adequadamente com o nosso semelhante.
Nossa tendência natural é fazer ao contrário: julgar, condenar, em vez de ajudar, falar mal, e ainda por cima “fazer vista grossa” para com os nossos próprios pecados. Temos também a tendência de perder nosso tempo com pessoas ímpias e revoltadas, e deixar de lado pessoas com as quais deveríamos investir nossos talentos. Por isto precisamos orar, buscando de Deus, permanentemente, os dons necessários para que vivamos com sabedoria e poder celestiais.
Então, no v. 12, podemos perceber que Jesus está, por assim dizer, “fechando o assunto” (embora, ao mesmo tempo, já esteja também nos conduzindo ao que irá ensinar nos versículos seguintes – tudo é interligado).
Nós podemos parafrasear os vs. 1 a 12 mais ou menos assim:
“Resumindo, o que eu estou dizendo é que, da maneira como vocês desejam ser tratados pelos homens, assim vocês devem tratar com eles. Não julguem, não condenem, ajudem-nos em suas dificuldades. Mas antes de fazer isto, tratem também com seus próprios pecados. Mas como vocês, por si mesmos, são pecadores e não conseguem fazer isto, orem. Não queiram fazer o que eu mando pelas suas próprias forças. Busquem a Deus. Procurem até achar. Batam na porta do céu. Porque o Pai celestial é bom, e ele dará a vocês tudo o que pedirem. Façam desta maneira, e assim vocês estarão obedecendo a tudo o que a lei e os profetas ensinam”.
- Jesus nos diz que esta é a lei e os profetas
Entendemos: tudo quanto a lei e os profetas, isto é, tudo quando a Palavra de Deus no Antigo Testamento nos diz, está sintetizado aqui.
1.1 – Voltemos a Mateus 5
Mt 5:17-19
17 Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir. 18 Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra.19 Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino dos céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado grande no reino dos céus.
Já vimos, em estudos anteriores, que Jesus não veio para nos desobrigar de guardar a lei.
Ao contrário, ele veio para nos ensinar o verdadeiro sentido dela, e nos guiar de tal modo que ela seja cumprida em nossa vida diária, não somente através do perdão dos nossos pecados no sangue do Cordeiro, que é Jesus, mas também através de uma obediência positiva.
Através do sangue de Jesus, do qual a lei nos fala e ensina, somos salvos, somos perdoados. Mas pelo mesmo poder da salvação em Jesus, agora somos capacitados a obedecer positivamente aos preceitos da lei e dos profetas. Não para sermos salvos, mas porque já somos salvos. Somos pessoas transformadas em nossa mente, que nos arrependemos dos nossos pecados e que passamos a seguir a Jesus. Então, como seguidores de Jesus, a lei de Deus no Antigo Testamento é o nosso padrão de vida.
1.2 – Também já vimos que esta obediência à lei não é a mera observância externa e rígida de uma série de regulamentações.
Mt 5:20
Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus.
A justiça de Cristo é mais muito mais profunda que a dos escribas e fariseus. Ele explica que, ao contrário do que os escribas e fariseus pensavam, “não matarás” é mais do que não tirar a vida: é não odiar, é não ofender, é buscar o bem. “Não adulterarás” é mais do que não ter relações ilícitas: é não cobiçar, é não alimentar pensamentos impuros. “Não jurarás falsamente” é mais do que não usar o nome de Deus em vão: é sermos pessoas de palavra, que cumprem o que dizem, que falam a verdade.
A lei e os profetas, então, não são aquilo que os escribas e fariseus pretendiam que fosse: aquele monte de regulamentos externos, de aparências, mas a lei é a vontade de Deus revelada no Antigo Testamento, como expressão de corações renovados pelo conhecimento de Deus.
2 – O cumprimento da lei é o amor
Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles.
A intenção de todos os mandamentos que Deus nos dá em relação aos homens é que nós façamos o bem a eles.
Noutros lugares Jesus repete este ensino, quase que com as mesmas palavras.
Mt 22:35-40
35 E um deles, intérprete da Lei, experimentando-o, lhe perguntou: 36Mestre, qual é o grande mandamento na Lei? 37 Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. 38 Este é o grande e primeiro mandamento. 39 O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. 40Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.
O grande propósito do Antigo Testamento é o amor: amor para com Deus, o nosso Criador, o nosso Pai e Salvador; e amor para com o nosso próximo: os seres humanos criados à imagem e semelhança de Deus. Mas para que não nos degeneremos em sentimentalismo enganoso, ou em relativismos situacionais, ele nos ensina o que significa esse amor: é tratar o nosso próximo da mesma maneira como desejamos ser tratados, e tendo como padrão a lei do Senhor.
Como é que você deseja ser tratado? Uma das coisas que eu posso dizer com certeza é que você não deseja ser julgado, criticado, condenado. Com certeza você também deseja ser ajudado em suas fraquezas. Você também não quer que as pessoas se tornem um empecilho à sua fé e ao seu relacionamento com Deus.
Todos nós temos consciência de que somos pecadores, fracos e limitados, e queremos, aliás, não somente queremos, mas precisamos ser perdoados e fortalecidos para andar com Deus. Não desejamos ser agredidos, mas amados. Não desejamos ser traídos, não desejamos ser roubados, não desejamos que mintam a nosso respeito, ao contrário, que nos façam o bem. Em todas as cartas de Paulo, o apóstolo Paulo nos apresenta inúmeros exemplos práticos, do que isto quer dizer em nossa vida cotidiana.
Escolhemos Romanos 12 e 13 para o momento.
Rm 12:3-21
3 Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um. 4 Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função, 5 assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros, 6 tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se profecia, seja segundo a proporção da fé; 7 se ministério, dediquemo-nos ao ministério; ou o que ensina esmere-se no fazê-lo; 8 ou o que exorta faça-o com dedicação; o que contribui, com liberalidade; o que preside, com diligência; quem exerce misericórdia, com alegria. 9 O amor seja sem hipocrisia. Detestai o mal, apegando-vos ao bem. 10 Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros. 11 No zelo, não sejais remissos; sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor; 12 regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração, perseverantes; 13 compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade; 14 abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis. 15 Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram. 16 Tende o mesmo sentimento uns para com os outros; em lugar de serdes orgulhosos, condescendei com o que é humilde; não sejais sábios aos vossos próprios olhos. 17 Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens; 18 se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens; 19não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor. 20Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça. 21 Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.
Rm 13:8-10
8 A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido a lei. 9 Pois isto: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não cobiçarás, e, se há qualquer outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. 10 O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor.
Não temos como comentar cada um destes exemplos aqui enumerados pelo apóstolo. Mas em síntese, o cumprimento da lei é o amor. Mas o amor não é sentimentalismo. É claro que os sentimentos fazem parte.
O amor é atitude; o amor faz uso do bom senso. O amor nos torna zelosos e responsáveis pelo bem-estar do nosso irmão, do nosso próximo. O amor nos conduz a fazer uso dos nossos dons espirituais para a edificação da igreja de Jesus, pois somos membros uns dos outros.
O amor nos torna humildes e submissos uns aos outros. Nos torna liberais no uso dos nossos dons e talentos. Nos torna misericordiosos. Nos torna pacientes nas tribulações. Nos torna perseverantes diante das adversidades. Nos faz simpatizantes das aflições alheias. Nos faz pacificadores.
Amor é a maneira como a graça de Deus lida conosco. E é a maneira como Deus nos ensina a lidar com o nosso semelhante, seja ele ou não um irmão não fé.
Mas consideremos o último nosso último ponto, que está implícito em todo o contexto:
- Para andar de acordo com a lei do amor, nós podemos contar totalmente com a graciosa ajuda de Deus
Nós dependemos dela, mas não somente dependemos; podemos contar com esta graça, confiantemente, porque Deus é bom, e não somente nos diz o que requer de nós, mas também concede o que de nós requer.
Ele opera em nós o querer e o realizar de sua vontade.
Nos versículos seguintes, depois de falar sobre isso, nosso Senhor diz que o caminho da vida é estreito.
Como diz o apóstolo Paulo, o amor é o caminho sobremodo excelente. Mas o caminho do amor não é largo. É estreito. Com isto Jesus quer dizer que não transitamos por ele naturalmente. Como já dissera anteriormente, somos maus. Mesmo os de melhor temperamento, somos naturalmente egoístas.
E ainda que este seja o mais excelente caminho, o mais deleitoso, e muitos o desejem, em meio a esta humanidade imensa, são muitos os que não o encontram. Por isto é preciso esforço da alma, isto é desejo de Deus, fome de Deus. É preciso ajuda do alto. Ora, esta ajuda do alto, Jesus já nos informou que está à nossa disposição. É pedir. É buscar. É bater à porta do céu.
Agora, vamos ler o texto paralelo ao v. 11, no Evangelho de Lucas.
Lc 11:13
Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?
Com isto a Escritura quer nos dizer que o Espírito Santo é a fonte de todas as coisas boas que nos são dadas pelo Pai das luzes. Quando pedimos sabedoria, o Pai nos dá mais de seu Espírito Santo; quanto pedimos mais paciência, o Pai nos dá mais de seu Espírito Santo; quando pedimos mais fé; quando pedimos mais iluminação.
E quando pedimos mais amor; pois como diz Romanos 5:5, “o amor de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi outorgado”.
Conclusão e aplicação
O Deus Triúno, Pai, Filho e Espírito Santo a quem adoramos, o Deus da nossa salvação, é todo justiça, retidão, amor e bondade. Seus mandamentos são a expressão de seus bons desejos para conosco. Sua vinda ao mundo, em Jesus Cristo, é a mais alta manifestação deste amor, pois ele deu sua vida na cruz, para sofrer em si mesmo o castigo da nossa desobediência aos seus santos mandamentos. Depois que ressuscitou, Jesus subiu ao céu e enviou o Espírito Santo, que vem habitar no coração, na alma de todo aquele que recebe a Jesus.
E assim somos capacitados a andar em amor, com Cristo que nos amou. Somos capacitados a viver de acordo com a lei do Senhor, com almas restauradas, gozando felicidade em nossos relacionamentos. Como diz Romanos 8:4, Jesus realizou sua obra “a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito”.
Então só podemos adorar a Deus por causa disto. Só podemos aplicar a este assunto, o que a Escritura diz sobre o plano de Deus para a nossa salvação:
Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém! (Rm 11:33-36)
Só podemos adorar ao Senhor, por ter colocado à nossa disposição o seu próprio poder, para que por ele vivamos esta vida melhor, do alto, cheia de amor e justiça. E aproveitar: tomar o cálice da nossa salvação e viver perto do nosso Deus. Amar nossa família. Amar nossa igreja. Amar nossos irmãos. Amar os que são de fora. Esta é a lei e os profetas.
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Postado por Plínio Fernandes
às 20:44:00