Bacalhau do Batata e Munguzá de Zuza e Thaís não deixam folia acabar
Em Olinda, foliões insistem em não deixar o carnaval terminar nesta quarta.
Bacalhau do Batata e Munguzá são atrações tradicionais nas ladeiras.
Apesar de ser Quarta-feira de Cinzas, ainda há carnaval nas ladeiras de Olinda. Desde o início da manhã, os tradicionais Munguzá de Zuza Miranda e Thais e Bacalhau do Batata animam quem brincou os últimos dias e quer energia para continuar aproveitando a folia. Muitas das pessoas que já chegaram ao Sítio Histórico de Olinda na manhã desta quarta (10) vieram provar o Bacalhau do Batata, há 54 anos desfilando pelas ladeiras da Cidade Alta. Ansiosa para degustar o prato e para dançar ao som dos clarins, a multidão espera alegria e muito frevo para curtir o que restou do carnaval.
“É a primeira vez que eu venho. Acordamos às 6h para ver o Bacalhau e estamos adorando cada minuto”, diz a cearense Mônica Rodrigues. Acompanhada de um grupo de 15 pessoas vindas das cidades de Fortaleza e Juazeiro do Norte, ela está encantada com as manifestações culturais. “Isso aqui é maravilhoso”, exclama.
do Bacalhau do Batata (Foto: Marina Meireles/G1)
Apesar de só desfilar nesta Quarta-feira de Cinzas, a preparação do bloco Bacalhau do Batata começou no dia anterior. Os 50 litros de caldinho de feijão e bacalhau para dar energia aos seguidores da agremiação começaram a ser preparados na terça-feira (9) à noite.
O estandarte, montado com o próprio pescado que dá nome ao bloco e legumes frescos, começou a ser montado por volta das 6h30 da manhã da quarta. Entretanto, a emoção de levar a tradição do carnaval às ruas é vivida durante o ano inteiro.
“Colocar esse bloco na rua é muito emocionante. Esse bacalhau tem uma magia que é inexplicável”, comenta Fátima Araújo, presidente da agremiação e sobrinha do fundador do bloco, o garçom Isaías Pereira da Silva, que faleceu em 1993. Inconformado por não poder aproveitar o carnaval, ele criou a agremiação para curtir a folia junto com as pessoas que também trabalham durante os dias de Momo.
Segundo Fátima, os 54 anos de tradição se renovam a cada desfile. “Às vezes eu penso que não vamos conseguir, mas temos muita gente nos ajudando. Estamos firmes e fortes, sem crise!”, brinca.
Munguzá
Por volta das 5h da manhã, Zuza chegou ao Alto da Sé para servir o tradicional mungunzá. Apesar de não ter a mesma quantidade dos anos anteriores, ele garante que a alegria e a disposição são as mesmas. “Estamos com mil litros esse ano para servir em três mil copinhos, um número menor do que nos outros anos, mas estamos aqui para dar energia a esse povo hoje”, comenta Zuza.
No 21° ano do Munguzá, a homenageada é Mauricéa Silva, responsável pelo preparo da iguaria tradicional das ladeiras de Olinda na Quarta de Cinzas. “O segredo desse munguzá é fazer sem pressa e com muito amor pra dar sustância ao povo”, revela. Para ela, a homenagem foi uma surpresa. “Soube somente hoje que seria homenageada. É uma emoção muito grande pra mim”, conta.
De acordo com Zuza, após a tradicional “Corrida dos Monstros”, haverá a fusão com o Bacalhau do Batata. “Vai ser comida e folia pra todo mundo”, garante.
Até mesmo quem vem de fora é atraído pela promessa de bacalhau e munguzá. “Eu soube de um Batata e vim aqui para ver o que é”, conta a israelense Gabriela Bodner. Em Olinda há três dias, ela achou o carnaval fascinante. “Essa experiência tem sido magnífica. Uma pena que já está acabando”, lamentou.