O que significa a palavra apóstolo?
São muitos “apóstolos” que se levantam na atualidade, pricipalmente dentro do Brasil, divulgando curas, milagres e aberturas de igrejas como provas da veracidade de seu ministério apostolar, mas será que de fato a bíblia requer apenas isso para definirmos um apóstolo? Será que a Bíblia se restringe á superficialidade destas obras para conceituar o ministério apostólico? Basta curas e crescimento denominacional para entendermos uma atuação verídica de um apóstolo?
O que significa a palavra apóstolo?
A palavra apóstolo provém do grego apostolos (Απόστολος) e significa literalmente “enviado”, podendo ainda compreender o sentido de “embaixador” sendo assim o apóstolo uma pessoa que representa quem o enviou. Esta palavra foi usada para descrever o Senhor Jesus em Sua relação com Deus (Hb 3.1; Jo 17.3) e aplicou-se para designar-se os que foram chamados para um treinamento especial com Jesus (Lc 6.13; 9.10), além de definir em um sentido mais amplo aqueles que haviam sido enviados a serviço da igreja no auxílio e implatação de igrejas (At 14.4, 14 Paulo e Barnabé; Rm 16.7 Andrônico e Júnias; 2 Co 8.23 dois irmãos anônimos chamados ´embaixadores[apóstolos]` das igrejas; Fp 2.25 Epafrodito é chamado ´vosso enviado [apóstolo]`; 1 Ts 2.6 define-se Paulo, Silas e Timóteo em sua relação com Cristo. Extraído do dicionário Vine pp. 407 e 408, CPAD, 4ª edição 2004).
Em que consistia o ministério apostólico?
O apóstolo é um dom dado á igreja para a edificação dos santos, quem ocupava este cargo possuia primazia na hierarquia eclesiástica estabelecida na Palavra do Senhor (1 Cor 12.27-31; Ef 4.11-16), o ministério apostólico consistia em viagens missionárias onde os vocacionados pregavam o Evangelho, e implantavam igrejas, demonstrando por meio de sinais a Palavra de Jesus Cristo, testemunhando das coisas que vivenciaram enquanto conviveram com o Mestre, ganhando almas e resgatando vidas, estes tinham autoridade para escrever mandamentos á igreja do Senhor, pois eram inspirados pelo Espírito neste importante negócio (Mt 28.18-20; Mc 16.15-20; Lc 24.45-50; 1 Cor 9.2; 2 Cor 12.12; Ef 2.19-20; 3.1-5; 2 Pe 1.20-21; 3.15; Jd 17-18; Ap 1.19), os apóstolos foram responsáveis pela expansão da igreja pelo mundo por meio da pregação inspirada pelo Espírito Santo. Num sentido mais amplo, os enviados da igreja serviam de alguma forma, fosse pela pregação, transporte de cartas, auxílio em trabalhos evangelísticos ou outras coisas no serviço em prol do Evangelho.
Quem poderia exercer o ministério apostólico e o que qualificava um apóstolo?
Óbviamente a igreja não era “casa da mãe joana”, não era qualquer um que poderia chegar dizendo que era apóstolo e ir impondo revelações, ensinamentos e abrindo igrejas, era necessário um currículo restrito para que alguém assumisse a posição de apóstolo.
Pedro aquando da escolha do substituto de Judas, o traidor, esclareceu á igreja a respeito das qualificações necessárias para que alguém tomasse parte no apostolado:
“É necessário, pois, que, dos homens que conviveram conosco todo o tempo em que o Senhor Jesus entrou e saiu dentre nós, Começando desde o batismo de João até ao dia em que de entre nós foi recebido em cima, um deles se faça conosco testemunha da sua ressurreição.” (Atos 1:21-22).
Os apóstolo eram pessoas diretamente vocacionadas por Jesus, que haviam testemunhado Suas obras e ensinamentos e que haviam visto o Cristo ressuscitado (Mc 3.13, 14; Lc 6.12-16; At 9), sem esta experiência ninguém poderia tomar sobre si este título em seu sentido técnico e restrito a uma classe especial de pessoas.
Basicamente foram três os estágios vividos pelos apóstolos: chamada, educação e missão.
Chamada
O próprio Cristo vocacionou seus escolhidos, e para os fins de Sua missão, tomou a iniciativa, comissionando aos que a Ele seguiam, sempre com um chamado simples e direto, cheio de autoridade, e uma resposta imediata a este chamado (Mc 1.16-20; 2.14; 3.13-19; At 9.1-16).
Educação
A Bíblia relata que os discípulos eram testemunhas e companheiros de Jesus no Seu ministério público, sempre aprendendo do Mestre (Mc 4.10-25, 35-41; 6.7-11, 31, 47-52; 8.14-21), esta experiência de convivência proporcionou aos discípulos aprendizados sobre amor, esperança, fé, humildade, mansidão, e virtudes centrais do Evangelho, Jesus se dedicou a formar bons discípulos educando-os em tudo, como podemos ver na leitura de João do capítulo 13 ao 17.
Missão
Jesus enviou em missão aos seus discípulos capacitando-os e revestindo-os de poder e autoridade espiritual para pregarem o Evangelho, anunciando o Reino de Deus, e realizando curas e expulsão de demônios (Mc 6.7-13; Mt 10; Lc 10.1-24), desta forma adquiriram experiência e aprendizado diante do Mestre para a obra que iriam realizar.
A concessão do título apostolar por parte da igreja
Com o tempo, as exigências da igreja (que logo obteve grande desenvolvimeto) e a livre concessão do Espírito de Deus o apostolado deixou de ter aquela estreiteza em seus limites. Por ato da igreja de Antioquia (At 13.1-3), Barnabé e Saulo foram constituídos apóstolos: é-lhes concedido este título em At 14.4, 14. Paulo defendia firmemente seu apostolado (Rm 1.1; 1 Co 1.1; 2 Co 1.1, etc.) e associava com ele Barnabé (Gl 2.9; 2 Co 9.5, 6), como já foram citados, outros irmãos também receberam este título. Havia contudo uma condição essencial para o círculo apostólico: um apóstolo devia ter visto o Senhor (1 Co 9.1), para poder testemunhar logo o objeto da fé da igreja, Cristo ressuscitado (1 Co 15.8).
Hoje num sentido mais amplo algumas igrejas entendem como apóstolo aquele que é enviado para implantação de igrejas na propagação do Evangelho e no desbravamento do campo missionário, servindo á igreja e ao Senhor, porém não com a mesma autoridade que estava vinculada aos que primeiramente possuíam este título, pois ninguém está autorizado a trazer uma revelação que esteja em grau de igualdade com a Bíblia Sagrada, todos devem seguir o que foi deixado como herança nas Escrituras pelos primeiros apóstolos.
O apóstolo, suas obras e o fruto do Espírito
O ministério apostólico na vida de uma pessoa se confirma através de seus feitos em prol do Evangelho, o apóstolo biblicamente falando deve ser um desbravador, uma pessoa que arrisca até mesmo a vida para levar a mensagem do Evangelho, que abre trabalhos, implanta igrejas e ganha almas para Jesus pregando a Sã Doutrina (1 Co 9.2), infelizmente não é o que vemos por parte dos ditos “apóstolos” da atualidade, pois não se dirigem a locais onde o Evangelho não chegou, pelo contrário, ficam em grande centros, e ás vezes “pescando em aquário” tirando membros de outras igrejas ás custas de críticas e acusações, postura que não condiz com a de um verdadeiro apóstolo (Rm 15.15-21).
Além do esforço no ensino e na pregação da Palavra, por vezes expondo até mesmo a própria vida (At 20.17-27;2 Co 12.15; Gl 6.17), o apóstolo deve ter sua pregação confirmada por meio de curas, sinais, prodígios e maravilhas (At 4.29-30; Rm 15.19; 2 Co 12.12), porém as curas em si não qualificam o apóstolo se não forem acompanhadas do fruto do Espírito, afinal se é o Espírito que promove sinais, este mesmo Espírito já promoveu uma transformação de caráter em quem promove os sinais (1 Co 11.1; Gl 5.22), pois a ausência de caráter cristão é sinal e prova de um ministério apostólico falso (2 Co 11.13; 2 Pe 2.1; Jd 2, 8; Fp 3.2; 2 Tm 3.1-9; Mt 7.15; 24.11; 24; Mc 13.22; At 13.6-10, Ap 2.2, etc.), portanto não só obras de caridades e curas são válidas para se aprovar um apóstolo, pois como Paulo disse:
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” (1 Co 13.1-7).
Sem amor de nada vale obra de caridade ou milagre, sem o verdadeiro Evangelho que é centrado no amor, de nada vale ter um grande ministério com milhares de igrejas cheias de fiéis.
Agora, depois de todos este aspectos bíblicos citados acima, podemos dizer que possuímos apóstolos hoje em dia? Será que de fato alguns que se auto-intitularam apóstolos passam pelo crivo da palavra? Estes que clamam pela teologia da prosperidade e um “evangelho” totalmente distorcido, que não é centrado no amor de Cristo e na Sua Doutrina, são mesmo apóstolos? Fazem o mesmo que os apóstolo faziam? Ou andam escondendo sua falta de caráter e conduta cristã, além de pregação espúria, atrás de sinais, curas e denominações grandiosas?
A grande verdade meus irmãos, é que no grande Dia, muitos “apóstolos” dirão algo ao Senhor e receberão uma dura resposta, pois Jesus disse:
“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.”
(Mt 7.21-23).
Apesar de ter sido um pouco extenso, espero ter respondido a alguns críticos que defendem os erros de grandes “apóstolos” da atualidade, espero que os leitores possam ter consciência da verdade em Cristo.
No temor do Senhor,
Júnior Rubira.
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