NATAL RN-Localização geográfica do RN é subutilizada, defende presidente do Crea-RN
Com localização privilegiada no Nordeste brasileiro, o Rio Grande do Norte fica próximo aos continentes africano e Europeu. No entanto a questão geográfica, que poderia se traduzir em competitividade econômica, com melhor de utilização de modais como o porto e o aeroporto da capital potiguar, ainda não fazem diferença financeira ao estado que, segundo a presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Norte (Crea-RN). O porto, por exemplo, perde exportações para os portos de Suape, em Ipojuca, no estado de Pernambuco, e do Pecém, que fica em São Gonçalo do Amarante, no Ceará.
E um dos setores afetados por isso é o polo de fruticultura no RN, concentrado principalmente nas cidades de Assu e Mossoró, ambas no Oeste do Estado. As plantações acabam sendo exportadas em unidades fora do território potiguar. “A fruta ela vai ou para o porto Pecém (CE) ou vai para o porto de Suape (PE). Vamos criar uma ferrovia? Não. Vamos reestruturar os modais logísticos que nós temos”, antevê, Ana Adalgisa, presidente do Crea.
Em relação às frutas, caso sejam exportadas pelo porto de Suape, a produção anda quase toda extensão da BR-304 no estado, passa por Natal, que tem porto, e vai até Pernambuco para ir ao exterior. “Eu planto melão em Mossoró, colho, mas vou dar dinheiro ao povo do Pecém ou de Suape, e vou usar a infraestrutura do RN. A gente tem que pensar o estado organicamente, coletivamente. Ouvindo todos os setores”, observou Ana.
Jaime Calado, secretário do Desenvolvimento Econômico, da Ciência, da Tecnologia e Inovação do RN, defende que os produtores de frutas como o melão e a melancia são competentes nas exportações, mesmo com as dificuldades logísticas. “Eles conseguem quase um milagre logístico e conseguem contratos praticamente no mundo todo, pelas notícias que temos, vai aumentar muito essa exportação. Tem que ter um Porto que comporte isso”, avaliou.
Conforme o secretário, a situação do Porto de Natal trava o desenvolvimento econômico do estado. “O sal, produto mais tradicional de exportação do RN, a gente não está exportando nem a metade da nossa capacidade de exportação. No máximo, 5,5 milhões de toneladas, com o Porto-Ilha no máximo da produtividade, quando a gente poderia exportar 11 milhões de toneladas de sal”, analisa. Outra questão, é quanto à limitação dos navios que chegam ao porto da capital potiguar. “O nosso porto só pega navios de até 40 mil toneladas. Esses navios para essa parte de exportação, são uma espécie em extinção”, disse ao comparar com o porto do Ceará, que tem capacidade para embarcações de até 75 mil toneladas.
Calado defende que o próximo Porto deve ser multiuso e servir como base para a nova indústria. “Temos um potencial imenso, mas ele tem que servir para exportação de ferro, de frutas, de sal, dos produtos que a gente tem no RN, tem muito e não podemos deixar nossa economia travada como está”, adiantou.
A presidente do Crea também defende que o potencial do Rio Grande do Norte vai além do que já é feito e que a logística pode colaborar para geração ainda maior de riquezas. “Você tem um aeroporto próximo, como um polo.
Você tem o mar. Nós temos a região que mais pode produzir energia eólica. Não é só do Brasil. A nossa localização geográfica nos favorece a sermos o grande produtor de energia do mundo. E aí você vem com todos os derivativos disso. O hidrogênio verde vai ser uma commodity de alto valor agregado e a gente pode ser um grande exportador. Podemos ser um exportador de energia”, frisou.
Segundo Ana Adalgisa, a melhora da logística no estado não passa pela criação de modais, mas no reforço da estrutura que o RN já tem, como o aeroporto, que na avaliação dela poderia ser melhor utilizado. “Temos um baita aeroporto de carga, que tem uma proximidade com a África e Europa e hoje ele serve para pousar cinco voos de turistas? A gente tem uma pista que suporta aviões cargueiros, se a gente tem uma retroárea enorme para ser uma central de logística para que esses produtos cheguem via aérea e saiam”, disse.
Calado pontua que atualmente o aeroporto de Natal é um dos dois do Brasil que tem capacidade de exportação de animais vivos. “Já presenciei embarque de vacas e toros para o Senegal, aqui no nosso aeroporto. Na ocasião, nós tivemos uma conversa muito interessante para exportarmos, por exemplo, medicamentos básicos que o RN mesmo fabrica. Mas isso não prosperou”, contou.
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