Centros infantis e escolas da rede municipal de ensino de Natal continuam com falta de merenda ou com comida insuficiente para atender a todos os estudantes. Diretores de unidades de ensino ouvidos pelo Agora RN relataram que precisaram liberar alunos mais cedo nos últimos dias ou estão tendo de fazer adaptações drásticas no cardápio, recomendadas pela Prefeitura do Natal, porque não chegaram todos os itens necessários. A situação ocorre mesmo com parte das aulas suspensas em função da greve dos professores.
O diretor de uma escola na Zona Norte de Natal contou à reportagem que, como não há todos os gêneros alimentícios indicados pela Nutrição para fazer o lanche dos alunos, a Secretaria Municipal de Educação (SME) orientou as escolas a fazer adaptações na comida.
Ele cita por exemplo que, como não está sendo enviado achocolatado, a pasta recomendou que as escolas queimem açúcar e misturem com leite para simular uma espécie de bebida caramelizada. “Não aceitamos essa orientação e acabamos servindo arroz de leite para os estudantes”, afirma o gestor.
O professor não quis se identificar porque tem medo de sofrer perseguição da gestão do prefeito Álvaro Dias (PSDB).
Ele disse que a comida que foi enviada nos últimos dias, além de não ser adequada, é insuficiente. “E só mandaram porque eu ameacei fechar a escola”, explica. A comida na escola só dá para três ou quatro dias no máximo.
Em um centro infantil da Zona Sul de Natal, a reportagem conversou com outra gestora escolar que relatou o mesmo problema. Ela disse que, nos últimos dias, a direção do CMEI fez um acordo com os pais de servir apenas um lanche para cada turno, para não ter que suspender as aulas. As crianças já têm que vir de casa com café da manhã (no caso da manhã) e almoço (no caso do turno da tarde). À tarde, como não está sendo servido jantar, os alunos estão sendo liberados mais cedo. Ela diz, no entanto, que existe a expectativa de a situação ser normalizada na próxima segunda-feira (11).
Em nota, a Secretaria de Educação afirmou que a merenda normalmente é comprada pelas próprias escolas. No entanto, como houve troca recente no comando das unidades de ensino, é preciso vencer uma burocracia para que os novos diretores assumam o controle das contas bancárias. Enquanto esse processo não é finalizado, para que o ano letivo não iniciasse sem merenda escolar, a SME assumiu o fornecimento em todas as 146 unidades de ensino.
“No entanto, por se tratar de um volume alto de gêneros alimentícios, para atender quase 57 mil estudantes distribuídos em 146 unidades de ensino, não foi possível atender as duas refeições para as crianças da educação infantil (creche e pré-escola)”, pontua a pasta, que espera regularizar a situação nos próximos dias. l