Era noite de quarta-feira. Camila, de 18 anos, tinha ido à escola. O marido Isaque, de 20, ficou em casa com o filho do casal, o pequeno Victor, de um ano e um mês. O jovem pai trabalha como bikeboy, faz entregas em uma bicicleta. Para ir trabalhar, ele deixa o filho com a sogra, que naquele dia precisou sair.
“Não tinha nada lá em casa. O aluguel atrasado… Não tive opção. Levei meu filho para ‘trabalhar’ comigo”, relembra. E, pedalando com o bebê em uma bolsa canguru, o homem saiu do bairro Pajuçara. Pedalou até o Norte Shopping, onde costuma esperar por algum chamado da quase dezena de aplicativos nos quais se cadastrou. “A noite foi fraca”, mas pode ter sido o começo de uma mudança de vida.
O dançarino Romarinho, da Banda Pretta, grupo de sucesso entre jovens de Natal, se deparou com a cena. “Ele me deu dinheiro e, antes de ir embora, pediu meu telefone e perguntou se podia gravar um vídeo comigo”. Isaque disse sim. A gravação postada no Instagram do artista foi compartilhada por várias pessoas e páginas. Muita gente se emocionou. “Quando você quer vencer na vida, não tem ninguém nem nada pra te impedir”, comentou uma internauta na postagem.
Destemido
Isaque Nascimento Silva estava sem nenhuma fonte de renda e vendo a situação da família se complicar. Faltava comida. O gás de cozinha também. Dinheiro para comprar as fraldas do pequeno ‘Vitinho’ não existia. Tudo que ele tinha era uma bicicleta. Pensou na possibilidade de se cadastrar nos aplicativos de entrega, mas o celular estava quebrado. Foi preciso coragem para tomar uma decisão.
“Meu pai mandou dinheiro do meu aluguel, que é R$ 100. O conserto do celular era R$ 60. Decidi ajeitar o aparelho, me cadastrar nos aplicativos e torcer para conseguir dinheiro com as entregas. Paguei só R$ 40 ao dono da casa. Falta o resto. O serviço não é muito lucrativo. Já cheguei a passar três dias sem fazer uma entrega”.
Ajuda
Depois da repercussão do vídeo, a ajuda começou a chegar à casa de Isaque. “Teve gente que veio aqui com comida, mantimentos”, conta. Mas aquilo que o jovem pai mais espera ainda não veio: uma oportunidade.
“Eu preciso muito de um emprego”.
Sobre sonhos, “sonho com uma casa pra deixar de pagar o aluguel, que é o que quebra. Mesmo que seja R$ 100 é muito pra mim”, relata.
Para falar com Isaque: (84) 98709-5355