Foto: José Aldenir
Marcelo Lima
Repórter
Um grupo de estudantes ocupa a sala dos colegiados da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), no primeiro andar do prédio da Reitoria, desde quarta-feira da semana passada. O motivo: um aluno teria sofrido uma nova agressão de um segurança terceirizado dentro das dependências da universidade. Com faixas e barracas armadas no local, os estudantes querem que a reitora Ângela Paiva Cruz reafirme os compromissos feitos há dois anos quando houve um episódio semelhante e que tome providências.
De acordo com o primeiro coordenador do Diretório Central dos Estudantes da Instituição, Gabriel Medeiros, ainda nesta segunda-feira (20) haverá uma nova reunião entre os participantes da ocupação e estudantes apoiadores para definir uma pauta de reivindicações. Segundo o coordenador do DCE, há cerca de 50 estudantes se revezando na ocupação, inclusive dormindo no local. Hoje pela manhã, quem se reuniu com sua equipe para definir ações referentes à ocupação foi a reitora Ângela Cruz.
Conforme os estudantes, as medidas que a reitoria havia se comprometido a realizar em 2012 não foram cumpridas. Naquele ano, segundo os estudantes, um dos seguranças disparou com arma de fogo contra eles. Uma investigação interna da universidade concluiu que o funcionário terceirizado havia atirado para o alto. Os discentes contestam.
“Nós estamos ocupando aqui, mais uma vez, contra as arbitrariedades por parte da equipe de segurança, tanto a segurança terceirizada, da empresa Garra, quanto do Departamento Segurança Patrimonial (DSP). Dia nove passado, eles espancaram um amigo nosso com requintes de tortura. Realmente um indivíduo não estava fazendo nada, estava observando eles quebrando um espaço de convivência que foi construído autonomamente e coletivamente por estudantes da universidade”, disse Álvaro, um dos estudantes que estavam na ocupação hoje pela manhã.
O fato teria acontecido no setor 2 durante o horário de aulas. A confusão começou quando o estudante não quis se identificar. Segundo o coordenador geral do DCE, o segurança perguntou se ele era estudante da universidade. O estudante respondeu que mesmo que não fosse teria o direito de estar ali por ser uma universidade pública.
Com a piora da situação, o estudante foi algemado segundo a versão dos discentes. “Deram puxões de cabelo, deram soco na boca dele quando ele estava algemado, jogaram areia na boca dele”, declarou Álvaro, que ressaltou que apenas o soco foi testemunhado por outras pessoas.
De acordo com Álvaro, o a agressividade dos seguranças terceirizados tem se repetido desde o caso mais destacável em 2012. “Ano passado agrediram uma menina de quarenta quilos com cacetete, sob a alegação que ela não podia usar o Restaurante Universitário”, acrescentou. Na ocupação da reitoria, os integrantes já ouviram planos de agressão. “Nossas amigas ouviram dizer que eles queriam usar o teaser e dar choque na gente. Que tipo de humanização é essa?”, disse, em referência ao acordo firmado entre estudantes e reitoria em 2012.
“Ainda não temos nenhuma pauta declarada final. Até porque nosso processo é lento, a gente não gosta de fazer como eles: apressado e que não dá em nada. A gente leva tempo discutindo, a gente se cansa porque existem diversos pontos de vista diferentes e nós respeitamos cada ponto de vista diferente. Eles vão ter que esperar, porque se não quisessem esperar não teriam feito o que fizeram”, disse Álvaro. Entramos em contato com a assessoria de imprensa da reitoria da UFRN, mas até o fechamento desta edição não recebemos uma novo posicionamento oficial sobre o caso.