Pela situação do ABC na competição, a torcida respondeu bem a conclamação e aos preços baixos dos ingressos. Mas mesmo comparecendo em número razoável ao estádio, ela não deixou de mandar seu recado de insatisfação com uma faixa que dizia: Viemos pela camisa. Fora diretoria”. Porém, com a bola rolando ela teve motivos para apoiar o time alvinegro, que fez um excelente primeiro tempo contra o América-MG, quando conseguiu abrir 2 a 1, criando a expectativa pela conquista da primeira vitória em Natal dentro da série B e também colocar fim a um jejum de 19 jogos sem vitória.
Atuando de forma inteligente e apostando sempre na velocidade, o time não abdicou de atacar o América-MG, mesmo ciente da qualidade do adversário que estava enfrentando. Os mineiros foram surpreendidos pela forma como o alvinegro entrou em campo e logo aos 8 minutos, depois de uma boa trama de todo o ataque, Romarinho recebeu a bola na entrada da área e descolou um passe excelente para Rafinha penetrar livre e tocar rasteiro para abrir o marcador.
Em vantagem com menos de dez minutos, o ABC recuou suas linhas e passou a matar a principal jogada do adversário, os avanços e os cruzamentos de Walber pelo lado direito, com uma marcação dupla e algumas vezes triplicada em cima desse jogador. O time potiguar também deu a posse de bola para o América, que ficava rondando de um lado para o outro, sem poder de penetração. Quando conseguia roubar a bola, os donos da casa subiam sempre em velocidade e sempre chegavam com algum perigo à área americana.
Numa dessas escapadas, após o cruzamento, o zagueiro Alison desviou uma bola com a mão na área, mas o juiz deixou o jogo correr. Mas como uma espécie de justiça divina, no lance seguinte, Romarinho descolou outro belo passe, dessa vez para Erivélton, na corrida, se esticar, chegar antes do goleiro e mandar a bola para o fundo da rede.
O primeiro tempo só não saiu sob encomenda porque no último minuto de jogo, o zagueiro Alison se aproveitou de uma bola erguida na área por Mancini, cobrando falta, para diminuir a diferença para o América e deixar o jogo aberto para segunda etapa.
Com Bismark no lugar de Romarinho, o ABC perdeu força nos contra-ataques e também viu um América-MG mais consciente em campo. Reanimados pelo gol marcado no final da etapa inicial, os mineiros assumiram o controle da situação e sempre insistindo pela direita começaram a levar perigo ao gol defendido por Saulo.
Dando espaço para o adversário atacar, o ABC resistiu na frente do marcador até os 20 minutos, quando novamente em uma jogada pela direita, Walber cruzou e após o corta-luz Richarlison, Mancini apareceu para tocar e deixar tudo igual no placar. Depois disso o que se viu foram as duas equipes se lançarem ao ataque em busca da vitória. Se o ABC assustou com um chute de Ednei que raspou a trave, o Coelho respondeu com uma bola na trave após conclusão de Richarlison.
Mas num golpe de sorte, depois que Ednei arriscou outro chute de fora da área, o zagueiro André tentou cortar, mas colocou a mão na bola. O juiz marcou pênalti, que o mesmo Ednei cobrou para recolocar o alvinegro na frente do placar. Givanildo Oliveira então partiu para o tudo ou nada, tirou o zagueiro que cometeu o pênalti colocando o atacante Sávio, enquanto pelo lado natalense, Sérgio China tirou o atacante Rafinha para colocar o zagueiro Luizão.
A partida continuou movimentada e o desespero do América pelo empate foi fatal.Aos 40 da segunda etapa, Bismark foi lançado, driblou o goleiro e teve a calma para empurrar para dentro do gol e praticamente acabar todo tipo de jejum que afligia o clube e sua torcida.
Os métodos lúdicos implantados nos treinamentos do ABC pelo treinador Sérgio China tiveram os resultados comprovados. A equipe se mostrou mais confiante e não caiu de rendimento quando sofreu o empate. Ao contrário disso, enfrentou a dificuldade, ganhou forças e soube buscar a tão esperada vitória, diante de um adversário que briga pelo acesso na série B.