Com a chegada de um novo ano, a conhecida temática das resoluções para 2023 nos acaba fazendo refletir sobre a necessidade de mudar alguns hábitos. Nesse processo, algumas perguntas também surgem, como: qual é a melhor maneira de criar um hábito? Será que aquela conversa popular de que 21 dias são o suficiente para adquirir um novo hábito é verdade? Confira, agora, o que a ciência descobriu sobre o assunto:

Na etapa do planejamento, o ideal é detalhar ao máximo cada etapa do processo de execução, pensando em como facilitar a sua adoção. Isso porque, segundo um estudo publicado na Nature Reviews Neuroscience, em 2006, o processo que envolve o desenvolvimento e manutenção de nossos hábitos ocorre nos gânglios da base.

É nessa região, que fica situada no fundo do cérebro, logo abaixo da substância branca, que os cientistas acreditam ser a área relacionada com os processos de desenvolvimento emocional, aprendizagem e também de resolução de problemas.

Ou seja, esse poderia ser o porquê de tantas ações que tomamos serem adotadas de forma tão rápida, como se ocorressem automaticamente – mesmo quando começamos a executá-las visando obter alguma recompensa e fazemos com que elas sejam repetidas até se tornarem parte da rotina.

No tempo de cada um

Consistência é a palavra-chave na consolidação de um novo hábito. (Fonte: Shutterstock)Consistência é a palavra-chave na consolidação de um novo hábito. (Fonte: Shutterstock)

Outro estudo, publicado em 2009 no European Journal of Social Psychology, analisou o comportamento de 96 voluntários e sugeriu que, na verdade, pode levar meses para construir um hábito. O estudo diz ainda que o tempo médio para isso seria de 66 dias – bem acima da teoria dos 21 dias.

Claro, isso não é a regra, porque varia de acordo com o nível de esforço envolvido, da recompensa que o cumprimento da determinada tarefa irá proporcionar, dentre outros fatores que variam de pessoa para pessoa.

Nesse experimento em particular, o tempo que os participantes levaram para desenvolver um novo hábito alimentar variou entre 18 e 254 dias. Mas o que será que todos aqueles que obtiveram sucesso tinham em comum para adquirir o hábito? A consistência.

Foco no processo

Para atingir objetivos, o ideal é focar no processo, e não no resultado. (Fonte: Shutterstock)Para atingir objetivos, o ideal é focar no processo, e não no resultado. (Fonte: Shutterstock)

Voltar o foco para o processo de mudança, e não para o resultado, em particular, também pode ser útil. Isso porque, quanto mais fácil tornarmos a adoção de determinada ação, maior a chance dela ser executada sem esforço futuramente. E como o hábito é aquilo que fazemos de forma repetida, ainda que de forma inconsciente, o caminho que nos leva à criação de um hábito diz mais respeito como o executamos do que ao tempo, isoladamente.

A partir disso, na hora de escolher as resoluções e implantar alguma mudança na rotina, o ideal é ir aos poucos. Dessa forma, cumprir as metas atuais servirá de incentivo para prosseguir com outras mais adiante, mantendo alimentado o sistema de recompensa.

Por exemplo: se o objetivo é ser mais saudável, adotar o hábito de beber um copo de água de manhã cedo é melhor do que começar com a meta ambiciosa de fazer academia três vezes na semana. Já que o nível de esforço envolvido nas etapas mais concretas costuma ser maior, o ideal é ir preparando o terreno.

Moral da história: é fundamental respeitar o próprio tempo nesse processo, avançando gradualmente, reduzindo a chance de desistência, e fazendo da adoção de novos hábitos um processo de desenvolvimento contínuo. Assim, depois de um determinado período, será muito mais fácil observar a própria evolução nessa jornada de mudança.