A investigação policial indicou que no dia 4 de abril Graciele, mulher de Leandro e madrasta de Bernardo, levou o menino da casa da família, em Três Passos, no noroeste do Rio Grande do Sul, para Frederico Westphalen, a 80 quilômetros, a pretexto de buscar o aquário que o menino desejava. No município vizinho, ela e Edelvânia saíram com o garoto para uma localidade do interior e, em algum momento, a enfermeira aplicou uma injeção letal nele. Depois, as duas enterraram o menino, em posição vertical, em um buraco aberto em meio a um matagal.
No dia 14 de abril a polícia localizou o corpo e, com mandado da Justiça, prendeu temporariamente o trio. A prisão foi convertida em preventiva, por tempo indeterminado, na última terça-feira. Evandro está preso temporariamente desde sábado por suspeita de participação na ocultação do cadáver. A polícia ainda investiga se ele tinha conhecimento prévio do crime.
Mesmo que, em depoimento, Graciele e Edelvânia tenham inocentado Leandro, a polícia e o Ministério Público entenderam que há indícios e provas suficientes para incriminá-lo. “O pai da vítima é o mentor intelectual, ele tinha o domínio do fato, a decisão da morte do filho foi dele”, afirmou a promotora Dinamárcia Maciel de Oliveira. “Graciele foi quem, junto com Edelvânia, sujou as mãos. Leandro não ia se envolver e deixar um rastro que pudesse chegar até ele. Ele é o cabeça, aproveitou o destempero da esposa e a manipulou para que ela fosse a contratante dos comparsas, a executora”.
Pesam contra o médico narrativas de descaso com o filho, frieza e indiferença diante do desaparecimento, falta de empenho nas buscas e uma receita do sedativo midazolam emitida para Edelvância poucos dias antes do crime, documento ainda à espera de resultado da perícia para comprovação de assinatura. Além disso, escutas de conversas de familiares reforçam a convicção dos acusadores. Em uma delas, divulgada nesta quinta-feira, o padrasto de Graciele, Sérgio, conversa com uma mulher chamada Magali e diz “que o mentor ideológico é ele, não tenho dúvida disso” e, na sequência, afirma, referindo-se ao que a delegada Caroline Bamberg Machado sustentava desde a descoberta do corpo, que “a certeza que ela tem eu também tenho”.
Para o MP, Leandro e Graciele não queriam se livrar de Bernardo apenas porque ele representava um “estorvo” à vida do casal, mas também porque não queriam partilhar com ele os bens deixados pela mãe, Odilaine Uglione.