MOSSORÓ RN-Diretor não descarta fechamento da Nassau em Mossoró
MAGNOS ALVES/Da Redação
Um dos diretores da fábrica de Cimento Nassau negou que o grupo empresarial, que também engloba veículos de comunicação, agroindústria e celulose, tenha entrado com pedido de falência. Fernando Gusmão esclareceu que o grupo João Santos sequer existe juridicamente. “É uma afirmativa infundada e inconsistente. É impossível, do ponto de vista legal, a falência de uma coisa que não existe”, declarou.
Mas, mesmo com o grupo não tendo pedido falência, o quadro econômico na Nassau não é nada animador. A própria unidade de Mossoró, a Itapetinga, está ameaçada. O motivo, segundo Fernando Gusmão, é a crise econômica por que o Brasil atravessa. “Nossas empresas estão com dificuldades, como outras grandes empresas brasileiras, por conta da dificuldade econômica que todos conhecem. Essa crise da economia, conhecida como sendo a maior da historia do Brasil, traz dificuldades para todos, pessoas física, jurídica, grandes, pequenos. Todos estão sofrendo”, argumenta.
O diretor afirma que a fábrica de Mossoró está com funcionamento normal, mas com produção menor em decorrência da demanda do mercado, e que não existe previsão para interrupção de funcionamento.
No entanto, ele não descartou o fechamento da unidade local, “se a economia brasileira continuar diminuindo o consumo de cimento”.
Foto: Marcos Garcia
Fernando Gusmão destaca que a produção de cimento no Brasil, no todo, foi reduzida em cerca de 50%, “porque o consumo caiu na mesma proporção”. “A produção é sempre proporcional ao consumo. Quando o consumo cai, a produção cai”, enfatiza.
O representante da Nassau diz que desconhece a existência de atrasos no pagamento de salários dos funcionários. “Os pagamentos estão sendo feitos de forma regular. Não deixamos de fazer pagamento, principalmente dos que ganham menores salários”, garante.
Fernando Gusmão justifica que algumas unidades interromperam o funcionamento para ajustar as plantas industriais às novas condições de mercado. “Logo que ajustadas, voltam a funcionar”, garante, colocando as fábricas de dos estados de Sergipe e do Piauí nessas condições.
Em Mossoró, os funcionários da Nassau não comentam a situação da empresa com a imprensa, mas a reportagem do JORNAL DE FATO manteve contato com um motorista que pega carregamentos de cimento na fábrica local, que contou relatos de trabalhadores aguardando o fechamento da unidade “a qualquer momento”, principalmente em razão de terem notícias do fechamento de fábricas em outros estados.
Dívidas da Nassau com fornecedores de Mossoró também são relatadas.
Crise começou com a morte do fundador da Nassau
Uma reportagem da IstoÉ Dinheiro, de 12 de agosto de 2010, já apontava a existência de crise no grupo João Santos, desencadeada pela morte do seu fundador, João Pereira dos Santos, em 15 de abril de 2009.
A morte do pernambucano gerou uma disputa do clã por uma fortuna avaliada pelo mercado em cerca de R$ 5 bilhões, há 7 anos.
Segundo a reportagem, as desavenças entre os irmãos e sobrinhos de João Pereira dos Santos começaram em meados de 2009, durante o inventário dos bens deixados pelo empresário.
Na época, um alerta já era feito sobre a possibilidade de o grupo quebrar em razão da disputa familiar. “O pior cenário possível em casos como esse é ver a companhia quebrar”, alertou Ronaldo da Matta, especialista em gestão de empresas familiares e dono da RM Consultoria.
Com 12 fábricas situadas nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste, a Cimento Nassau chegou a produzir 6,4 milhões de toneladas e a responder por 13% do mercado nacional.
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