Após dois anos de espera, o Ministério Público do RN denunciou nesta quinta-feira dez pessoas envolvidas no esquema de desvio de recursos públicos por meio da contratação de bandas e estruturas de shows para o carnaval de Macau. Contudo, isso parece não ter interferido em nada no espírito carnavalesco do Município – e do Executivo local. Afinal, nesta sexta-feira, a Prefeitura divulgou o gasto de quase R$ 1,5 milhão com a contratação das atrações que vão animar o carnaval de 2015.

Dentre as principais contratações confirmadas pela Prefeitura de Macau, destaque para Ricardo Chaves, que custou R$ 130 mil; Aviões do Forró, R$ 300 mil; Leo Santana, R$ 220 mil; Babado Novo, R$ 150 mil; e Rafael Novaes, R$ 160 mil. Detalhe que, no caso de Babado Novo, por exemplo, a banda tocou também no reveillon da cidade cobrando o mesmo cachê. Contudo, quatro dias antes, havia se apresentado na formatura de Medicina, em Natal, cobrando apenas R$ 28,5 mil.

Detalhe que, uma das denunciadas pelo Ministério Público do RN nas ações ingressadas na Justiça Estadual na última quinta-feira, a Banda Grafith, que há anos se apresentava no carnaval em Macau, neste ano, ficará de fora da festa. Pelo menos, ela não aparece na relação de gastos divulgado pela prefeitura no Diário Oficial de sexta-feira. Sabe-se, porém, que a banda tocará em Natal, contratada pelo prefeito Carlos Eduardo Alves (PDT), com um cachê de R$ 70 mil.

DENÚNCIA

Empresário da banda e vereador da base aliada do prefeito Carlos Eduardo, Júnior Grafith (PRB) foi um dos denunciados pelo MPRN na ação resultante da Operação Máscara Negra, deflagrada há dois anos em Macau. Além dele, o Ministério Público denunciou também o ex-prefeito da cidade, Flávio Veras, e o empresário Alex Padang, além de outras sete pessoas, entre servidores públicos e empresários.

Os denunciados teriam, segundo o MPRN, praticado os crimes de desvio de recursos públicos e formação de quadrilha durante o carnaval de Macau em 2011. Ao todo, segundo a Promotoria da cidade, teriam sido desviados cerca de R$ 1,2 milhão. De acordo com as denúncias, o grupo contratou, sem licitação, 27 bandas para o Carnaval de 2011, promovido pela Prefeitura de Macau, cujo valor gasto somente com tais contratações totalizaram R$ 2,7 milhões.

O contrato com a Prefeitura foi celebrado em valores muito superiores aos que as bandas efetivamente receberam, sendo a diferença desviada em benefício dos associados do crime. As denúncias oferecidas são decorrentes das investigações que deram origem à Operação Máscara Negra, realizada em 2013, que deu cumprimento a 53 mandados de busca e apreensões e 14 mandados de prisões temporárias expedidos pela comarca de Macau.