Derrotada nas urnas para o Senado, a ex-governadora Wilma de Faria silenciou sobre eventual apoio ao candidato do PMDB, Henrique Alves, no segundo turno desta eleição para governador do Rio Grande do Norte. Em nota distribuída na manhã de hoje à imprensa, em nenhum momento ela cita o candidato do PMDB, nem afirma que irá apoiá-lo. No texto, Wilma se ateve a agradecer os votos recebidos e a atacar suposto uso da estrutura do governo federal em favor da sua adversária, a vencedora do pleito, senadora eleita Fátima Bezerra (PT).
“Um fato incontestável revelado nesta disputa eleitoral para o Senado foram as estruturas utilizadas dos poderes Executivo federal e estadual e sua influência nos resultados desta eleição em favor da candidata vencedora”, disse, atribuindo à presidente Dilma Rousseff (PT) e a governadora Rosalba Ciarlini (DEM).
Apesar de não ter atingido o objetivo, Wilma disse que a votação mostrou que ela representa “uma ampla parcela da população, e indica uma grande responsabilidade com o povo do Rio Grande do Norte”. Distante de apontar para aposentadoria política, ela disse que continuará a “defender os interesses da população de Natal e do Estado como presidente estadual do PSB”.
“Desejo que a senadora eleita, Fátima Bezerra, cumpra os compromissos que assumiu, priorizando os interesses da população, independente de interesses partidários”, ressaltou a socialista, destacando que não cessará “na luta pelas bandeiras que defendemos ao longo da campanha”.
Sobre o PSB, Wilma disse que manterá “firme, determinado e empenhado na defesa dos avanços sociais” e que “não faltará” ao partido, “como nunca faltou, coragem e ousadia”, tendo em vista que o PSB “tem uma história e que sempre participou dos momentos decisivos da política do país e do Estado”.
Com 636.896 votos, Wilma agradeceu o “grande carinho e apoio” que recebeu em todas as partes dos 167 municípios do Rio Grande do Norte. “Agradeço também à nossa equipe, militância, candidatos proporcionais, lideranças estaduais e municipais, e nossos amigos que trabalharam incansavelmente, com muita fé, confiança, entusiasmo e dedicação, independente de resultados apresentados pelos institutos de pesquisas”.
A pessebista finalizou afirmando ter feito uma campanha propositiva, ouvindo a população e incorporando suas ideias em projetos inovadores para cuidar das pessoas, tendo como referencial sua história de luta e realizações em favor do povo. “O resultado mostra, indiscutivelmente, que mantivemos a confiança de muitas pessoas”.
Fátima: “Agora é mais afinco para eleger Robinson e Dilma”
Eleita senadora do Rio Grande do Norte, a deputada federal Fátima Bezerra (PT) agradeceu a votação expressiva conquistada junto ao povo do Estado e convocou a militância e o eleitorado para eleger o candidato do PSD a governador, Robinson Faria, e a presidente Dilma Rousseff (PT). Ambos, aliados no Estado, são apoiados por Fátima e o PT e disputam o segundo turno no dia 26 de outubro.
“Agora, vamos seguir a caminhada ainda com mais afinco para eleger nossos candidatos Robinson governador e Dilma presidenta. Dessa forma poderemos garantir a continuidade dos avanços no país e levar o RN para o trilho do desenvolvimento nacional”, disse Fátima, em contato com o Jornal de Hoje, nesta manhã.
Fátima ressaltou ter vencido o maior desafio da sua vida. E atacou a campanha da coligação adversária: “Vencemos uma luta desigual, sobretudo do ponto de vista econômico, onde prevaleceu o trabalho, a coerência dos candidatos enquanto agentes públicos. De minha parte, me alegra ter realizado uma campanha propositiva, sem ataques pessoais, contando minha trajetória de vida, meu trabalho de parlamentar, o que tenho a contribuir”, disse.
Ao agradecer o povo do RN, que a fez a “primeira senadora eleita de origem popular”, Fátima atribuiu a vitória ao trabalho que permeou seus 20 anos de atuação parlamentar. “Continuarei a voz dos potiguares, agora no Senado, na defesa incessante pela continuidade dos avanços na educação, por melhorias significativas no campo da saúde e segurança, enfim, uma voz que os represente em todas as questões pertinentes ao estado”.
Primeiro turno termina com diferença de 78 mil votos entre Henrique Alves e Robinson Faria
Pouco mais de 78 mil votos. Essa é a diferença entre os dois candidatos ao Governo do Estado que passam para o segundo turno: Henrique Eduardo Alves, do PMDB, e Robinson Faria, do PSD. A surpresa da apuração, indo de encontro aos institutos de pesquisa, foi Robério Paulino, do PSOL, que chegou aos 129 mil votos no Rio Grande do Norte, o que representou 8,74% dos votos do Estado.
Henrique alcançou 702 mil votos, o que representou 47,34% dos votos válidos. Robinson Faria ficou logo atrás, com 623,6 mil votos, ou seja, 42% do total. Simone Dutra, do PSTU, ficou em quarto lugar, com 14,5 mil votos, o que representou 0,98% do total. Araken Farias, do PSL, foi o último, com 13,3 mil, o que deu 0,9%.
Dessa forma, no que diz respeito aos votos dos dois primeiros, até que as pesquisas da última semana apontaram um cenário semelhante. O Ibope, por exemplo, apontou que Henrique chegaria aos 50% dos votos válidos (número dentro da margem de erro de 3%) e Robinson, 42%. A pesquisa Item, divulgada no sábado, também apontou um número maior do que o que Henrique realmente conseguiu (este número fora da margem de erro): 51%. O de Robinson, acertou: 42%.
O erro dos institutos foi com relação aos números de Robério Paulino. O Item apontou que ele teria 3,5% e o Ibope, 5%. O candidato do PSOL, que passou toda a campanha dizendo para os eleitores não acreditarem nas pesquisas, surpreendeu e ficou com quase 9%, quase o dobro do previsto.
PRESIDENTE
Na disputa pela presidência da República, Dilma Rousseff ganhou com folga no Rio Grande do Norte. Chegou aos 60¨%, ou seja, mais de 999,4 mil votos. Aécio Neves ficou em segundo, com uma votação três vezes menor: 329,8 mil, o que representou 19,82%. Marina Silva, do PSB, foi a terceira mais votada, com 17% do total, com 286 mil.
850 mil eleitores não escolheram governador e senador no RN
O eleitorado do Rio Grande do Norte passa dos 2,326 milhões, contudo, muita gente deixou de comparecer as urnas neste dia 5 de outubro. Para se ter uma ideia, na disputa pelo Governo do Estado, entre nulos, brancos e abstenções, 843 mil pessoas deixaram de participar do processo de votação, escolhendo um entre os cinco candidatos na disputa. Para o Senado, o número foi ainda maior: 853,2 mil.
Essa foi, disparado, a maior abstenção entre os eleitores potiguares. O número de votos válidos foi maior na disputa pela Presidência da República, com 1,664 milhão. A segunda maior foi para o deputado estadual, com 1,658 milhão. Para federal, votaram 1,580 milhão.
A questão da participação do potiguar na disputa pelo Senado e pelo Governo é que, além da abstenção alta (391,478 mil), os eleitores também anularam muitos votos e deram outros muitos votos em branco. Para o Senado, por exemplo, foram 166,5 mil votos em branco e 295,2 votos nulos. Isso representou quase 25% dos eleitores que foram as urnas no domingo.
O percentual, inclusive, foi semelhante a disputa para o Governo do RN, porque 136,5 mil votaram em branco e surpreendentes 315,23 mil votaram nulo. Ou seja: mais de 16% dos que foram as urnas, anularam seus votos na disputa para o governo do RN.
Fátima é eleita com 172 mi votos a mais que Wilma de Faria
Após ser derrotada três vezes na disputa pela Prefeitura de Natal para Wilma de Faria, do PSB, Fátima Bezerra, do PT, finalmente, conseguiu derrotar a principal adversária política e venceu a eleição para o Senado Federal de forma expressiva: com 172 mil votos de maioria. A petista alcançou 808 mil votos, contra 636,8 mil da atual vice-prefeita de Natal.
Com esse número, Fátima alcançou 54,8% dos votos válidos, enquanto Wilma ficou com, apenas, 43%, confirmando a “virada” já apontada durante a campanha – em julho, o placar era 39% para Wilma e 28% para Fátima.
O percentual apontado nas urnas, inclusive, foi próximo ao que apontou o Ibope na pesquisa divulgada na última sexta-feira, que deu uma vantagem de 15 pontos para a petista – 57% contra 38%. O Item errou mais: no levantamento, divulgado no mesmo dia, as duas estavam empatadas com 40 pontos percentuais cada.
Isso levou Wilma a se manifestar contrária ao Ibope e acusar o instituto de errar para favorecer os petistas. “Vocês sabem que sempre trabalhei e por isso o povo sente saudade. Vemos estas pesquisas mentirosas para nos desestimular e influenciar o eleitor. Mas não sou mulher de baixar a cabeça e vou fazer o que todos estão acostumados a me ver fazendo: indo à luta”, afirmou Wilma em uma das manifestações contra as pesquisas.
Além de Fátima Bezerra e Wilma de Faria, Professor Lailson alcançou 15,1 mil dos votos na disputa pelo Senado, alcançando 1% do total. Ana Célia, do PSTU, chegou aos 13,2 mil e terminou com 0,9%. Roberto Ronconi, do PSL, não teve os votos validados.