Prefácio para o livro “A utopia na busca de saídas políticas”, de Ruben Bauer Naveira
Tem-se uma situação inédita no mundo. De um lado, o advento das redes sociais, permitindo a atividade política imediata, através de um simples click ou de um comentário sobre qualquer tema em questão.
Essa instantaneidade gerou uma dispersão total da atividade política que não foi acompanhada pela modernização das instituições tradicionais da democracia representativa, com seus rituais lentos e conceitos estratificados. Partidos políticos, instituições públicas, mídia, religiões, todos os sistemas tradicionais de organização da opinião pública entraram em curto-circuito.
Sabe-se que a democracia representativa não dá mais conta do recado. Mas a imagem das praças gregas, com sua democracia direta, é incompatível com a complexidade do mundo moderno. Como compatibilizar a rapidez e dispersão do mercado de opinião com a necessidade de se juntar massa crítica para as grandes disputas nacionais?
É nesses momentos de perplexidade que ganham vulto os utopistas, os sonhadores capazes de arriscar visões de futuro fora do alcance do analista tradicional.
É o caso do livro de Rubens Bauer. Algumas das ideias expostas conseguem desenhar uma trajetória perfeita dos modelos a serem desenvolvidos nesses tempos de intensa velocidade das ideias e de volatilidade das posições.
O modelo tem que ser suficientemente ágil e complexo para incorporar a multiplicidade de posições. Mas tem que dispor de instrumentos que permitam juntar massa crítica e ser o locus para as alianças e parcerias visando medidas permanentes.
Esse locus necessariamente são os partidos políticos. As unidades são os coletivos e grupos de opinião formados em torno das diversas bandeiras.
A maneira encontrada é a de cada grupo de opinião conferir um mandato para alguém representá-lo no fórum maior, do partido político. Nesse fórum, haverá as discussões com membros de outros grupos, para se definir alianças e consensos. Cada grupo poderá substituir seu representante a qualquer momento, dndo agilidade na ponta sem desmontar o fim.
A horizontalização se dará também na escolha dos dirigentes partidários, acabando com a verticalização atual, que permite à Executiva se impor sobre a base.
A utopia de Ruben prevê a criação de um partido cavalo-de-Troia, que seria criado de acordo com os novos princípios para, através do exemplo e da atuação, expandir os conceitos para o universo político.
É apenas uma de um conjunto de ideias instigantes, algumas verdadeiramente utópicas, outras suficientemente engenhosas para ser o ponto de partida do novo modelo de democracia.
No anexo, o PDF do livro.