Situação se agravou nas últimas semanas, após gravações que o ex-diretor da Transpetro Sérgio Machado fez em conversas com caciques do PMDB

Por: Redação – Folha de S.Paulo

O ministro abriu a porta do gabinete e, antes mesmo de dar bom dia, perguntou: “O que é que você quer ouvir?”. Não esperou a resposta. Colocou jazz para tocar no aparelho de som. Mas a música não importava. Também ligou a TV e se certificou de que as cortinas estavam fechadas.

“Criminalizaram a conversa em Brasília. Agora, só recebo gente assim.” A cena, presenciada pela reportagem da Folha, é um reflexo do estado permanente de tensão em que vivem autoridades de todas as esferas do poder de Brasília, do Executivo, do Legislativo e do Judiciário.

A situação se agravou nas últimas semanas, após gravações que o ex-diretor da Transpetro Sérgio Machado fez em conversas com caciques do PMDB virem à tona e causarem a primeira grande crise do governo interino de Michel Temer.

Telefones celulares, por sinal, ficam do lado de fora do gabinete presidencial. As visitas devem guardar os aparelhos em uma caixinha e só os recebem de volta na saída.

Na residência oficial do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), palco de algumas das mais rumorosas gravações feitas por Machado, o sentimento de vigilância permanente foi extravasado em forma de piada.

Reunido com aliados na última semana, Renan soltou um “bem-vindo ao Big Brother Brasil” quando um senador chegou. Amigos dizem que ele está mais desconfiado e opta pelo silêncio diante de questões polêmicas.

Machado era considerado um amigo por Renan e costumava ir à casa do senador de táxi para não chamar a atenção. Hoje visto como o “homem-bomba do PMDB”, o ex-presidente da Transpetro era antes considerado como alguém “da família” pelo ex-presidente José Sarney.

Senadores comentavam que Sarney está abatido com a “traição” de Machado -ele o conhece desde a infância.

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