MACAÍBA RN-De Galvão Bueno, Mino Carta e Neymar Júnior, por Rui Daher


Escrevo hoje com as mesmas emoção e alegria com que teria escrito logo após 21 de junho de 1970, quando o Brasil foi campeão mundial de futebol, no México.

Se na época um golpe civil-militar implantara uma ditadura no Brasil, torturava e matava amigos, perseguia jovens idealistas, e abafava sonhos populistas de justiça social, como os meus, não seriam um boneco Temer e sua camarilha que me impediriam de vibrar com a medalha de ouro olímpico do futebol masculino nos Jogos Rio 2016.

Fichinhas os golpistas de hoje perto da competência violenta daqueles. Como fichinhas somos nas formas de resistência. Tiraram-nos o doce da boca em festa suja, onde a bandeja passou anos por nós sem que nos servíssemos de um naco de suas pelancas. Até entranhas bem me serviriam.

Afora o jogo, lindo, disputado igual por igual, que só poderia ser contra o atual “melhor futebol do mundo”, o da Alemanha, até a última defesa do acreano Wewerton e o pênalti convertido, a galhofa de Neymar e o desajeito de Galvão Bueno lavaram a minha alma como a chuva lavou a festa em Copacabana.

Depois de uma cobrança magistral de falta e do pênalti batido de forma responsável, como um velho lobo Zagallo ferido, o jogador desferiu: “Agora vão ter que me engolir”.

Sim, Galvão, ele se dirigiu a você. Não compre, pois, a mágoa de um rapaz de 24 anos a quem você exigia salvar os patrocinadores dos Marinhos, seus patrões. Nem deixe isso piorar a mal aprendida lição de seu coach televisivo. Ele pede eloquência no movimentar de mãos, você responde com sinais precoces de Mal de Parkinson. Sugere falas rápidas e emocionadas, você entrega Noel Rosa em o “Gago Apaixonado”. Encomenda paletó moderno, você mal respira para não entregar o barrigão proeminente.

Chutei com a direita. Agora rolo a bola com a esquerda para comentário do amigo Fernando Juncal: “Rui, depois da Esquerda Gonzaguinha, do militante orgânico, descobri mais um: o militante Jim Jones”.

Se bem entendo: um, amargo, se rasga; outro, puro, se encastela e não admite autocrítica; os demais se matam.

A esquerda sem galhofa crê Neymar um grosso e Gisele Bündchen feia. Mitos fabricados pela mídia.

Como faz o jornalista Mino Carta, em “O herói nativo” (CartaCapital, edição 915). “Neymar é um bom jogador (…) bem menos do que pretendem a crônica e a torcida nativas (…) parece-me tão pouco confiável em matéria de caráter que tendo a enxergá-lo como um herói típico da tragédia-bufa em andamento no País”.

Pronto. A camarilha dos seis passou a sete.

Mino é um excelente jornalista. Não acrescentarei “bem menos do que pretendem …”. Dos poucos que nos restaram. Difícil hoje encontra-los honestos, corajosos e inteligentes. Como sempre, no entanto, ao escrever não resiste à supremacia da “Bota”. Seja no que for. O fato de relativizar o brilhantismo do brasileiro não esconde sua idolatria pelos craques italianos do passado.

O site do Peixe conta a história do “Filé de Borboleta”, apelido dado pelo professor Luxemburgo. Ele foi indo tinindo, construindo, até jogar no Barça. Diziam: “cai-cai, individualista, jogar contra o XV de Piracicaba é fácil, quero ver lá, não conseguirá brilhar perto de Messi, Iniesta, Xavi”. Veio Suárez e piorou: “agora não entra mais no time”.

Entrou, continuou, e logo estará de volta. Aclamado, aqui poucos entendem que, a pedidos, soube mudar de estilo. Não precisa mais sair do meio-campo driblando rápido até as redes adversárias. Agora também serve. Sai o artilheiro entra o garçom. Não era mais individualista. Vem para a seleção e pedem-no para sê-lo. No sábado, foi tudo. Até galhofeiro.

Da feiura decadente de Gisele, não sei. Perguntem ao Tom Brady, seu marido.   galvao-bueno1

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Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

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