Bem aventurados os misericordiosos porque alcançarão misericórdia, por Maria José Trindade
Bem aventurados os misericordiosos porque alcançarão misericórdia
por Maria José Trindade
Já perdi muitos entes queridos. Por amor a eles, chorei.
Já perdi também adversários leais. Por respeitá-los, lamentei.
Já perdi seres que considerava desleais. Por piedade, silenciei.
Chorar e lamentar a perda dos que amamos e respeitamos é natural. É da ordem da afetividade. Significa que tais pessoas, ao longo da vida, tocaram-nos pelo afeto e conquistaram nosso respeito. Aqueles que amamos e respeitamos não precisam de misericórdia. Basta-lhes nosso amor e admiração. É assim que me sinto, hoje, ante a notícia da morte de Marisa Letícia.
A misericórdia se faz necessária quando o amor não está presente. Silenciar-se ante o sofrimento de desafetos não extingue o que se considera falta ou ofensa. Cala-se por piedade, triunfo sobre o rancor ou o desejo de vingança. Sinal claro de preservação da nossa humanidade. Sei que é mais difícil. Exige reflexão. Supõe compreender a natureza destruidora do ódio. Aqueles que não conseguem deixar de odiar nunca serão capazes de sentir misericórdia. Esta é minha opinião sobre os médicos que vazaram exames e informações sobre a paciente Marisa Letícia. Tenho pena de gente assim, incapaz de superar o ódio.
Bem aventurados os misericordiosos que combatem sem ódio. Estes alcançarão misericórdia.