Texto revela quanto a oligarquia consome dos cofres públicos atualmente
O PMDB deverá lançar em 2014 mais um candidato com DNA Alves. Por isso, não há melhor momento conhecer um pouco mais sobre essa família que, após 50 anos, continua ocupando os principais cargos políticos do Rio Grande do Norte – e também do Brasil. Como? No livro “A Botija – A Bolsa Família Alves”, assinado por Paulo Augusto e João Eudes, e que conta porque o Estado e o País não podem crescer.
Para contar os mais de 50 anos de história da família, que começou com o ex-governador Aluízio Alves, os autores fizeram um trabalho de mais de 20 anos de pesquisa. Pelo menos, é o que conta Paulo Augusto. “Faz muito tempo que trabalhamos com essa forma de jornalismo, que é de denuncia aos grupos políticos. Começamos em Macau e lá conseguimos tirar do poder alguns que foram, comprovadamente, vigaristas”, afirmou Augusto.
É importante lembrar, porém, que o livro não é uma denúncia clara contra a família Alves. Na realidade, acaba sendo mais um livro de curiosidades. Uma forma de incentivar o debate político e a leitura dos mais jovens. “Eles conseguiram tudo que tem hoje trabalhando dentro da Lei. Foi um ato jurídico perfeito. Por isso, chama tanta a atenção. Não há no Brasil, na América Latina, nenhuma outra família que tenha ficado no poder tanto tempo e de forma tão unida”, analisou Eudes.
Para exemplificar o que diz, o escritor contou o caso do ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho, que estava afastado do Senado, mas comandava três senadores: o pai, Garibaldi Alves; o amigo, Paulo Davim; e o ex-adversário político, o presidente nacional do DEM, José Agripino.
Além de Garibaldi Filho, o livro conta a história também de Aluízio Alves, de Agnelo, de Henrique Eduardo (o pré-candidato da família ao Governo), Paulo Roberto (presidente do Tribunal de Contas do Estado), Walter (filho de Garibaldi), Carlos Eduardo (prefeito de Natal) e Felipe (vereador). Cita os casos, também, dos “agregados”, como o deputado José Dias, cunhado do ministro Garibaldi.
É claro que não é só de informação que o livro é composto. Ele também está repleto de ironia. “Todos esses homens da família Alves poderiam ter se perdido, porque não sabiam fazer outra coisa. Porém, conseguiram posição de destaque graças a política”, contou João Eudes, exemplificando essas ironias narradas.
“A única coisa que dá certo no Rio Grande do Norte é a política e a família Alves é uma prova disso. Não tem indústria, não tem comércio. A melhor profissão é a de político. É isso que queremos mostrar nesse livro, até para incentivar as pessoas a entrarem nesse meio e seguir carreira”, contou João Eudes.
Em outra ironia do livro, os autores apontam que, aqueles que não quiserem seguir a carreira de políticos, podem ser, pelo menos, de adulador e ainda assim ganhar dinheiro com isso. “O adulador, o babão, que introduz os políticos nos meios, é uma profissão crescente e que ganha bem. No livro a gente até sugere que alguma universidade abra esse curso, porque ainda não tem, mas é importante para a atividade política potiguar”, comentou Eudes.
Vendido apenas no circuito alternativo da literatura potiguar, “A Botija” já conseguiu números expressivos. Afinal, já teve mais de 3 mil exemplares vendidos em cerca de cinco meses de circulação – hoje, o principal ponto de venda é a calçada do Café São Luiz, na Avenida Princesa Isabel.
O “lançamento” (não de forma oficial), inclusive, foi feito no dia 15 de novembro de 2013, justamente, o Dia da República. Contudo, essa não foi a única simbologia da produção. “No ano passado, em novembro, também se comemorou os 10 anos do programa Bolsa Família. E tem a Bolsa Família dos ricos e dos pobres. E a família Alves é uma prova disso. Faz tempo que ela recebe essa bolsa do poder público”.
Outra simbologia feita pelos os autores quando começaram a venda dos livros foi o fato de novembro ser o mês que se lembra o Dia Mundial das Máscaras, o que teria tudo a ver com esse livro. “É muito importante que as pessoas leiam esse livro para entender um pouco melhor sobre essas questões”, comentou.
Livro escrito por João Eudes e Paulo Augusto dá origem à investigação da PF
Além de uma produção literária, “A Botija”, na verdade, uma grande reportagem que conta a história da família, alimentando-se de outras matérias e notícias, postagens na internet e informações de portais da transparência. Por isso, foi encaminhado para órgãos como a Controladoria-geral da União, o Superior Tribunal de Justiça, o Tribunal de Contas da União, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal.
Inclusive, o jornalista e escritor Paulo Augusto da Silva, um dos autores do livro, foi intimado pela PF para prestar depoimento a fim de “prestar esclarecimentos no interesse do Departamento da Polícia Federal, Superintendência Regional no RN, Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros e Desvio de Recursos Públicos (Delefin)”. A “visita” será no próximo dia 8.
“Estou tranquilo porque o livro foi todo feito dentro de uma longa pesquisa jornalística. Foram anos de produção. Inclusive, no livro a gente cita todas as operações deflagradas no Estado nos últimos anos”, afirmou Paulo Augusto, reforçando a tese jornalística da produção literária.
- levany junior blog