Lançamentos de imóveis caem 87,2% e vendas diminuem quase 40%
Carolina Souza
Quem estava segurando suas poupanças, esperando por um bom momento para investir na compra de imóvel residencial ou comercial, deve observar que o cenário de ‘retração imobiliária’ na grande Natal pode começar a mudar e, nos próximos meses, a tendência é de que os preços dos imóveis aumentem. De acordo com perspectivas apresentadas pelo Sinduscon-RN (Sindicato da Indústria da Construção Civil), este é o melhor momento para aquisição de imóveis.
“Vai chegar a hora em que esse cenário de retração irá mudar e a falta de oferta vai acabar pressionando os preços dos imóveis para cima”, disse Arnaldo Gaspar Júnior, presidente do Sinduscon-RN. A avaliação do empresário reflete o que o sindicato observou em uma pesquisa sobre os Indicadores do Mercado Imobiliário no trimestre que compreende os meses de abril a junho de 2014.
A pesquisa, realizada em parceria com a Consult, acompanhou nesses três meses o Índice de Velocidade de Vendas dos imóveis (IVV), analisando as variáveis relacionadas ao mercado imobiliário, como a oferta, a venda e os lançamentos de imóveis para subsidiar as empresas do segmento da construção civil. Contemplando Natal e a Região Metropolitana, o documento obteve uma amostra de 29 empresas associadas ao Sinduscon, que representa 90% do mercado imobiliário da Grande Natal.
Conforme os dados resultantes da consulta, apresentados em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (8), a oferta de imóveis residenciais caiu em todos os meses do trimestre, situação que reflete o número de vendas e os poucos lançamentos imobiliários neste período.
No mês de março, o mercado tinha um estoque de 5.528 imóveis residenciais (apartamentos, casas e lotes de terreno), imóveis esses que se enquadram nas situações de comercialização na planta, em fase de fundação, estruturação, acabamento e pronto para entrega. Fechando o mês de junho, o estoque ficou em 4.897.
“Esses números mostram que o mercado imobiliário na grande Natal não teve lançamentos entre o mês de março até o final do segundo semestre de 2014. Se não há lançamentos, o estoque começa a diminuir”, destaca Arnaldo Gaspar Júnior. “Se me perguntarem se estamos em um período bom para vendas, pode ter certeza que sim. Este é o momento, pois a oferta está diminuindo e ainda vai chegar o momento no qual a falta de oferta pressionará os preços dos imóveis”, afirmou.
De acordo com o presidente do Sinduscon-RN, a ausência de lançamentos representa a retração do mercado, consequente da baixa demanda de consumidores. “Se não tivermos uma readequação do mercado imobiliário, as coisas ficarão muito ruins nos próximos meses. Porém, esperamos que os dados dos meses de julho e agosto já mostrem uma mudança desse cenário”, disse Júnior. “Se eu fosse comprar um imóvel, faria de tudo para fazer isso nos próximos meses”, disse.
O comparativo entre o número de vendas e o número de lançamentos no trimestre abril-junho é o que mais preocupa o Sinduscon. Nesse período, foram vendidas 610 unidades residenciais, 370 a menos que no primeiro trimestre deste ano, o que representa uma queda de 37,8% nas vendas. Já o número total de unidades lançadas (67 unidades) foi 87,2% menor que as 338 unidades lançadas no trimestre anterior.
No mês de abril foram vendidos 193 unidades residenciais e nenhum lançamento imobiliário foi registrado. Em Maio foram vendidas 250 unidades, contra 34 lançadas e em junho 167 contra 33 imóveis lançados. “É só fazer esse comparativo de venda x lançamento que dá para ter ideia do tamanho da retração do mercado. E o pior: se não há lançamento de imóveis, para onde os trabalhadores da construção civil irão?”, questionou Arnaldo Gaspar Júnior.
Se o cenário dos imóveis residenciais está em baixa, mais em baixa ainda está o cenário dos imóveis comerciais. O acúmulo de vendas no segundo trimestre de 2014 (9 unidades) foi 73,5% menor que as vendas do primeiro trimestre (34 unidades). Com relação aos lançamentos, desde setembro de 2013 não são registrados lançamentos de imóveis comerciais pelas empresas participantes da pesquisa encomendada pelo Sinduscon-RN.
“Acho que a desaceleração da economia, o PIB [Produto Interno Bruto] crescendo menos e, principalmente, a insegurança jurídica, que começa a permear de maneira muito forte em nosso segmento, fez com que o empresário se retraísse, sem ter interesse em investir. Estamos passando por um problema de insegurança jurídica muito grande e isso acaba afetando os segmentos produtivos da cidade”, destacou o empresário.
Efeito Copa do Mundo
Em uma análise geral da pesquisa, o Sinduscon-RN destacou que o mês de junho foi o pior para o mercado imobiliário neste segundo trimestre, uma vez que apresentou o menor número de estoque dos imóveis, o menor número de vendas, o pior índice de velocidade de vendas e o menor número de lançamentos.
“Isso daí é o efeito da Copa do Mundo e não tivemos como fugir disso. Nós tivemos menos dias úteis e todo mundo estava voltado para a realização dos jogos. A copa realmente foi um sugador de atenção da sociedade e acabou criando um momento menos propício para venda. No geral, o trimestre foi ruim porque o mês de junho foi muito baixo”, disse Arnaldo Gaspar Júnior. “Esperamos que julho e agosto recuperem um pouco essa baixa”.
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