Imóveis do Minha Casa Minha Vida vira pesadelo para moradores de Parnamirim
O programa que prometia realizar o sonho da casa própria de milhões de brasileiros se transformou em “Minha Casa, Meu Pesadelo” para muita gente. Pelo menos esse é o caso do professor Augusto César Rezende. Ele é servidor público e mora com sua família no conjunto habitacional Residencial Vale Taborda 1, em Parnamirim.
Em 2009, Augusto adquiriu a casa financiada pelo programa do Governo Federal Minha Casa, Minha Vida, que oferece subsídios para famílias comprarem seus lares de acordo com a faixa de renda. Além disso, o prazo do financiamento é elástico. Só no ano passado foi receber as chaves do imóvel.
Mas pouco mais de sete meses depois de receber o “Lar, Doce lar”, o professor já listou de 12 irregularidades na sua casa. Além de rachaduras nas paredes, por enquanto são pequenas, há uma série de materiais utilizados na construção que não estavam no manual descritivo de materiais.
Logo ao se aproximar da fachada das casas no Residencial Taborda 1 o que causa estranheza é a falta de muros frontais nas residências, como o conjunto fosse um condomínio fechado. Outro ponto fora dos padrões são as campainhas. Elas foram colocadas depois do jardim da casa, já no hall de entrada da casa. Mas em outro grupo de casas no mesmo residencial, as campainhas foram colocadas em muretas construídas na frente das casas onde também estão os medidores de água e energia elétrica.
Andando pela sua casa, Augusto Rezende mostra que o piso é o primeiro que possui problemas. “Já detectei uma faixa de 15 cerâmicas ocas, você pisa e sente”, demonstrou sobre o piso. Mas não é só isso.
As portas também não estão de acordo com o que foi contratado. “No manual descritivo dos produtos utilizados na obra, dizia que as portas deveriam ser de Angelim [uma espécie de madeira], mas você vê que é de uma madeira vagabunda, madeira mista. Todas as caixas de porta também são emendadas. Eles só fizeram uma pintura por cima”, disse mostrando as rachaduras na pintura em uma das caixas de porta.
O interruptor da lâmpada da cozinha e das lâmpadas internas foram invertidos. Na porta da cozinha, ficam os interruptores das luzes externas da casa e na porta dos fundos, foi instalado o interruptor da lâmpada da cozinha. Isso quer dizer que o morador tem que entrar na cozinha no escuro para poder encontrar o botão para acionar na luz.
No banheiro, também não faltam defeitos. “A água corre para o lado contrário do ralo. Então, toda a vez que a gente toma banho é com um rodo pra tirar a água. A bóia da caixa d’água também já deu defeito”, acrescentou.
Rezende afirmou também que diante de tudo isso, vai procurar um advogado para acionar a construtora na tentativa de resolver a situação. “O advogado estava falando que teria que verificar que tipo de financiamento que eu fiz para saber o que eu paguei a mais”, disse o morador frustrado.
Em 2009, a sua casa foi avaliado por R$ 71 mil com financiamento em 25 anos e com subsídio de R$ 2 mil do governo federal. No entanto, à época o professor declarou uma renda de apenas três salários mínimos, o que o encaixaria em um financiamento em melhores condições.
Na construtora, disseram que o seu imóvel já estava no valor de R$ 95 mil. “Não sei o que foi essa valorização, porque a única melhoria que houve aqui por perto num período tão curto foi o IF [Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia]“, duvidou. O acesso às casas é feito por uma estrada de areia.
Rezende também está construindo um muro frontal para proteger melhor sua mulher e sua filha. O professor verificou ainda que as plantas de outras casas no mesmo conjunto são diferentes.
Arredores
Outros problemas observados pelos moradores são as áreas verdes e ruas sem saída. Conforme Rezende, uma das áreas verdes do local já está completamente demarcada. “Os próprios funcionários da construtora disseram que iam invadir isso aí. E a prefeitura disse que nós não podíamos fechar porque era uma área verde”, disse o professor. Além disso, o conjunto tem várias ruas sem saída. Uma delas ficam ao lado da casa do professor Rezende. Ele acredita que foi falta de planejamento.
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