Henrique Alves desdenhou dos apoios a Robinson Faria e tentou negar
Para que não pairem dúvidas sobre a declaração de Henrique Eduardo Alves a respeito dos apoios a Robinson Faria, eu vou contar, passo a passo, o que aconteceu. O relato vai avivar a memória do nobre deputado.
Por volta das 11h da quinta-feira (15), eu liguei para um dos assessores do parlamentar em Brasília, Geraldo Gurgel, pessoa da minha estima. Perguntei a Geraldo se Henrique estaria em Natal na sexta-feira (16) e se estaria disponível para uma entrevista na Band Natal.
O assessor me informou que Henrique Alves estava em São Paulo e só retornaria a Natal no final da tarde da sexta. Sugeri a Geraldo que Henrique poderia participar do Jornal 96, na segunda-feira (19). Ele não soube me dizer os detalhes da agenda do parlamentar no início da semana, porque outro assessor (Paulo Tarcísio Cavalcanti) estava escalado para acompanhá-lo ao Estado no final de semana.
Pois bem. Diante da dúvida do assessor, eu resolvi ligar diretamente para Henrique Eduardo Alves. O presidente da Câmara dos Deputados foi atencioso comigo. Me atendeu na hora. Ele estava bem-humorado.
Indaguei ao deputado sobre a possibilidade de entrevista na segunda-feira e ele me disse que tinha agenda marcada no interior do Estado, se não estou enganado, em Umarizal. Henrique aventou a possibilidade de entrevista na quinta-feira (22) ou sexta-feira (23), a depender de sua agenda bastante concorrida.
Na sequência do telefonema, eu solicitei um comentário dele sobre o apoio do PTB (Benito Gama e Aldair da Rocha) à pré-candidatura dele ao governo, conforme anúncio no dia anterior.
Sem esconder a satisfação, Henrique falou que o projeto eleitoral do PMDB anda de vento em popa. “Depois do PTB, vamos receber o apoio de mais de uma dezena de partidos nos próximos dias”, disse. Os apoios referidos serão anunciados neste sábado (17) pelo G8 (PV, PHS, PEN, PPS, PRP, PSDC, PTB e PRTB) em evento num escritório de advocacia da cidade.
Henrique Eduardo Alves fez questão de ressaltar o amplo apoio que seu projeto político vem recebendo nas últimas semanas e que deverá se confirmar nas convenções partidárias de junho.
Em seguida, eu provoquei:
– Henrique, você não vai deixar nenhum apoio de partidos ou de prefeitos sobrando para Robinson Faria?
O deputado não se fez de rogado e declarou:
– Robinson já tem o PT. Quer apoio maior do que este? Robinson tem o PT, tem Fátima Bezerra e tem o Botocudo, o militante que ameaçou matar Joaquim Barbosa – disse sem esconder o riso.
Eu também não consegui conter o riso diante do comentário do deputado peemedebista. A meu ver, Henrique desdenhou dos apoios que restam a Robinson Faria.
Por último, Henrique falou sobre o motivo de sua ida a São Paulo: a CBF apresentou a ele uma proposta de refinanciamento das dívidas dos clubes – o Proforte. O projeto será levado ao ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Após as declarações sobre a importância de salvar os clubes brasileiros, Henrique Alves se despediu e sinalizou a possibilidade da entrevista, no rádio ou na TV, a mim, na próxima semana. Me despedi também e desliguei o telefone. Como falou Chicó no Auto da Compadecida, eu só sei que foi assim.
Jornalista quando liga para político, geralmente, está atrás de notícia. No meu caso, conforme já relatei, buscava notícias e a possibilidade de uma entrevista com o presidente da Câmara dos Deputados, às vésperas da campanha eleitoral.
Tenho duas produtoras para marcar minhas entrevistas no rádio e na TV, mas dou especial atenção a alguns políticos da envergadura de Henrique Eduardo Alves, que me conhece há quase 30 anos, sendo 8 anos como repórter e editor de política da antiga TV Cabugi e da Tribuna do Norte, veículos da família do deputado. Isso sem falar nos anos de cobertura política em Brasília e no Rio Grande do Norte.
Henrique Alves me conhece e, talvez, me respeite. Como eu respeito toda sua trajetória política e reconheço sua importância na história recente do Rio Grande do Norte.
Eu resolvi contar o episódio do “botocudo que apoia Robinson” porque o deputado quis negar o que disse a mim no contato com blogueiros. Ele não gostou da repercussão do meu comentário sobre o assunto, cujo tema achei pertinente nesta fase de pré-campanha eleitoral.
Ontem (16), Henrique Eduardo me ligou para reclamar o fato de eu ter noticiado a declaração do ‘botocudo que apoia Robinson’. “Falei em tom informal”, disse queixoso. Ele não me pediu reserva. Ele não me pediu “off”, quando o jornalista não deve publicar aquilo que lhe é comunicado.
Engraçado: ao falar do projeto da CBF e dos apoios partidários que vem recebendo, o tom de Henrique era de declaração, do político que presta informações ao jornalista e que deseja ver tudo publicado. Já no caso dos apoios a Robinson, ele foi seletivo e tratou o assunto como um comentário informal, coisa de amigos.
Nunca fiz parte do círculo de amizades do deputado Henrique Alves. Não que ele não mereça minha amizade ou eu a dele. Mas nós não tivemos oportunidade de estreitar laços de amizade, como ele diz ter por Robinson Faria. Eu sou apenas um jornalista que entrevista ou noticia algo sobre Henrique Eduardo Alves de vez em quando.
Nunca liguei para Henrique Eduardo Alves para conversar amenidades. Sempre nos tratamos de forma profissional. E, volto a dizer, ele sempre foi bastante atencioso comigo.
Não sou homem de inventar notícias, ainda mais com uma figura do porte de Henrique Eduardo Alves. O que eu noticiei foi a realidade dos fatos ocorridos. Qualquer interpretação ou outra versão não me cabe.
Eu só não vou aceitar que alguém venha me desdizer. Me desmentir. Lembro ao deputado Henrique Eduardo Alves que ele está às vésperas de uma campanha política, ocasião que o levará a fazer muitas promessas. Em caso de eleição, suas palavras ganharão força na hora de governar. A mentira não deve servir de instrumento para nenhum governante.
Como bem lembrou ontem o decano do jornalismo Miranda Sá, Oscar Wilde disse certa vez: “Se alguém diz a verdade, pode estar certo de que será descoberto, mais cedo ou mais tarde”.
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